Nesta sexta feira (18/11) termina a 27ª COP, que ocorre no Egito, após duas semanas de negociações e debates intensos sobre mudanças climáticas. Estive no evento e vou trazer os pontos de destaque e desdobramentos das discussões e acordos construídos e seu potencial impacto nos próximos anos.
Inicialmente, para nos contextualizarmos, COP significa “Conferência das Partes” e, ao contrário do que muitos pensam, não se trata meramente de um evento, mas sim de um órgão supremo das Nações Unidas sobre mudança do clima. Seus membros se reúnem anualmente para avaliar o status e efeitos das mudanças climáticas no planeta e discutir políticas e saídas para preservar o planeta.
Foi nas COP que foram construídos alguns dos acordos mais importantes da história nessa área, como o Acordo de Paris, na COP21, e a criação do mercado global de carbono, na COP26.
Neste ano, um dos maiores desafios é a manutenção da meta de aumento da temperatura média global em no máximo 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Qualquer coisa acima disso amplia demais os riscos de danos irreversíveis para o planeta. Os países reunidos no Egito buscam bases para amplificar ações de adaptação, mitigação e financiamento, três pilares da ação climática coletiva.
De acordo com pesquisa divulgada no evento, se a queima de carvão continuar no ritmo atual, apenas esse combustível seria capaz de levar o mundo a ultrapassar esse limite de 1,5°C. Mas há países, como a Índia, que argumentam ser injusto focar apenas no carvão, enquanto o consumo de outros combustíveis fósseis largamente utilizados nos países desenvolvidos permanece intacto.
A emergência climática afeta o planeta com os extremos de seca e chuvas, calor e frio, redução da camada de ozônio e vários outros desdobramentos, mas seus efeitos mais graves incidem sobre a base da população mundial composta por pessoas vulneráveis e pobres.
Essa COP segue buscando a solidificação da negociação do livro de regras do Acordo de Paris iniciada na COP26 em Glasgow. E nesse contexto temas fundamentais como fontes financiamento e medidas de compensação para países pobres e vulneráveis permanecem em aberto.
Organizações de imprensa se uniram e publicaram um editorial conjunto clamando pela imposição de um tributo sobre combustíveis fósseis que seja integralmente destinado a esses países, que são justamente os que sofrem os piores impactos da crise climática, uma vez que os países ricos respondem por apenas 12% da população mundial, mas são responsáveis %u200B%u200Bpor metade do efeito estufa, por exemplo.
Há também a busca pela equalização de “Perdas e Danos”, tema constantemente adiado nos últimos anos. Algumas nações vulneráveis e países-ilhas se reuniram em um grupo chamado V20, que luta por uma compensação por parte das nações desenvolvidas para ajudá-los a compensar as crises e danos de territórios, colheitas, casas, cidades, vilarejos e modos de vida decorrentes de eventos climáticos extremos, como furacões, enchentes e tempestades.
Já em termos de financiamento, vale destacar a posição norte-americana, que promete apresentar um plano nos próximos meses para reposicionar os bancos multilaterais de desenvolvimento forçando-os a liberar centenas de bilhões de dólares para ajudar os países vulneráveis %u200B%u200Ba combater e se adaptar às mudanças climáticas.
O Brasil teve uma posição de destaque com a visita do futuro presidente Luiz Inácio Lula da Silva sendo amplamente saudada e demandada, além dos governadores amazônicos que vieram com forte posicionamento em busca de fundos internacionais voltados ao desenvolvimento sustentável e a preservação.