Jornal Estado de Minas

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Resultados da COP27: copo meio cheio ou meio vazio?

Pelo lado do copo “meio cheio”, a criação de um fundo de perdas e danos é uma vitória histórica e de grande porte. Pelo lado do copo “meio vazio”, a manutenção do status quo dos combustíveis fósseis foi uma derrota. Tudo isso consta do documento final da conferência, denominado “Plano de Implementação de Sharm El-Sheikh”.





Na coluna anterior, falamos um pouco sobre o que é a conferência e seus principais pontos e expectativas.

Esse fundo de reparação, ou perdas e danos, para fazer frente a prejuízos históricos de países mais pobres e fragilizados pelas alterações climáticas era pleiteada há décadas. Afinal, nada mais justo que aqueles que deram maior parte da causa aos desequilíbrios climáticos hoje existentes, os países desenvolvidos e ricos, arquem com sua responsabilidade, afinal se moldaram socioeconomicamente, em grande parte, em cima de uma desregulamentação e desresponsabilização ambiental.
 
Como dissemos no artigo anterior, a emergência climática afeta o planeta com os extremos de seca e chuvas, calor e frio, redução da camada de ozônio e vários outros desdobramentos. Mas seus efeitos mais graves incidem sobre a base da população mundial composta por pessoas vulneráveis e pobres. 

Mas mesmo com a esse compromisso de criação do fundo, ainda há muito chão a se percorrer para sua eficácia, já que ainda há que se construir suas regras de operacionalização, quem entra e montante a ser disponibilizado pelos participantes. E esse compromisso ficou acertado para a COP28.




 
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Já em relação aos combustíveis fósseis (petróleo, carvão mineral e gás natural), que respondem por quase 90% das emissões lançadas na atmosfera, nada aconteceu. Apenas para se ter mais uma ideia da gravidade da situação, de acordo com pesquisa divulgada no evento, se apenas a queima de carvão continuar no ritmo atual, isso seria capaz de levar o mundo a ultrapassar o limite de 1,5°C de aumento na temperatura média global em relação aos valores pré-industriais.

Em relação a financiamentos, também não houve nenhuma novidade, em que pese o posicionamento do enviado americano John Kerry no sentido de mobilizar os bancos nacionais de desenvolvimento a construírem linhas sólidas, chegando a falar em “centenas de bilhões de dólares” para fazer frente aos desafios. Ressalte-se que hoje a ONU defende algo em torno de U$ 2oo bilhões anuais para fazer frente às necessidades de mitigação e adaptação por parte de grandes empresas e países. 
 
Mesmo havendo promessas nos últimos anos, nada nesse sentido foi definido na COP27. 
 
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Por fim, dentro dos principais aspectos das discussões, a meta de limitar o aquecimento global a 1,5ºC em relação ao período pré-industrial, foi mantida sem alterações, o que gerou críticas, já que era considerada bastante vaga em termos operacionais, desde sua criação na COP21(Acordo de Paris). 
 
Dessa forma, não há como negar que acordos globais são sempre muito complexos de serem fechados. A COP27 entrega uma grande conquista mas muitos desafios permanecem. E os efeitos dos desequilíbrios climáticos estão cada vez mais impactantes e críticos. Há muito trabalho até 2030.