Presenciamos todos os dias pessoas que se apresentam à nossa frente com várias patologias que nos colocam para pensar no grau de dificuldades que para estes indivíduos é o existir. Muitos estão com falta de ar devido à enfisema. Outros estão cansados de caminhar até a maca de exames. Vários estão apoiados em bengalas, já que sua musculatura se encontra fraca e suas articulações estão inchadas e muito dolorosas.
Somado a isso, ouvimos no discurso de muitas destas pessoas as perdas que a vida impôs a elas: se afastaram de seu ofício , perderam entes queridos e muitas vezes o próprio cônjuge, com quem dividiu a vida por décadas, além de perderem amigos e outras pessoas de sua convivência. Não nos esqueçamos que envelhecer também traz muitas despesas novas, com queda de renda e maiores limitações financeiras na grande maioria dos lares onde o idoso envelhece .
Somado a isso, ouvimos no discurso de muitas destas pessoas as perdas que a vida impôs a elas: se afastaram de seu ofício , perderam entes queridos e muitas vezes o próprio cônjuge, com quem dividiu a vida por décadas, além de perderem amigos e outras pessoas de sua convivência. Não nos esqueçamos que envelhecer também traz muitas despesas novas, com queda de renda e maiores limitações financeiras na grande maioria dos lares onde o idoso envelhece .
Nesta época de pandemia, cremos e observamos que a vida destes idosos ainda ficou mais difícil: o medo de contaminação, as notícias dos riscos de vida, as dificuldades financeiras inerentes à esta estagnação econômica, o desemprego dos filhos e parentes, a limitação da liberdade de ir e vir, enfim...a dificuldade de estar vivo em uma época que não encontra par na história recente da humanidade.
Seguindo o raciocínio inicial que inaugura esta coluna, frequentemente somos instigados pela seguinte pergunta: o que leva esta pessoa idosa a querer manter-se viva? Temos postulado várias hipóteses, que cabe bem a cada idosos que observamos: alguns estão felizes em contar suas idades. Ficam orgulhosos ao pronunciar a frase: já fiz 90 anos. Enxergam a longevidade como uma dádiva, uma vitória diariamente conquistada e usufruída. Cremos que estes idosos se alicerçam nas lembranças de momentos felizes em que foram abraçados, beijados, acariciados, enfim...amados. Muitos destes idosos ainda recebem estas manifestações de carinho, o que a eles faz tão bem.
Vários são os idosos que contam como certo o respeito e a admiração que geraram em seus descendentes ao longo da vida. Estes fatos ficam evidenciados no carinho com que estas pessoas lidam com o velho: estão o tempo todo tentando facilitar o existir daquele idoso que em outros tempos também facilitou o existir deles.
Como deve ser bom para o idoso observar toda sua família ali reunida, tendo a certeza de que suas condutas moldaram a forma como estas pessoas se relacionam. Pessoas de fácil relacionamento durante a vida geralmente tem envelhecimentos mais felizes.
Pessoas mais distímicas tem maiores dificuldades de expressar seus sentimentos e consequentemente tem menores chances de receberem este carinho, porém estas duas situações não são regra. Muitas vezes pessoas que foram muito boas durante a vida tem finais de vida difíceis e muitas pessoas que não tiveram comportamentos tão veneráveis no seu existir podem contar com o perdão e os cuidados dos que os amam. Depende de como estas pessoas conseguem se reinventar, se moldar, entender como se relacionar. Enfim, não temos dúvida que se transformar em alguém de mais fácil relacionamento e mais capaz de compreender os defeitos e falhas dos outros, facilita em muito o nosso envelhecimento.
Os idosos com boa capacidade cognitiva devem sempre se questionar como estão se relacionando consigo próprios e com os outros. Estas autoavaliações permitem um aprimoramento constante que facilita os relacionamentos interpessoais.
Mas, não divagando muito e novamente retornando à temática inicial, mesmo com tantas dificuldades impostas pelo envelhecimento, muito idosos estão felizes de estarem vivos e tecem planos para assim manterem-se. Muitos idosos tem a maturidade (sem qualquer trocadilho), para avaliar quais são suas reais perspectivas e como extrair destas possiblidades o prazer de estar vivo e de gozar a dádiva de manter-se presente perto das pessoas que realmente lhe são caras e valorosas. Com raras exceções vi pessoas que não estavam satisfeitas com o fato de estarem vivas. A imensa maioria luta diuturnamente para manterem-se vivos, saudáveis, independentes e autônomos, demonstrando que existe neles um
profundo amor à vida
.
Concluímos que, apesar do peso dos anos, estar vivo deve ser encarado como um presente a ser desfrutado do melhor modo possível e com ânimo. Devemos sempre aproveitar aquele momento exato que estamos vivenciando para extrair dele a graça do existir, a benção do sentir e a força do viver. Vivamos intensamente. Sejamos gratos e felizes por estarmos vivos, conscientes e capazes de experimentar a existência de modo pleno, mesmo que o peso dos anos insistam em dizer o contrário!