Por José Milton Cardoso Junior e Juraciara Vieira Cardoso
Nossa jornada existencial é permeada por alegrias, conquistas e momentos especiais, mas também de fracassos, perdas e sofrimento. E é o modo como nos comportamos frente a cada uma destas situações que faz com que consigamos experimentar mais ou menos o prazer na vida.
Com o avanço da idade é natural que tenhamos de lidar com muitas perdas: seja de um amigo querido ou de um ente familiar importante. Não é raro vermos duas pessoas sofrendo por problemas parecidos e percebermos como é diferente o modo como cada uma delas lida com as situações. Se por um lado vemos pessoas passando por problemas difíceis e enfrentando-os com coragem, de outro, existem pessoas que se entregam completamente para a dor e não conseguem ver nada de positivo nos momentos de turbulência.
- Leia: A alegria de estar vivo.
- Leia: A alegria de estar vivo.
Leia Mais
Gratidão, um estado de felicidade genuínoEternas saudadesEnvelhecer: como encaramos este desafio?Para não nos entregarmos à tristeza e ao sofrimento nos momentos de perda, é importante que mantenhamos o foco naquilo que podemos aprender. As perdas existenciais envolvem um processo, que tem sofrimento, obviamente, mas que pode também vir acompanhado de grandes lições.
Os momentos de sofrimento e de perdas podem significar um importante momento para nosso aprimoramento pessoal e social. Aprender as lições que as perdas nos impõem é um desafio e requer um coração aberto e uma mente capaz de enxergar para além do sofrimento experimentado, mas para que isto aconteça é preciso que estejamos atentos, pois é muito mais difícil do que parece à primeira vista.
A neurociência nos mostra que nosso cérebro processa notícias negativas de forma mais rápida, mais intensa e muito melhor do que as notícias positivas e isto foi muito importante do ponto do vista evolutivo. Entretanto, é preciso que lutemos contra nossa vocação natural de nos atermos mais ao que é ruim do que àquilo que é bom, pois é exatamente este movimento contracorrente que nos possibilita crescimento nos momentos de perda.
Não estamos defendendo que não se deve sofrer com as perdas, claro que não! O luto é de grande importância para que consigamos lidar de modo satisfatório com as perdas. O que buscamos trazer é que mesmo diante das perdas, podemos ter uma atitude positiva e ainda por cima, aproveitarmos o processo para nos aprimorarmos cada vez mais.
Talvez pequenas mudanças de atitude possam nos auxiliar nessa empreitada. Não precisamos acordar pela manhã e logo ligarmos o rádio, a tv ou o smartfone. Pela manhã, quando estamos mais despertos, é o momento ideal para roubarmos tempo para pensarmos sobre nós mesmos, assim, cinco ou dez minutos de meditação podem ser um santo remédio para nos atermos mais ao presente e à nossa conexão conosco mesmo. É exatamente por meio desta conexão que podemos avaliar melhor nossas perdas, modular o que estamos sentindo e, principalmente, aprender as lições que a vida quer nos ensinar. Se as perdas são parte o nosso processo existencial natural, que pelo menos tenhamos uma atitude amorosa e de aprendizado, pois nossos ganhos ao final podem ser mostrar mais valiosos do que aquilo que de fato perdemos.
Estejamos sempre atentos: fatos que naquele momento parecem insuportavelmente dolorosos nos permitem aprender muito. Situações difíceis nos ajudam a aprender novos rumos. Perdas nos permitem dar valor ao que nos restou e que geralmente é muito. Sofrimentos podem aprimorar nossa capacidade de nos humanizarmos. Extraiamos algo de bom em todas as dificuldades impostas pelo existir e sejamos sábios em compreender que tudo passa. A alegria e o júbilo são passageiros, assim como a dor e as perdas. Vivamos intensamente tudo que a vida nos proporciona e sejamos gratos pelo tudo que temos.