A Organização das Nações Unidas (ONU) elegeu a década que se inicia no ano de 2021 e vai até 2030 como a década do envelhecimento saudável, demonstrando uma preocupação mundial com o envelhecimento das nossas populações. Segundo a OMS, nossas sociedades não estão suficientemente preparadas para lidar com o envelhecimento populacional e é preciso que medidas urgentes sejam tomadas para proporcionar aos nossos idosos uma condição de existência digna e capaz de os permitir florescer como sujeitos.
Assim, com o aumento da população idosa, surge para as sociedades um desafio, que é fazer com que nossos idosos se sintam acolhidos e instigados a permanecerem ativos em um ambiente muitas vezes hostil e avesso àquilo que eles podem e querem contribuir para o aperfeiçoamento de si mesmos e da comunidade como um todo.
Se, por um lado, precisamos que as sociedades se preparem de modo mais genuíno para o acolhimento aos nossos idosos, por outro lado, é preciso que a população idosa perceba que com o fim de suas atividades laborais não há o término de sua vida ativa - por mais que a lógica do mercado queira nos impor isto -, ao contrário, pode ser este o momento ideal para tirar do papel sonhos há muito esquecidos.
Sintomas como a depressão e a ansiedade podem surgir após a aposentadoria, pois, de uma hora para outra, todas aquelas atividades inadiáveis somem e a urgência desaparece, de modo que pode parecer ao aposentado que sua vida não tem mais propósito. É exatamente neste momento que nossos idosos precisam olhar para dentro de si, em um processo de autoconhecimento, e descobrir aquilo que ainda motiva os seus corações.
A busca por um propósito é parte da nossa existência e a idade não é fator limitante para alcançá-la. Se ao chegarmos na idade da aposentadoria tivermos dúvida sobre aquilo que ainda nos move rumo aos nossos sonhos, precisamos olhar com benevolência, sabedoria e amor para a nossa história e, por meio de um processo ativo de autoconhecimento, buscar no fundo de nossas almas nosso propósito.
O que chamamos de propósito é aquele desejo de seguirmos em frente rumo a um objetivo que nos satisfaz, tanto interna quanto externamente. É aquele salto rumo à realização de nós mesmos e daquilo que planejamos quando ainda nos dávamos o direito de sonhar. É um resgate daquilo que somos e daquilo que ainda planejamos ser.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) elegeu três pilares para um envelhecimento saudável: a saúde, a segurança e a participação. A saúde está ligada aos hábitos de vida saudáveis e à mitigação dos riscos de doenças. Já a segurança seria o acolhimento e o apoio, necessários aos nossos idosos, a fim de lhes proporcionar uma vida boa. Por fim, a participação está diretamente ligada à integração da população idosa, tanto social, quanto econômica, cultural e espiritual.
É exatamente neste terceiro pilar que está a busca de propósitos para adjetivar a existência, tão necessária para se alcançar uma vida que podemos chamar de satisfatória. Um estudo conduzido pela Universidade de Michigan realizou uma pesquisa com 6.987 idosos e concluiu que aqueles que tinham um propósito de vida viviam por mais tempo.
Se o nosso objetivo é viver mais e com mais qualidade de vida, não precisamos ter dúvidas de que nosso próximo exercício conosco deverá ser o de descobrir onde estão os nossos velhos sonhos adormecidos, as conquistas que ainda queremos alcançar e os prazeres que ainda queremos ter, sem medo, vergonha ou desculpas, pois nada deve nos separar daquilo que verdadeiramente somos e ainda podemos conquistar.
Sabe aquela viagem que ainda está no papel ou aqueles planos que sempre permaneceram adormecidos na memória? Esta é a hora de realizar! Não! Você não está velho ou cansado demais! Talvez você só esteja com medo de começar a sonhar novamente e para isto só existe uma fórmula, ela se chama coragem! Coragem de ser e de fazer aquilo que tem a potencialidade de nos tonarmos pessoas melhores para nós mesmos!