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Estado de Minas VITALidade

Sejamos amigos de nossos filhos

Com o amadurecimento deles, devemos buscar construir uma relação menos vertical


24/01/2022 06:00 - atualizado 26/01/2022 09:46

Mãos de pais e filhos entrelaçadas
(foto: : PxHere)
Geralmente as figuras paternas e maternas estão associadas à autoridade, e isto faz com que muitas vezes nossas relações com nossos filhos sejam prejudicadas, notadamente quando eles crescem e já fazem a gestão da própria vida. Quando os filhos amadurecem, caso não mudemos a forma com que nos relacionamos com eles, corremos o risco de nos afastarmos cada vez mais deles, isto porque, com o incremento da idade, os filhos querem ter suas opiniões e decisões respeitadas e apoiadas.

Não há dúvida que a paternidade/maternidade é árdua e, principalmente nos anos iniciais da vida de nossos filhos, precisamos, não raras vezes, atuar de modo severo, a fim de orientar os filhos na construção de suas próprias vidas. Assim, as reprimendas, os famosos “sermões” e até mesmo conversas mais duras são necessárias rumo ao objetivo de deixarmos para este mundo pessoas melhores que as que estiveram em nossas gerações.
 
Entretanto, com o amadurecimento de nossos filhos, devemos buscar construir uma relação menos vertical, propiciando que eles encontrem em nós o apoio necessário em cada fase da vida. Para algumas destas fases podemos ser meros observadores ou ouvintes, já para outras, desde que solicitados, podemos servir como conselheiros habilitados pelo lastro de nossa história existencial.

Não há dúvida que é difícil, mas devemos aprender a deixar um pouco de lado nossas convicções, até então imutáveis, rumo à construção de um relacionamento amoroso com nossos filhos. Depois de uma certa idade os filhos necessitam muito mais de apoio e compreensão do que de repreensão; muito mais de uma boa conversa amigável do que horas de discurso que tenham por finalidade confirmar nossas convicções pessoais em detrimento da de nossos filhos. 

Nada mais valioso para nos auxiliar rumo à construção desta nova forma de nos relacionarmos com nossos filhos do que a ideia de amizade. Devemos tratar nossos filhos como tratamos a um amigo querido, em uma relação de igualdade e não de superioridade. Ao conversarmos com um amigo não partimos do pressuposto que ele tenha obrigação de acatar nossos conselhos ou nossa visão de mundo, ao contrário, respeitamos suas posições e seus desejos, sem os julgar segundo parâmetros que são apenas nossos. 

Em qualquer forma de relacionamento o respeito pela individualidade do outro é essencial para que possamos pensar em uma relação saudável, capaz de fazer com que ambas as partes sejam tocadas e inspiradas pelas trocas. Assim, após o crescimento de nossos filhos, nós pais devemos abrir mão de nossa autoridade e nos filiar ao recurso da amizade e do respeito incondicional pelos nossos filhos. 

Com o advento da idade vamos apreendendo que precisamos também dos conselhos, dos cuidados e do carinho de nossos filhos. Então, devemos abrir mão do papel de pais educadores para nos tornarmos pais amigos, capazes de ouvir de modo atento e respeitar amorosamente a individualidade e as diferenças havidas entre nós e nossos filhos. 

Com o tempo vamos aprendendo que a amizade com nossos filhos é infinitamente superior à paternidade/maternidade. Enquanto a paternidade/maternidade vem carregada de responsabilidades, principalmente no que se refere à educação de nossos filhos, quando eles crescem, caso a relação se mantenha nos moldes de quando eles eram crianças, corremos o risco de criar uma imensa dificuldade de comunicação com eles. 

Filhos adultos raramente desejam pais severos, rudes e preocupados com sua educação, ao contrário, eles desejam companheiros existenciais, capazes de auxiliar na compreensão de sua própria existência e de sua história. 

A questão que colocamos hoje para o questionamento de vocês é se já não está na hora de deixar de ser os pais de seus filhos para se tornar amigo deles. Um Ano Novo acabou de bater em nossas portas e quem sabe não é este o momento ideal de deixar para traz os velhos hábitos paternos/maternos, para colocar em seu lugar uma amizade genuína e especial com aqueles que mais amamos no mundo: os nossos filhos.

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