Jornal Estado de Minas

VITALidade

Vamos envelhecer bem?



A maioria de nós já foi tomada pela inquietante pergunta de quanto tempo ainda nos resta viver antes que a morte nos arrebate. Nosso imaginário fantasia com a imortalidade e, ante sua impossibilidade, sonhamos com uma vida longa e de qualidade, que nos permita continuar convivendo com aqueles que amamos e experimentando os prazeres que tanto nos fazem bem.



Nestes últimos dias foi amplamente divulgada a notícia sobre a comemoração do aniversário de 121 anos de um senhor que reside na região metropolitana de Goiás. Segundo a neta, o avô ainda é lúcido e saudável, viaja, adora forró, vai a bares e prepara suas próprias refeições. A impressionante longevidade deste idoso, bem como sua autonomia, nos colocam para pensar sobre quais fatores podem influenciar para que nós tenhamos uma vida longa e com qualidade.

O primeiro fator que se costuma associar à longevidade é a genética, pois não é raro vermos que filhos de pais longevos costumam seguir o mesmo destino. No entanto, pesquisas mais modernas demonstram que os genes influenciam apenas em cerca de 7% nossa expectativa de vida nas primeiras oito décadas de vida. Os estudiosos concluíram que o estilo de vida é responsável pelos restantes 93% da nossa longevidade e pela maneira que viveremos os anos finais de nossas existências.

Muito se fala em adoção de um estilo de vida saudável, mas alguns de nós não sabem ao certo o que isto significa de fato. Não é incomum vermos idosos fazendo dietas excessivamente restritivas a fim de perderem peso, e isto pode afetar sobremaneira, por exemplo, o acúmulo de massa magra, tão importante na maturidade.



Outro dia nos deparamos com a notícia de que uma enfermeira paulista, que não tinha qualquer problema prévio de saúde, foi acometida por uma hepatite fulminante após fazer uso de um composto emagrecedor composto por cinquenta ervas. Levada para transplante, a paciente não sobreviveu, mesmo após o transplante de fígado.
Não faltam exemplos de “estilos de vida” que parecem saudáveis, mas que, de fato, não o são, pois as pessoas os adotam sem qualquer orientação prévia. Tomam o chá que a vizinha está tomando, usam medicamentos prescritos para outras pessoas e se fartam de comida industrializada diet ou light, na ilusão de que estão cuidando da saúde.

Conforme sempre falamos nesta coluna, a expectativa de vida da população mundial aumentou consideravelmente nos últimos anos e isto graças aos avanços da Medicina e a adoção de estilos de vida capazes de nos fazer não apenas viver mais, mas de viver melhor. Mas é preciso ter em mente que, diante de tanta informação contraditória e, muitas vezes falsa, as pessoas precisam se orientar melhor antes de adotarem um estilo de vida que seja realmente saudável.



Por isto, se queremos ter uma vida longeva como a do senhor do começo desta coluna, precisamos buscar ajuda antes de adotarmos qualquer estilo de vida que chamamos saudável. Por exemplo, um bom professor de educação física pode auxiliar o idoso a montar uma ficha de academia capaz de fazer frente às suas necessidades específicas, pois não basta copiar a ficha da esposa ou do filho, é preciso que todo treinamento para a população idosa seja direcionado de acordo com a idade, genero e comprometimentos de saúde prévios.

Do mesmo modo, as dietas, sejam elas restritivas ou não, devem vir acompanhadas de uma visita ao nutricionista. Ele é o profissional capaz de analisar as adequações necessárias à dieta da população idosa. Chás, compostos, remédios fitoterápicos, dentre outros, só devem ser tomados com orientação profissional adequada. E se você ainda é um daqueles que comem comida industrializada, já está mais do que na hora de voltar a comer aquilo que nossos avós comiam, ou seja, comida de verdade, esta sim, fonte de boa parte das vitaminas, proteínas, carboidratos e sais minerais que precisamos em qualquer idade.

Por fim, para uma boa longevidade, não abra mão de um bom médico geriatra, capaz de avaliar de maneira detida as vicissitudes típicas da população idosa. Ele será o responsável por administrar os remédios que outros médicos indicarem, a fim de evitar medicamentos sobrepostos, será ele também o profissional capaz de orientar medidas preventivas para retardar as incapacidades, mantendo a funcionalidade, a autonomia e a independência.

Todos queremos viver mais e melhor e, para tanto, precisamos de ajuda para implementarmos em nossas vidas hábitos verdadeiramente saudáveis e não corramos riscos desnecessários por falta de orientação. Ainda que não consigamos chegar aos 121 anos, como o idoso de Goiás, chegaremos melhores e mais saudáveis para nossas décadas finais. E não se esqueçam: o importante não é o número de anos vividos e sim a qualidade dos anos de vida.