Jornal Estado de Minas

VITALIDADE

A felicidade que vem dos músculos

Muito se discute sobre doenças tais como o Acidente Vascular Cerebral, Parkinson, Demência, Osteoporose ou declínio cognitivo no idoso, mas pouco se fala sobre perda de massa muscular, tão prevalente com o avançar da idade, mas que pode acarretar grandes malefícios para a população idosa. 





Os músculos são a chamada “poupança” para a longevidade, pois garantem uma velhice mais autônoma. É parte do processo de envelhecimento a perda muscular, chamada de Sarcopenia, que se mostra por meio da diminuição da massa magra, da força e da funcionalidade dos músculos, principalmente nos membros superiores e inferiores. 

A sarcopenia atinge 40% das pessoas com mais de 65 anos e 60% das pessoas com mais de 80 anos. A partir dos cinquenta anos perdemos cerca de 1% a 2% de massa magra por ano e fatores como o sedentarismo, dietas pobres em proteínas, presença de doenças crônicas e hospitalizações, podem acelerar o quadro. 

O National Health Interview Survey estima que 3,1% das pessoas com idade entre 65 e 74 anos tenha alguma limitação para a realização de suas atividades diárias. Quando a idade se eleva para 75 anos ou mais, a limitação chega a impressionantes 10,3% e são um importante fator para o aumento da institucionalização. 





É de fundamental importância a adoção de medidas preventivas para evitar a perda de massa muscular; e uma das mais eficazes é a implantação de uma rotina de exercícios físicos, capazes de retardar, em muito, o processo de limitações que a idade acarreta, prolongando, deste modo, o tempo de autonomia. 

O professor de Educação Física Hygor Fontes, explica que a atividade física, quando bem-feita, reduz o risco de hipertensão arterial, doença coronariana, diabetes, câncer de mama e cólon, depressão e melhora o risco de quedas, a saúde óssea e funcionalidade, além, claro, da manutenção e controle da massa muscular, tão importante quando envelhecemos. Segundo o professor, os exercícios de força são os que mais auxiliam para manutenção e ganho de músculos, pois eles causam micro lesões na musculatura, que precisa se adaptar ao trauma para, assim, recompor a estrutura “lesionada” pelo exercício, o que ocasionaria o ganho de massa muscular. No entanto, ele lembra que um dos maiores índices de acidentes com idosos está relacionado a quedas, por isto, é muito importante também que o profissional que atenda idosos trabalhe exercícios para manutenção do equilíbrio e da força. 

A manutenção e ganho de massa magra é tão importante que um estudo relacionou a presença de músculos à felicidade. Mas o que músculos tem a ver com felicidade? Sempre falamos aqui da importância dos exercícios físicos para manutenção da saúde física e mental e essa semana nos deparamos com um estudo que coloca mais um item na já famosa lista de benefícios que a atividade física pode trazer para as pessoas que estão em processo de envelhecimento. 





O estudo analisou um grande espectro de idosos e tentou encontrar um elemento comum, capaz de explicar a razão pela qual eles poderiam se sentir mais felizes. De todos os aspectos analisados, a presença de músculos foi o elemento que os estudiosos consideraram que mais trazia felicidade aos idosos e a razão disto era muito simples: os músculos davam liberdade a eles. O que os estudiosos perceberam é que os idosos que tinham reserva de músculos conservavam sua autonomia e sua capacidade de gerir a própria vida, ao contrário daqueles que não tinham tal reserva, que muitas vezes se encontravam acamados e incapazes de se autogerir. A conclusão do estudo foi a de que quanto mais músculos angariamos ao longo da vida, maiores são as nossas chances de ter uma velhice mais feliz.

Portanto, não tem mais desculpa, se você é novo, faça seus exercícios e garanta uma poupança para a velhice; se você já envelheceu, procure um profissional habilitado e peça para ela caprichar nos exercícios de força e equilíbrio, pois nosso objetivo é nos mantermos bem, saudáveis e felizes pelo maior número de anos possíveis.
 
A velhice também é uma ótima fase da vida, onde pode-se extrair muito prazer em estar vivo. A sabedoria alcançada nos anos vividos associados à diminuição da impulsividade e maior clareza ao enxergar o existir permite uma vida plena, desde que mantidas a autonomia para se tomar decisões e a independência funcional para a efetivação destas resoluções e atentar para o condicionamento físico, a manutenção de musculatura de boa qualidade e funcionalidade, a capacidade de auto gerir-se, inclusive evitando-se as doenças inerentes ao envelhecimento através de medidas profiláticas que permitem um envelhecer bastante saudável e satisfatório e sem qualquer sombra de dúvidas, o exercitar-se e ganhar força e desempenho muscular estão no topo das atitudes que podemos ter para ter um envelhecimento saudável. 

Lembre-se: exercitar é bem viver. Movimente-se. “Corra”, sempre atrás deste conselho!