A convivência é um dos pilares do envelhecimento saudável. Envelhecimento bem-sucedido engloba estar inserido em relacionamentos saudáveis e são fundamentais para que o indivíduo que envelhece se sinta pertencente a um grupo social. A socialização é uma característica do ser humano e isso não se modifica quando se envelhece.
Ao contrário, com o passar dos anos, em que as limitações físicas e psíquicas vão se instalando, os idosos necessitam de uma rede social que lhes permita conviver, além de contar com o apoio para a melhor vivência também nesta fase da vida. Cabe a cada componente do grupo social contribuir com as suas experiências e aprender com a experiência dos outros componentes.
Um estudo publicado na Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia concluiu que os idosos relacionavam a participação em grupos de convivência como um importante mecanismo para compartilhar suas angústias, tristezas, amores, alegrias, afetos, saberes, além de reduzir sentimentos como medo, insegurança e depressão.
Nos grupos, dizem os pesquisadores, as pessoas doam e recebem afeto, trocam experiências e, em alguns casos, constroem fortes amizades. A convivência se baseia na troca mútua, onde todos recebem seu quinhão de benefícios: quem é cuidado se beneficia com o amparo e quem cuida se beneficia com a sensação de estar contribuindo para que os próximos, já mais envelhecidos e fragilizados vivam esta fase da vida com dignidade.
Feliz é o idoso que se cerca de relacionamentos, sendo este familiar ou social. Assim, conviver também contribui para que o geronte viva melhor, tanto do ponto de vista de cuidados objetivos quando a sensação de segurança emocional proporcionada pelo conviver.
O convívio propicia a manutenção das condições psíquicas, já que os relacionamentos humanos exigem muito do nosso sistema nervoso central, especialmente as áreas do cérebro relacionadas com as sensações, sentimentos, percepções, aprendizado, linguagem, autonomia e independência. Conviver é um ótimo exercício cognitivo e exercitar nossas faculdades mentais as preserva.
É sabido que o Hipotálamo, uma estrutura anatômica do cérebro, secreta um hormônio denominado Ocitocina, também conhecido como o “hormônio do amor” que permite o estabelecimento e manutenção de empatia, afeto e vínculos entre as pessoas, explicitando biologicamente a sensação de bem estar proporcionado pelas boas relações interpessoais, já que atua estimulando os centros e recompensa e prazer no cérebro e parece que nada mais estimulante para a secreção deste maravilhoso hormônio que um abraço.
Assim, não resta dúvidas o quão importante é estar próximo de pessoas, sejam em relações familiares ou com amigos, mas também em grupos de convivência. Dividir as conquistas, descrever como foram vivenciados os anos de vida, compartilhar alegrias ou mesmo medos, angústias e frustrações traz muitos benefícios nesta fase da vida.
Atualmente existem inúmeras formas de se pensar em grupos de convivência, que diferentemente dos grupos estereotipados do passado, congrega pessoas que querem conviver baseando-se em inúmeros modelos que vão surgindo a cada dia e a ideia é que possamos fazer de qualquer lugar um lugar de convívio, de modo que os grupos de convivência possam surgir de situações e contextos inusitados.
Os grupos de convivência do passado, que anteriormente se restringiam a reuniões religiosas ou de grupos específicos de interesse, atualmente estão se ampliando, tanto nos tópicos que unem as pessoas que deles participam, como também incluindo pessoas que possam ter outros olhares, outras formas de sentir e viver o momento, compartilhando suas experiências para que a contribuição de um indivíduo pertencente àquela congregação possa ajudar todo o grupo.
Importante ressaltar a importância de que o critério idade não seja determinante de quem participará dos grupos. Ao contrário. Quanto maior a heterogeneidade de seus membros, maior a riqueza de troca de ideias, planos, angústias, medos, frustrações, conquistas, celebrações e até mesmo dividir a dor que as perdas inevitáveis que ocorrem no envelhecimento. A ideia é que todos possam conviver e as gerações se ensinem reciprocamente.
A oportunidade para a convivência somos nós que criamos e pode começar de modo simples, sem precisar de preparo ou gastos. Se temos o hábito de frequentar um lugar, seja uma vez por semana, duas ou mais, deveríamos nos dar a chance de conviver com as pessoas que frequentam aquele mesmo local. Começar com um cumprimento e puxar uma “prosa” já pode ser o início de uma convivência saudável.
Ter como objetivo estar perto das pessoas deve ser uma premissa difundida entre todas as faixas etárias, já que os benefícios são evidentes. Compartilhar alegrias e dividir tristezas é saudável e proporciona uma melhor qualidade de vida. Estar inserido em um grupo social reforça a autoestima e traz segurança psíquica. É importante ter com quem contar, tanto nos momentos de júbilo quanto nos momentos de dores. Ao contrário dos conceitos básicos da Matemática, neste tópico, o dividir somente soma e fortalece.
O compromisso de tentar exercitar nosso potencial social é uma escolha e uma possibilidade que não podemos deixar passar sem aproveitá-la. Se houver chance, insira-se em grupos, faça amigos, expanda suas relações sociais, fortaleça sua convivência familiar; Enfim: viva a maior parte do tempo que conseguir perto das outras pessoas. Isso traz inúmeros benefícios. Entenda que conviver é um ótimo remédio para o bem viver.
Não desista de usufruir deste enorme benefício. Não esmoreça.... em qualquer tempo é tempo de buscar fazer amigos e sentir-se amparado por eles. Viva a vida na sua integridade. Todas as fases do existir têm agruras e dificuldades, sendo inegável que no envelhecimento estas adversidades se acentuam, porém, também, em todas as fases da vida há o que se extrair para que a existência seja muito saudável e prazerosa. Permita-se, adeque-se, molde-se, flexibilize, contribua, receba........ mas pertença a um grupo. Conviva. Verá que vale a pena.