Jornal Estado de Minas

VITALidade

Os desafios do envelhecimento nos próximos anos

Na semana passada, morreu a freira francesa Irmã André, que era a pessoa mais velha do mundo e contava com exatos 118 anos. Tamanha longevidade já é uma realidade e cada vez mais vamos ver pessoas vivendo até 115/120 anos. Os longevos já são um contingente significativo da população idosa e eles tem necessidades e demandas que exigem um olhar atento da sociedade e do poder público. 





O investimento na oferta de serviços para esta população não é um luxo e sim uma necessidade premente e deve ser colocada em pauta no planejamento das políticas públicas de saúde, oferecendo condições a estes idosos que os permitam manter sua independência e sua autonomia funcional.

Algumas cidades do Brasil têm altos índices de longevos e o que chama a atenção é que não são as regiões mais ricas que os concentram, mas regiões bem isoladas também contam com grande número de idosos longevos, podendo serem citadas, a título de exemplo, as cidades de Maué, no Amazonas, assim como Veranópolis, no Rio Grande do Sul, chamada de cidade amiga do idoso.

São locais que estão ensejando estudos para que se evidencie o que eles têm de diferente que permite que este idosos tenham uma vida plena e feliz. Estes dados evidenciam que não só os recursos “urbanos” determinam a forma de se envelhecer. Talvez o que já se evidencia é que a interação dos idosos com a região que vivem de forma integrada é que permite a prevalência de um número significativo de vários idosos centenários.





Importante citar que com o advento da pandemia, a expectativa de vida da população idosa sofreu alguma redução. No caso do Brasil, por exemplo, esta expectativa, que vinha ganhando força, sofreu uma diminuição em torno de dois anos, porém não há que se discutir que também a nossa população está progressivamente aumentando. 

Existem várias regiões do Brasil, que são denominadas de “blue zones”, que são locais onde a população tem maior longevidade e talvez o que explique esta longevidade seja o fato de terem menores níveis de estresse e ansiedade, dietas mais saudáveis e mais naturais, ausência de fumo e álcool, mas principalmente são vistos com respeito pela comunidade onde habitam. 

Há várias tentativas de explicar o que ocorre nestas regiões e os estudos utilizaram-se de estratégias para localizar regiões que possuem peculiaridades onde os hábitos daquelas áreas aparentemente permitem maior número de anos vividos e principalmente anos com qualidade.





Aparentemente, além de hábitos alimentares, de atividades físicas, evitar produtos industrializados ou muito processados, um fator de grande relevância são as relações sociais e familiares. Famílias ou comunidades onde os idosos são mais inseridos permitem que estes vivam com muito melhor qualidade e que vivam mais.

Ofertar serviços de saúde básica, com medicina preventiva, focando as doenças próprias do envelhecimento, como as doenças degenerativas osteomusculares, os déficits na cognição, a prevenção das doenças cardiovasculares, a vacinação, o estímulo da prática de atividades físicas e intelectuais são muito importantes, mas, principalmente, o estímulo a relações sociais satisfatórias aparentemente são as chaves para que, comunitariamente, os idosos tenham um envelhecimento bem mais agradável e que realmente vale a pena de ser vivido.

Assim, envelhecer e tornar-se um grande longevo já é uma realidade, e, para que esse processo ocorra de maneira mais satisfatória, são exigidas modificações individuais, sociais e governamentais, com implantação de algumas medidas relativamente baratas, plausíveis e principalmente muito necessárias para que o existir, em qualquer fase da vida seja algo que vale a pena ser vivido. Cabe a cada um lutar por estes valores, já que, se queremos viver muito, devemos defender que este viver seja agradável, pleno, independente, autônomo e digno.