Jornal Estado de Minas

VITALidade

O que é a felicidade, afinal?



Vivemos em um mundo no qual grande parte de nós está em busca da felicidade desesperadamente, ou pelo menos acredita que está. A ideia de felicidade é pensamento comum na maioria de nossas cabeças. Dos filósofos mais antigos aos iletrados da modernidade, todos já se debruçaram diante da singela e instigante pergunta: o que é felicidade?

De um lado tem os que fazem dela uma meta de vida. Buscam, em tudo o que fazem, um caminho para alcançar sempre mais felicidade. Acreditam que por meio do agir centrado, da busca por bem-estar, de sabedoria e da domesticação do ego, seria possível obter a genuína e perene felicidade, capaz de ser mantida até mesmo diante das intempéries da vida.



Já outros, menos idealistas, acreditam que ela não passa de ilusão. Fazem coro àqueles que afirmam que, pelo fato de sermos seres desejantes e contraditórios por essência, não nos seria possível fixar uma lista daquilo que nos faria feliz e, ainda que a fizéssemos, ela seria absurdamente variável, a ponto de nunca poder ser confiável. Para eles, a ideia de felicidade é tão contraditória que algo que nos fez profundamente feliz no passado pode ser a causa da nossa infelicidade no presente. 

Epicuro acreditava que a felicidade está intrinsecamente ligada ao prazer e à ausência de dor. No entanto, o filósofo é bastante mal interpretado por nós, já que acreditamos que a busca do prazer significa realizar os prazeres momentâneos e carnais. O que o filósofo entende por busca do prazer é bastante mais refinado, já que para ele o prazer está ligado à moderação e ao equilíbrio e não ao desvario. 

De fato, a felicidade é um conceito complexo e multifacetado. Ela pode variar de pessoa para pessoa e até mesmo de momentos da vida. Podemos pensar nela como um estado fugaz, muitas vezes elusivo, que pode ser influenciado por uma infinidade de fatores externos e internos.



Talvez seja exatamente essa natureza efêmera da felicidade que a torna tão valiosa, ainda mais quando estamos em processo de amadurecimento, já que a busca por coisas, pessoas e situações que nos fazem felizes é que pode dar um sentido verdadeiro em nossas vidas. Ao invés de vermos a felicidade como um destino, talvez devêssemos encará-la como um processo contínuo de descoberta e apreciação das pequenas e sutis coisas que nos trazem contentamento. 

Assim compreendido, a felicidade pode não ser uma meta a ser alcançada, mas sim uma jornada a ser percorrida. Para Aristóteles, a felicidade não é um estado momentâneo, como comumente pensamos, mas sim uma atividade contínua que envolve o desenvolvimento das virtudes e a busca pelo bem comum, pois não há felicidade que envolva apenas uma pessoa, já que somos seres relacionais.

Em última análise, o que importa não é tanto a definição de felicidade, mas sim a busca por um sentido na vida. Se encontrarmos algo que nos motive, que nos faça sentir úteis e valorizados, que nos traga alegria e satisfação, talvez então possamos dizer que encontramos a felicidade. Mas isso não significa que ela será perene ou que não haverá altos e baixos. A vida é uma montanha-russa, e a felicidade pode estar tanto na subida quanto na descida. O importante é aprendermos a apreciar cada momento e a encontrar beleza nas pequenas coisas da vida.