Vivemos em um mundo no qual grande parte de nós está em busca da felicidade desesperadamente, ou pelo menos acredita que está. A ideia de felicidade é pensamento comum na maioria de nossas cabeças. Dos filósofos mais antigos aos iletrados da modernidade, todos já se debruçaram diante da singela e instigante pergunta: o que é felicidade?
De um lado tem os que fazem dela uma meta de vida. Buscam, em tudo o que fazem, um caminho para alcançar sempre mais felicidade. Acreditam que por meio do agir centrado, da busca por bem-estar, de sabedoria e da domesticação do ego, seria possível obter a genuína e perene felicidade, capaz de ser mantida até mesmo diante das intempéries da vida.
Epicuro acreditava que a felicidade está intrinsecamente ligada ao prazer e à ausência de dor. No entanto, o filósofo é bastante mal interpretado por nós, já que acreditamos que a busca do prazer significa realizar os prazeres momentâneos e carnais. O que o filósofo entende por busca do prazer é bastante mais refinado, já que para ele o prazer está ligado à moderação e ao equilíbrio e não ao desvario.
De fato, a felicidade é um conceito complexo e multifacetado. Ela pode variar de pessoa para pessoa e até mesmo de momentos da vida. Podemos pensar nela como um estado fugaz, muitas vezes elusivo, que pode ser influenciado por uma infinidade de fatores externos e internos.
Talvez seja exatamente essa natureza efêmera da felicidade que a torna tão valiosa, ainda mais quando estamos em processo de amadurecimento, já que a busca por coisas, pessoas e situações que nos fazem felizes é que pode dar um sentido verdadeiro em nossas vidas. Ao invés de vermos a felicidade como um destino, talvez devêssemos encará-la como um processo contínuo de descoberta e apreciação das pequenas e sutis coisas que nos trazem contentamento.
Assim compreendido, a felicidade pode não ser uma meta a ser alcançada, mas sim uma jornada a ser percorrida. Para Aristóteles, a felicidade não é um estado momentâneo, como comumente pensamos, mas sim uma atividade contínua que envolve o desenvolvimento das virtudes e a busca pelo bem comum, pois não há felicidade que envolva apenas uma pessoa, já que somos seres relacionais.
Em última análise, o que importa não é tanto a definição de felicidade, mas sim a busca por um sentido na vida. Se encontrarmos algo que nos motive, que nos faça sentir úteis e valorizados, que nos traga alegria e satisfação, talvez então possamos dizer que encontramos a felicidade. Mas isso não significa que ela será perene ou que não haverá altos e baixos. A vida é uma montanha-russa, e a felicidade pode estar tanto na subida quanto na descida. O importante é aprendermos a apreciar cada momento e a encontrar beleza nas pequenas coisas da vida.