Jornal Estado de Minas

VITALidade

Misses da maturidade



O concurso de beleza mais icônico do mundo da beleza fez as manchetes globais ao anunciar uma mudança histórica nesse mês de setembro. O Miss Universo encerrou uma restrição de idade que vigorava desde sua criação, em 1952. Anteriormente, as concorrentes eram limitadas a mulheres com idade entre 18 e 28 anos. Porém, com as novas regras, qualquer mulher adulta, de qualquer idade, pode se candidatar ao cobiçado título de Miss Universo. A decisão de eliminar a restrição de idade vai além dos concursos de beleza e provoca uma profunda reflexão sobre os padrões estabelecidos e a maneira como avaliamos a atratividade feminina em nossa vida diária.



A imposição de limites etários no Miss Universo refletia a persistente mentalidade do etarismo, um preconceito enraizado que categoriza e discrimina as pessoas com base em sua idade. Desde cedo, somos condicionados a acreditar que juventude é sinônimo de beleza, vitalidade e relevância social, uma crença que tem sido passada de geração em geração, moldando nossos valores e expectativas.

No entanto, ao adotarmos uma perspectiva filosófica sobre beleza, percebemos que ela transcende a idade biológica. A verdadeira beleza está profundamente ligada à confiança, carisma, estilo e, acima de tudo, à maneira como alguém envelhece com graça e dignidade. A beleza é um conceito fluido e multifacetado, que não deve ser restringido por categorias etárias.
A decisão do Miss Universo de abolir a restrição de idade reflete a máxima de que não devemos definir a beleza com base na idade. Assim como existe beleza em uma jovem de 20 anos, há beleza em uma mulher de 40, 60 ou até mesmo 100 anos. Cada estágio da vida traz sua própria singularidade, contribuindo para a beleza única de cada indivíduo.



Essa mudança no concurso não se limita ao mundo dos concursos de beleza; ela desafia a maneira como a sociedade percebe e valoriza as pessoas em diferentes estágios de suas vidas. O etarismo, em essência, é semelhante a outras formas de discriminação, como o sexismo e o racismo, pois se baseia em julgamentos superficiais que ignoram a riqueza interior das pessoas.

A filosofia nos ensina que o valor de uma pessoa não pode ser reduzido a um simples número, como a idade. Cada indivíduo é complexo, único e intrinsecamente valioso, independentemente de sua idade cronológica. A existência de jovens preguiçosos e idosos cheios de vitalidade ilustra que as características individuais superam as generalizações baseadas na idade.

Ao eliminar a restrição de idade, o Miss Universo não apenas redefine os padrões de beleza, mas também nos desafia a questionar e desconstruir os estereótipos que moldaram nossa sociedade por tanto tempo. É um lembrete eloquente de que a idade é apenas um número e não deve ser usado como o único critério para avaliar a capacidade, o valor ou a beleza de alguém.



À medida que a sociedade avança em direção a uma mentalidade mais inclusiva, podemos vislumbrar um futuro em que a diversidade etária seja celebrada em todas as suas formas. O Miss Universo, ao abraçar essa nova era de inclusão, nos lembra que a beleza está nos olhos de quem vê e que não existe uma definição única e universal de beleza.

Essa mudança representa não apenas uma revolução nos concursos de beleza, mas também uma evolução em nossa percepção coletiva de beleza e valor humano. Ela ecoa além das passarelas e brilhos da coroa, sussurrando uma mensagem poderosa a todos nós: a verdadeira beleza não conhece limites etários. Enquanto aplaudimos essa mudança no concurso, devemos lembrar que não é apenas uma coroa que está sendo ajustada, mas também o espelho com o qual enxergamos a diversidade da vida.