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Estado de Minas WAGNER PARENTE

O (falso) dilema de Valdemar Costa Neto ao recorrer ao TSE

O líder do PL parece ter que escolher entre levar o seu partido para uma extrema direita ou retornar ao Centrão


28/11/2022 04:00 - atualizado 28/11/2022 08:32

O que fez Valdemar da Costa Neto parecer pender para a extrema direita é a necessidade de manutenção dos 99 deputados e 14 senadores eleitos pelo PL
O que fez Valdemar da Costa Neto parecer pender para a extrema direita é a necessidade de manutenção dos 99 deputados e 14 senadores eleitos pelo PL (foto: EVARISTO SÁ/AFP)

48 minutos. Foi esse o tempo que Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), demorou para responder ao questionamento das urnas feito pelo Partido Liberal (PL) e pôr Valdemar da Costa Neto em uma sinuca de bico. Agora, pelo menos aparentemente, o líder do PL parece ter que escolher entre levar o seu partido para uma extrema direita ou retornar ao Centrão.

O que fez Valdemar parecer pender para a extrema direita é a necessidade de manutenção dos 99 deputados e 14 senadores eleitos pelo PL. Considerando que, pelo menos, metade dos eleitos na Câmara podem ser considerados bolsonaristas raiz, poderia haver um estrago grande se todos resolvessem deixar o partido caso achem que Bolsonaro foi abandonado.

É importante fazer uma pequena correção no que vem sendo dito sobre esse caso: o PL não perde o fundo partidário caso esses parlamentares resolvam ir para uma nova agremiação. A divisão do fundo é feita pelo número de eleitos em outubro. Dessa forma, tanto faz se esses parlamentares trocarem de partido depois. O dinheiro do PL está garantido.

O mesmo raciocínio vale para as indicações para as presidências das comissões parlamentares. Essas normalmente são determinadas pelo tamanho das bancadas eleitas. Ter presidências de comissões importantes significa ter poder de influência. Por exemplo, a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) é a mais importante da Câmara porque todos os projetos de lei passam por lá e tem seu presidente indicado pela maior bancada.

Mas se Valdemar não perde nem dinheiro nem influência, vale mesmo a pena se expor como fez para manter esses parlamentares mais radicais, muitos dos quais são pouco (ou nada) controláveis? O mundo político também parece não ter entendido o movimento do líder do PL. Prova disso foi a reação do Republicanos e do Partido Progressista (PP) logo após a decisão de Alexandre de Moraes de congelar o fundo partidário da coligação de toda a campanha de Bolsonaro até o pagamento de uma multa de quase R$ 23 milhões por litigância de má-fé. E aqui voltamos para os 48 minutos citados no primeiro parágrafo.

O curto tempo entre o protocolo da petição inicial do PL e a resposta de Moraes leva a crer que essa reação já estava ensaiada. Mais ainda: que o ministro parece ter antecipado que Republicanos e PP pediriam para serem excluídos da ação, isolando dessa maneira o PL de Valdemar. Foi exatamente o que aconteceu. Marcos Pereira, presidente do Republicanos, deu diversas entrevistas logo após a decisão de Moraes dizendo que reconheceu os resultados das urnas, que não vê motivo para questioná-las, visto que diversos dos candidatos do seu partido foram eleitos pelas mesmas urnas contestadas por Valdemar. Posicionamento parecido veio do PP.

Tanto Republicanos quanto PP foram prontamente atendidos por Alexandre de Moraes, sendo seus respectivos fundos partidários desbloqueados. A multa passa a ser só do PL e não da coligação. Além da multa e o bloqueio do fundo, Valdemar também ganhou uma vaga de investigado no inquérito das milícias digitais que corre no Supremo Tribunal Federal (STF), por supostamente ter tido a “finalidade de tumultuar o próprio regime democrático brasileiro”. Para um político que já não é réu primário e prefere o bastidor, o que Valdemar parece ter feito foi tumultuado a sua vida.

E o pior é que nem os apoiadores mais radicais de Bolsonaro parecem ter apreciado a ação do líder do PL. Para boa parte da turma acampada em frente aos quartéis, o ideal era que as Forças Armadas declarem a suposta fraude, sem interferência de Valdemar, muito menos deixando a decisão final ao TSE.

O que se comenta é que Valdemar teria sido pressionado para tomar uma atitude, além de dar abrigo a um Bolsonaro sem mandato. No entanto, parece pouco provável que um político profissional experiente cedesse ao ponto de fazer um movimento atrapalhado como esse. Valdemar, então, teria as seguintes escolhas: abraça a extrema direta de vez ou busca desfazer a confusão que arrumou e tenta voltar ao centrão.

A primeira opção é tão factível quanto a contestação das urnas. Ou alguém acredita mesmo que esse senhor tem ânimo para se enfileirar ao lado dos que estão em frente aos quartéis debaixo de chuva e sol para cantar o Hino da Bandeira? O problema é que o líder do PL parece também ter ido longe demais no seu joguete golpista para voltar ao centro.  Tudo no dilema é falso.
 

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