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Estado de Minas

A Conta do Centrão pelas aprovações do primeiro semestre chegou agora

As negociações estão em pleno vapor, com choradeira de quem acha que vai perder ministério, criação de espaços novos a serem preenchidos e reinvindicações


24/07/2023 04:00 - atualizado 24/07/2023 16:14
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Fala do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, causou desconforto em partidos que têm ministériios
Fala do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, causou desconforto em partidos que têm ministériios (foto: Fernando Frazão/Agência Brasil - 1/3/23)

Era certo que a conta para o governo Lula ia chegar, mas novamente é importante ressaltar as habilidades políticas dos jogadores. A fala do presidente de que “quem discute ministro é o presidente da República” é recado claro de que ninguém tem mandato para falar em seu nome sobre o assunto. O recado veio depois de o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT-SP), afirmar que “fora a Saúde, tudo está sobre a mesa”. Porém, o jogo é delicado. A fala causou desconforto em partidos que já têm seu quinhão na Esplanada dos Ministérios.

Carlos Siqueira, presidente do PSB de Geraldo Alckmin, em entrevista para o "O Globo", se apressou em responder que “temos grandes qualidades e experiência servindo ao governo e ao Brasil, se o presidente desejar dispensar uma delas para ceder espaço para os que apoiaram Bolsonaro (...), quem perderá será nosso país”.
 
É bem provável que o PSD perca pelo menos um ministério no esforço de acomodar os partidos de centro, movimento que começou com a entrada de Celso Sabino (União-PA) no Turismo. Sabino tem mais apoio da bancada do partido na Câmara dos Deputados, além de ser muito próximo a Arthur Lira (PP-AL). Sabino também parece ter incorporado o “Centrão”.

Em entrevista na semana passada para a “Folha de S. Paulo”, Sabino disse que “hoje o centro político tem uma importância e uma relevância muito grande para qualquer governante. (...) O centro político é o pêndulo que pode ajudar o Brasil a crescer”. É verdade que ninguém governa hoje o Brasil sem essa massa amorfa de partidos. Sabendo disso, era difícil imaginar que o limite dado por Padilha – de que a saúde estaria fora da mesa – seria respeitado. E não foi.

Hoje o Ministério da Saúde tem o segundo maior orçamento da Esplanada, perde somente para a Educação. O presidente pode até não tirar a ministra Nísia Trindade do comando da pasta, mas isso não significa que os partidos de centro não terão ingerência sobre os desembolsos do ministério.

Não foi por coincidência que o governo editou, também na semana passada, três decretos para recriação da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Parte do orçamento é competência do Ministério da Saúde e do Ministério das Cidades passam para lá. A fundação tem capilaridade, com presença nos estados, além da possibilidade de receber aporte de emendas dos parlamentares. Uma lógica parecida com a (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).

Capilaridade, orçamento e a possibilidade de virar duto de emendas são exatamente o que parlamentares precisam. A Funasa só foi recriada com essa finalidade: acomodar interesses políticos dos aliados, sem desacomodar ninguém. O mesmo não pode ser dito, por exemplo, de uma alteração no comando da Caixa Econômica Federal.

A Caixa também tem capilaridade e recursos. Hoje é presidida por uma técnica, Rita Serrano, mas a posição deve ser entregue ao Partido Progressista. Chegou-se a ventilar o nome de Gilberto Occhi, mas o desgaste de diminuir a presença feminina em posições de liderança do governo fez com que surgisse o nome da ex-vice-governadora do Piauí, Margarete Coelho (PP-PI).

As negociações estão a pleno vapor, com choradeira de quem acha que vai perder ministério, criação de espaços novos a serem preenchidos e reivindicações de posições estratégicas. A conta chegou e Lula deve pagar, mas em suaves  prestações.


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