Com cerca de 7 milhões de habitantes, Minas Gerais era o estado mais populoso do país naquele julho de 1930, quando a bola rolou para a primeira edição da Copa do Mundo, em Montevidéu, no Uruguai. Dos 37 milhões de brasileiros, 70% viviam na zona rural. Belo Horizonte havia acabado de quebrar a barreira dos 100 mil habitantes e se preparava para uma década de importantes transformações, com o processo de verticalização da região central. Mesmo jovem e pacata, a capital mineira não escapou da euforia do primeiro Mundial, que reuniu 13 seleções no Uruguai – sendo sete sul-americanas.
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'Perdi a bonequice', diz Anna Marina, primeira jornalista mulher na redação do Estado de Minas'A matéria-prima do jornalista é o ser humano', diz Arnaldo Viana'O papel do chargista é trazer esperança através da ironia', diz Son SalvadorEM acompanha a Seleção Brasileira desde o primeiro Mundial, no UruguaiFundado dois anos antes, em 7/3/1928, o jornal dos Diários Associados trazia detalhes de como seria a cobertura da estreia do Brasil diante da Iugoslávia, no dia seguinte: dois placares seriam afixados em frente à redação, na Avenida João Pinheiro, e as informações passadas em tempo real com a “descripção minuciosa de todas as phases da lucta”.
Foi assim que, na tarde de segunda-feira, 14/7/1930, cerca de 3 mil pessoas se posicionaram em frente à sede do jornal para ouvir a estreia da Seleção Brasileira, que perdeu para os iugoslavos por 2 a 1, no Parque Central.
Naquela tarde, o Estado de Minas se tornava o primeiro jornal do estado a usar telefone para receber e transmitir informações. “Bello Horizonte teve hontem conhecimento de todas as peripécias do embate sensacional realizado em Montevidéo, a medida que as mesmas se desenrolavam, graças ao serviço de informações do Estado de Minas que esteve, toda a tarde, em communicação com a sua sucursal no Rio que, por sua vez, se estendia directamente com o estádio do Nacional, em Montevidéo, onde se realizou o grande jogo”, estampava a capa da edição de 15/7/1930.
Para que desse conta de repassar as informações recebidas por telefone, os jornalistas precisaram recorrer a um possante megafone para narrar os pormenores da partida. Ainda coube aos jornalistas desmentir um suposto segundo gol brasileiro, que chegou a ser anunciado pelos jornais do Rio, segundo o relato.
Formada por 23 jogadores do futebol carioca, mais o atacante Araken, que estava brigado com o Santos e jogou como atleta da CBD, o Brasil voltou do Uruguai com uma derrota e goleada sobre a Bolívia por 4 a 0, em jogo de eliminados que teve apenas 1,2 mil torcedores no Centenário. O médio Fausto, o Maravilha Negra, foi eleito para a Seleção da Copa, e Preguinho, atacante do Fluminense, foi artilheiro do Brasil, com três gols.