Jornal Estado de Minas

Vidas conectadas em rede no país do celular

Primeiro vieram as cartas, depois as ligações, num período mais moderno os e-mails e, atualmente... as redes sociais. “Me dá seu WhatsApp” é o jeito contemporâneo de pedir o número do celular a alguém. Esteja preparado: o telefone vai tocar cada vez menos. Para receber, cada vez mais, mensagens sobre um número infinito de assuntos dos mais relevantes aos mais fúteis: correntes religiosas ou de suposta sorte, propaganda, fotos, vídeos... e por aí vai. A arte abaixo simula uma troca de mensagens entre especialistas em um grupo, abordando alguns dos assuntos mais comuns.


Grupos de todos os calibres estão também no Facebook, que, mais que fazer amigos, se tornou plataforma para verdadeiros fóruns de discussão, denúncia e outros gêneros. No Instagram, o lado belo e feliz da vida está estampado em fotos dos mais variados tipos.

As redes sociais vêm mudando o cotidiano da população do mundo todo, imersa numa nova forma de se relacionar, pertencer, adquirir informações e apresentar imagens que traduzam personalidades e identidades.

“O lado positivo dessa tecnologia são os novos espaços para construir grupos de amigos, entrar no mercado de trabalho, encontrar parceiros amorosos. Representam nova possibilidade de encontro com o outro. E todo encontro forma modos de a pessoa ser e existir”, afirma a psicóloga da Tip Clínica, Eunides Almeida, pós-doutoranda em psicologia. “Por outro aspecto, os limites do espaço privado e social estão sendo diluídos. Temos que tomar muito cuidado com essa maneira globalizada de compartilhamento, relacionamento, de vida e cultura”, adverte.


Artigo 'essencial' Num mundo conectado por um toque da ponta dos dedos, os smartphones assumiram, definitivamente, o posto de queridinhos dos brasileiros para acessar a internet, conforme mostrou a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) divulgada há menos de duas semanas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Aparelhos celulares estão presentes em quase a totalidade (92,7%) dos domicílios brasileiros. Em 48,151 milhões de lares (69% do total), o acesso à internet é feito pelo telefone, segundo os dados de 2017.
Foi um crescimento de 15,3% em relação a 2016, com 6,392 milhões de lares a mais usando o celular com internet.

Maria Beatriz Costa guarda reportagem do EM publicada em 2006 na qual a filha, Ana Flávia, hoje com 12 anos, foi personagem - Foto: Jair Amaral/EM/D.A Press
Já a TV é tão usada para acessar a internet quanto os tablets: 10,6% dos domicílios do país têm um televisor conectado, enquanto o tablet é usado para esse fim em 10,5% dos lares. Mas, o IBGE acredita que os números relativos aos smartphones estejam subestimados, pelo fato de muitos entrevistados não terem considerado o uso do e-mail e de aplicativos de redes sociais quando responderam sobre a internet no telefone. Por isso, a partir do ano que vem, a Pnad terá novidades e vai incluir perguntas específicas sobre o tipo de uso da internet no celular.

“A maioria das pessoas que usam a internet no celular é para a troca de mensagens”, afirma a gerente da Pnad, Maria Lúcia Vieira. No início deste ano, a Pnad revelou que 94,6% dos brasileiros navegam na internet ou usam serviços conectados, principalmente, para trocar mensagens (de texto, voz ou imagens) por aplicativos de bate-papo.

Antes do aplicativo


A dona de casa Maria Beatriz Costa guarda as páginas do Estado de Minas como se fossem um tesouro. Se pudesse, teria baixado pelo aplicativo e postado para a família e os amigos. Da primeira vez em que a filha Ana Flávia, hoje com 12 anos, saiu no jornal, a menina tinha poucos meses de idade. Usando brincos e pulseiras de ouro, ela fez pose para a matéria da editoria de Economia intitulada “Um luxo de bebê”, que circulou em 5 de março de 2006. Tornou-se uma bela adolescente, conectada com o mundo digital, mas muito pouco “luxenta”.
Jogadora de vôlei, paixão herdada da mãe, que pratica o esporte, hoje mal usa um batonzinho para sair: “Prefiro me dedicar ao vôlei. Ainda vou ter muito tempo para usar maquiagem e namorar”, afirma a pré-adolescente, que sempre prende os longos cabelos louros para não atrapalhar o desempenho nas partidas. (Sandra Kiefer/Especial para o EM).