Uma cidade em constante movimento, sintonizada com o mundo e antenada com as mudanças de comportamento, embora preservando a “mineirice” que dá charme aos moradores e encanta visitantes. Nos últimos 90 anos, tempo de circulação do Estado de Minas, a capital cresceu, mudou de cara e abriu novos horizontes para o convívio e a diversão. Se no fim da década de 1920, num clima bem tranquilo, o programa era o footing, o vaivém na Praça da Liberdade e outros espaços públicos, hoje a metrópole tem atrações culturais para todos os gostos – e até debaixo de viaduto.
“O foco da vida social foi mudando ao longo do tempo, passando pelo Centro, Pampulha, Savassi e bairros próximos. Ficou, para nós, um pouco de tudo. Por isso, é mito dizer que não há nada para se fazer em BH”, diz o historiador Yuri Mello Mesquita, estudioso da evolução urbana e pesquisador dos costumes.
Desde os primórdios, bares e botecos sempre foram traço de união no cotidiano de BH, tanto que vingou a fama de capital nacional do setor. Da mesma forma, prevaleceu a paixão pelo futebol, que encontrou o palco das multidões no estádio Mineirão, inaugurado em 1965. Yuri conta que as maiores transformações começaram a partir de 1930.
A quebradeira na Bolsa de Nova York (1929), nos Estados Unidos, desencadeou uma crise mundo afora e ninguém escapou ileso. “Em toda a América Latina, o valor de mercado dos produtos agrícolas caiu e a população rural veio para as cidades. BH cresceu assustadoramente e, com isso, ganhou diretrizes para tentar organizar o ritmo urbano.”
Novos tempos, novos comportamentos. Nas décadas de 1950 e 1960, as festas nos clubes “bombavam”, e ficaram na memória de muitos os bailes de carnaval no Automóvel Clube, no Minas Tênis e no Iate Tênis Clube, este na Pampulha. A região da Pampulha, que recebeu o conjunto moderno na década de 1940, passou a ser um polo de diversão, mas alguns equipamentos tiveram vida curta. Com a proibição do jogo no país, em 1946, o cassino foi a nocaute e mais tarde se tornou o Museu de Arte da Pampulha (MAP).
Se a vida fervilhava nas ruas, o “escurinho do cinema” sempre teve lugar cativo no coração dos belo-horizontinos. E antes de fecharem as portas, virar estacionamentos e igrejas evangélicas, ou simplesmente ser demolidos, atraíram multidões, com dezenas de salas pela cidade, entre eles o Pathé, na Savassi, Brasil (hoje teatro) e Acaiaca, no Centro, entre outros. Já nos anos 1980, os shopping centers chegaram com tudo e os amantes da “sétima arte” migraram para espaços com mais segurança, conforto e serviços.
O século 21 norteou outros caminhos, e o historiador faz questão de destacar a força da arte urbana permeando tantas décadas. “BH está cada vez mais viva, com muitos movimentos culturais espalhados. Um exemplo está nos encontros de hip-hop sob o Viaduto Santa Tereza. E quem vai se esquecer de que o heavy metal brasileiro, com as bandas Sepultura e Sarcófago, surgiu aqui e teve projeção internacional?”
Confira nesta edição do podcast O Megafone nossa entrevista com o repórter Gustavo Werneck, jornalista desde 1977 e que está no Estado de Minas há 25 anos. A principal arma dele, um texto primoroso, já foi usada para defender o meio-ambiente e o patrimônio histórico mineiro.
“O foco da vida social foi mudando ao longo do tempo, passando pelo Centro, Pampulha, Savassi e bairros próximos. Ficou, para nós, um pouco de tudo. Por isso, é mito dizer que não há nada para se fazer em BH”, diz o historiador Yuri Mello Mesquita, estudioso da evolução urbana e pesquisador dos costumes.
Desde os primórdios, bares e botecos sempre foram traço de união no cotidiano de BH, tanto que vingou a fama de capital nacional do setor. Da mesma forma, prevaleceu a paixão pelo futebol, que encontrou o palco das multidões no estádio Mineirão, inaugurado em 1965. Yuri conta que as maiores transformações começaram a partir de 1930.
A quebradeira na Bolsa de Nova York (1929), nos Estados Unidos, desencadeou uma crise mundo afora e ninguém escapou ileso. “Em toda a América Latina, o valor de mercado dos produtos agrícolas caiu e a população rural veio para as cidades. BH cresceu assustadoramente e, com isso, ganhou diretrizes para tentar organizar o ritmo urbano.”
Novos tempos, novos comportamentos. Nas décadas de 1950 e 1960, as festas nos clubes “bombavam”, e ficaram na memória de muitos os bailes de carnaval no Automóvel Clube, no Minas Tênis e no Iate Tênis Clube, este na Pampulha. A região da Pampulha, que recebeu o conjunto moderno na década de 1940, passou a ser um polo de diversão, mas alguns equipamentos tiveram vida curta. Com a proibição do jogo no país, em 1946, o cassino foi a nocaute e mais tarde se tornou o Museu de Arte da Pampulha (MAP).
Dois tempos
Cantado em prosa e verso, o Bairro Lagoinha teve época áurea na primeira metade do século passado, mas a decadência econômica pôs freio na boemia. O Centro, com seus bares, restaurantes e boates, no qual sobressaíam o Montanhês Dancing, com frequência majoritariamente masculina, se apagou na cena e deixou hotéis de pálida lembrança nas ruas Guaicurus e São Paulo. “É bom ressaltar que o Centro sempre foi um bairro residencial e comercial. Uma referência forte na capital”, diz Yuri.Se a vida fervilhava nas ruas, o “escurinho do cinema” sempre teve lugar cativo no coração dos belo-horizontinos. E antes de fecharem as portas, virar estacionamentos e igrejas evangélicas, ou simplesmente ser demolidos, atraíram multidões, com dezenas de salas pela cidade, entre eles o Pathé, na Savassi, Brasil (hoje teatro) e Acaiaca, no Centro, entre outros. Já nos anos 1980, os shopping centers chegaram com tudo e os amantes da “sétima arte” migraram para espaços com mais segurança, conforto e serviços.
O século 21 norteou outros caminhos, e o historiador faz questão de destacar a força da arte urbana permeando tantas décadas. “BH está cada vez mais viva, com muitos movimentos culturais espalhados. Um exemplo está nos encontros de hip-hop sob o Viaduto Santa Tereza. E quem vai se esquecer de que o heavy metal brasileiro, com as bandas Sepultura e Sarcófago, surgiu aqui e teve projeção internacional?”
Confira nesta edição do podcast O Megafone nossa entrevista com o repórter Gustavo Werneck, jornalista desde 1977 e que está no Estado de Minas há 25 anos. A principal arma dele, um texto primoroso, já foi usada para defender o meio-ambiente e o patrimônio histórico mineiro.