A voz de Milton Nascimento e a música de Márcio e Lô Borges foram veículo perfeito para a inspirada frase de Fernando Brant: “Sou do ouro, eu sou vocês, sou do mundo, sou Minas Gerais”. Vocês, no caso, eram os beatles John Lennon e Paul McCartney, ídolos de um mundo em que a juventude protagonizava, no fim dos anos 1960, a mais marcante revolução cultural e de costumes dos tempos modernos. Ainda hoje, a canção soa como um atrevimento de quem se apoia em seu passado heroico para se declarar em dia com a inovação e sem medo da competitividade.
Ser do ouro e ser do mundo é ter nascido com duas vocações inabaláveis: a mineração e o mercado internacional. O sucesso da primeira resulta da persistência e do trabalho duro; o da segunda, da qualidade do produto e do compromisso contratado. Ambas exigem conhecimento atualizado e rejeitam a acomodação. Assim nasceu e se forjou a economia de Minas Gerais, desde 1696, quando se descobriu ouro nas margens do Ribeirão do Carmo, em Mariana.
Para atender à corrida do ouro, surgiram nas terras de Minas pequenas fundições de ferro, a maioria clandestinas, enquanto se erguiam cidades e vilas que hoje contam a história de seu povoamento e, com brilho e arte, maravilham visitantes de todo o mundo. Além disso, o ouro abriu os caminhos para a exploração de pedras preciosas, incluindo os valiosos topázio e diamante.
Estavam dados, assim, os primeiros passos para o futuro de nossa vocação mineral, pós Ciclo do Ouro: a pesquisa e a exploração do minério de ferro, bem como a agregação de valor a essa riqueza primária, por meio da fundição de gusa e da produção de aço. Hoje, os produtos de todos os estágios da mineração, como os aços planos e longos, têm peso importante na pauta brasileira de comércio com o mundo.
Um marco indelével dessa história, embora nem sempre lembrado, é do tempo do segundo império e revela quão antiga e benéfica foi a preocupação com o conhecimento, a tecnologia e a inovação. Quase um século depois do sonho iluminista dos inconfidentes, foi inaugurada em 1876 a Escola de Minas de Ouro Preto (Emop), sob o comando de Claude Henri Gorceix, diretor da Escola de Minas de Paris, a convite do imperador D. Pedro II. A partir desse centro pioneiro de estudos e pesquisas acadêmicas, a mineração e, depois dela, a siderurgia ganharam embasamento técnico para expandir suas atividades com segurança, constante inovação e competitividade internacional.
Ser do ouro e ser do mundo é ter nascido com duas vocações inabaláveis: a mineração e o mercado internacional. O sucesso da primeira resulta da persistência e do trabalho duro; o da segunda, da qualidade do produto e do compromisso contratado. Ambas exigem conhecimento atualizado e rejeitam a acomodação. Assim nasceu e se forjou a economia de Minas Gerais, desde 1696, quando se descobriu ouro nas margens do Ribeirão do Carmo, em Mariana.
Para atender à corrida do ouro, surgiram nas terras de Minas pequenas fundições de ferro, a maioria clandestinas, enquanto se erguiam cidades e vilas que hoje contam a história de seu povoamento e, com brilho e arte, maravilham visitantes de todo o mundo. Além disso, o ouro abriu os caminhos para a exploração de pedras preciosas, incluindo os valiosos topázio e diamante.
Estavam dados, assim, os primeiros passos para o futuro de nossa vocação mineral, pós Ciclo do Ouro: a pesquisa e a exploração do minério de ferro, bem como a agregação de valor a essa riqueza primária, por meio da fundição de gusa e da produção de aço. Hoje, os produtos de todos os estágios da mineração, como os aços planos e longos, têm peso importante na pauta brasileira de comércio com o mundo.
Um marco indelével dessa história, embora nem sempre lembrado, é do tempo do segundo império e revela quão antiga e benéfica foi a preocupação com o conhecimento, a tecnologia e a inovação. Quase um século depois do sonho iluminista dos inconfidentes, foi inaugurada em 1876 a Escola de Minas de Ouro Preto (Emop), sob o comando de Claude Henri Gorceix, diretor da Escola de Minas de Paris, a convite do imperador D. Pedro II. A partir desse centro pioneiro de estudos e pesquisas acadêmicas, a mineração e, depois dela, a siderurgia ganharam embasamento técnico para expandir suas atividades com segurança, constante inovação e competitividade internacional.
Novos tempos
Foi a partir dessas bases que o Brasil pôde ingressar no século 20 em condições de se beneficiar, embora com algum atraso, dos avanços tecnológicos que marcaram o mundo desenvolvido do fim do século 19 (Segunda Revolução Industrial). A evolução do ferro para o aço-carbono permitiu a fabricação de máquinas demandadas pela explosiva expansão da indústria, desde as tradicionais naval e têxtil até a revolucionária chegada do automóvel.
Esses avanços mudaram a economia mundial, aceleraram a urbanização da sociedade e, é claro, impactaram a política. Ao fim da terceira década do século 20, o Brasil fervia. Velhas estruturas sociais e de poder começaram a ruir e as ruas clamavam por mudanças. Era o ambiente perfeito para o lançamento de um jornal de boa aparência e superior qualidade, já que esse era, então, o mais influente meio de comunicação de massa. Foi quando, em 7 de março de 1928, saiu das impressoras a primeira edição de O Estado de Minas (mais tarde o título perdeu o artigo).
No alto da primeira página de sua edição inaugural, o jornal deixava claro seu apoio incondicional aos empreendedores mineiros, empenhados em construir aqui um polo dinâmico da economia nacional. “A política cafeeira do governo de Minas” era o título da matéria que reproduzia entrevista exclusiva com o então secretário de Finanças do estado.
Era, então, o café a nova vedete da economia brasileira e o jornal acompanhou os bons e maus momentos da vitoriosa história dessa empreitada, que, nos 90 anos seguintes, fez de Minas o maior produtor do país de cafés de qualidade. Hoje, saem dos cafezais mineiros 53% da produção brasileira e 19,2% da mundial.
A pecuária também foi destaque desde a primeira edição do EM. Uma foto em três colunas, na primeira página, mostrou as obras de construção do pavilhão em que se faria uma grande exposição pecuária em BH. Nunca mais faltou apoio para que a tecnologia e os investimentos aplicados nessa atividade colocassem nossos produtores entre os líderes nacionais e, de quebra, nos legassem a preciosa tradição dos queijos de alta qualidade.
Era da inovação
Mas, além de leite e café, Minas não se limitou a ter um coração de ouro em peito de ferro (como diria nosso poeta maior). As chapas finas do aço da Usiminas garantem beleza e qualidade aos milhares de automóveis que, desde setembro de 1976, saem da fábrica da Fiat, em Betim. Foi esse, aliás, o início de uma nova era da industrialização de Minas, marcada pelo aprimoramento tecnológico das linhas de produção e pelo constante aumento da capacidade de competir nos mais diversos mercados.Essa corrida tem gerado iniciativas bem-sucedidas nos campos da biotecnologia, da eletrônica, da tecnologia da informação. São frutos de esforços desenvolvidos desde a virada do século por professores e estudantes de nossas universidades. Um exemplo foi o icônico lançamento de um avançado engenho de busca de sites na web mundial, mais tarde adquirido pela maior empresa do mundo nesse segmento.
Em Minas, tecnologia e competitividade são hoje palavras-chave de uma economia que abre espaço para a inovação. São encorajadores o entusiasmo e a criatividade de nossa juventude, que acorre às escolas especializadas, aos centros de ensino tecnológico e aos ambientes de desenvolvimento e de aceleração de startups. Ela é a certeza de que, nos próximos 90 anos, pelas atuais e futuras plataformas do Estado de Minas, os mineiros terão muito o que comemorar.
Pedro Lobato é jornalista e acompanha o cenário econômico mineiro desde 1970. Foi editor de economia do Estado de Minas de 2003 a 2016