A tradição e o conhecimento acumulados ao longo das históricas edições do guia Sabores de Minas foram reembalados em novo formato, para um novo tempo e novas audiências. A equipe de tecnologia do Estado de Minas compilou acervo com quase 1,7 mil receitas e todo o conteúdo está agora disponível on-line. Para marcar o lançamento, o Núcleo de Criação Multimídia desenvolveu um novo produto com base no sucesso de vídeos de gastronomia, uma das principais tendências de consumo de conteúdo digital de acordo com o Google.
Desenhados para o telefone celular, os vídeos têm disposição vertical e serão lançados quinzenalmente nas redes sociais do jornal. Nesta temporada-piloto, os episódios apostam em grandes clássicos da gastronomia mineira. Para começar: pão de queijo recheado de linguiça. A Una, O Ateliê de Cerâmica e Cafofo apoiaram a produção. ww.uai.com.br/entretenimento/gastronomia/saboresdeminas
A HISTÓRIA DO GUIA
Pegue um estado com proporções maiores que as de muitos países. Colha produtos de diferentes climas, saberes e modos de fazer. Junte tudo no mesmo tacho com porções generosas de cultura negra, sabedoria indígena e influência europeia. Deixe marinar por séculos de história e depois espalhe pelo território, misturando cuidadosamente receitas levadas no embornal por milhares de tropeiros, exploradores e viajantes. Tempere com pitadas de personagens inesquecíveis, histórias marcantes e um invejável patrimônio imaterial. Reserve para saborear lentamente, em deliciosas edições mensais.
Com essa receita, em uma jornada de mais de uma década, o guia Sabores de Minas entrou pelas cozinhas mineiras, sentou-se à mesa das famílias, serviu-se do prato das tradições, abriu despensas das fazendas, provou dos salgados nos bares, adoçou a boca com sobremesas dos restaurantes e das consagradas doceiras e cativou os leitores não só pelo paladar, mas pelos personagens e causos provados pelo caminho. Desde 2004, equipes do EM vasculharam todas as regiões do estado garimpando receitas, apurando o paladar e conhecendo a cultura gastronômica das Gerais. Além de mostrar os ingredientes e o modo de fazer de cada prato, a receita sempre contemplou histórias – e contá-las, com certeza, sempre foi dos pedaços mais saborosos desse projeto.
Em cada município mineiro, uma surpresa. Como ocorreu em Itaobim, no Vale do Jequitinhonha. Lá, a turma conheceu o caxixe, legume que dá em rama como abóbora, tem cor de chuchu, tamanho de mamão e aparência de melancia, mas conserva gostinho muito particular. À beira do Rio São Francisco, o peixe na telha; no distrito de Monte Verde, em Camanducaia, no Sul, as trutas assadas; e na Zona da Mata, as quitandas, biscoitos e bolos.
Pelas trilhas da Serra do Cipó, o feijão de tropeiro servido com ovo por cima revigorava as energias; no Mucuri, o pitu, camarão de rio, reinava soberano; o pastel de angu, de Itabirito, revelava o coração do interior, enquanto a Mercearia Paraopeba exibia a diversidade.
De Santa Luzia, na Grande BH, o cartão de visitas das balas delícias das saudosas irmãs Gema e Pequetita, que faziam um verdadeiro “cabo de guerra” na hora de preparar o doce, puxando-o de lá pra cá. Os sobrinhos aprenderam o passo a passo e continuam firmes na atividade. De tão especiais, as balas delícia correram o planeta, e os canudinhos de doce de leite feitos pela dupla luziense chegaram às mãos da eterna princesa Lady Di, que teria dito: “São os dedinhos doces dos meninos do Brasil”.
Histórias saborosas, que temperaram perto de 1,7 mil receitas, salpicadas por dicas de hospedagem, de restaurantes, do genuíno artesanato e de onde comprar os legítimos sabores e saberes das Gerais. Sem dúvida, uma preciosa referência do patrimônio imaterial de Minas, que resgatou pratos dos tempos coloniais e do período imperial e até “comidas para o corpo e para a alma”.
Revisitando a expressão “para comer de joelhos”, que se não é mineira já ganhou cidadania, em uma das primeiras edições, o Sabores visitou conventos católicos, mosteiros budistas, terreiros de umbanda, comunidades judaicas e outros locais sagrados. Deles vieram vinhos de rosas, pães para a Páscoa, oferenda para os orixás e outros alimentos preparados por pessoas que amam a gastronomia e respeitam sua cultura.
Cada viagem pelo Norte, Sul, Leste, Centro-Oeste, Triângulo, Alto Paranaíba, Noroeste, vales do Jequitinhonha e Mucuri ou Zona da Mata reserva grandes descobertas. Peixes e carnes de porco, boi e frango preparados das mais diversas formas, tortas, bolos e quitandas assados muitos vezes em folha de bananeira, salgadinhos recheados com molhos especiais dão água na boca. E valorizam os produtos de cada cidade de Minas, que, desde os primórdios, tem sua culinária famosa em todo o país e se abre para os temperos do mundo contemporâneo.
Um movimento potencializado agora, com a reedição do projeto na internet, que não apenas serve os sabores de Minas para o mundo, mas fecha um ciclo que une o mais tradicional de nossas cozinhas e famílias à velocidade da era da informação.