“Ronaldo da Costa: a glória de um boia-fria.” O destaque do caderno de Esportes do Estado de Minas de 1º/1/1995 dava a medida exata do tamanho do feito do corredor humilde, da pequena Descoberto, na Zona da Mata, que havia conquistado o título da Corrida da São Silvestre, a prova de rua mais tradicional da América Latina. “Sua formação escolar é limitada. Estudou apenas até o quarto ano primário. Até 1991, trabalhava como boia-fria. É ex-operário de uma olaria em Descoberto. Três anos depois é uma das expressões do atletismo mundial”, contava a reportagem.
Aos 24 anos, Ronaldo se tornava o segundo mineiro a conquistar a São Silvestre. O primeiro foi João da Mata, do Atlético, em 1993. Mas o título da competição era apenas um passo para Ronaldinho ganhar o mundo. Em 1998, na Alemanha, baixou em nada menos que 45 segundos recorde do etíope Belayneh Dinsamo, que durava 10 anos.
O mineiro terminou a prova de Berlim em 2h06min05. “Tem de ser decretado feriado nacional em Descoberto e São João Nepomuceno quando eu voltar”, brincou em entrevista ao EM pouco depois de quebrar a marca.
Minas Gerais voltou a conquistar a São Silvestre em 2001, com Maria Zeferina Baldaia, da pequena Nova Módica, no Vale do Rio Doce. Curiosamente, a última vez que o Brasil conseguiu uma dobradinha (masculino e feminino) na prova foi com dois mineiros, em 2006: Franck Caldeira, de Sete Lagoas, venceu entre os homens. Lucélia Peres, de Paracatu, no Noroeste de Minas, foi a mais rápida entre as mulheres.
No feminino, outro destaque de Minas Gerais foi Esmeralda de Jesus, primeira atleta brasileira a ganhar ouro em Pan-americano, em Caracas’1983. A mineira, que treinava nas pistas da UFMG de areia misturada a carvão, competiu nas Olimpíadas de 1976 e de 1984. Em 1986, estabeleceu a melhor marca mundial do salto triplo, antes de a prova entrar no programa olímpico. Entre equipes, o Cruzeiro tem conquistado vitórias importantes pelo Brasil.
PÁGINAS HISTÓRICAS
Estado de Minas, 3/1/1984
Festa para o campeão