Giulia Carvalho tem apenas 15 anos e já conquistou título brasileiro no nado borboleta. Gabriel Vilaça, um ano mais velho e 1,99m, acabou de voltar de um período de treinos na base da Seleção Brasileira Masculina de Vôlei. O sonho de se tornar uma estrela das quadras foi o que levou Monique Helena, de 17, a deixar a casa dos pais, em Lavras, e se mudar para Belo Horizonte. O mesmo desejo faz Keren Santos, de 18, manter uma rotina completamente diferente das meninas de sua idade. Giulia, Gabriel, Monique e Keren representam os milhares de jovens que se dedicam diariamente, em cada canto do estado, para manter Minas Gerais como um celeiro de grandes atletas.
Identificar, moldar e formar craques dos campos, quadras, tatames, pistas e piscinas é um processo natural e fluido no esporte de Minas. Ao longo de nove décadas, o Estado de Minas acompanhou o surgimento de grandes estrelas e, à base de um trabalho árduo, o sucesso tem tudo para ser mantido por muito tempo. “É um trabalho de observação constante em busca de atletas. Por isso precisamos ter clubes fortes e escolas propiciando a prática esportiva”, conta Marcello Bencardino, coordenador de base de vôlei do Minas Tênis Clube.
Foi um desses acasos que levou Gabriel a conhecer o vôlei.
Quem também já teve o gostinho de fazer parte da Seleção Brasileira é a ponteira e oposta Keren Santos, que teve a oportunidade de conhecer sua referência no vôlei, a ponteira Natália, principal reforço do Minas para esta temporada. “Ela me falou da importância da disciplina, nutrição, cuidar da parte física. É muito bom conviver com ídolos por perto”, disse. Companheira de Keren na base minas-tenista, Monique terá a chance de conviver com sua ídola pelos corredores do clube, a ponteira Gabi, revelada pelo Mackenzie, contratada pelo Minas.
Monique deixou a casa dos pais antes de completar 15 anos. “Foi difícil deixar Lavras e vir para a cidade grande sozinha, mas eles me apoiaram muito”, conta.
HISTÓRIA VITORIOSA
Inaugurado em novembro de 1937, o Minas é um dos clubes mais tradicionais do país e responsável pela formação e desenvolvimento de dezenas de medalhistas olímpicos.
Passa por Minas a história vitoriosa da Seleção Brasileira. No ouro de Barcelona’1992 estavam o itabirano Talmo e o juiz-forano Giovane. No bicampeonato, em Atenas’2004, Anderson (Contagem) e André Nascimento (Juiz de Fora), além de outros atletas com passagem pelo Minas, como Giba, Maurício e Dante. No tri, no Rio’2016, Lucarelli (Contagem) e Maurício Souza (Iturama).
Na Seleção Feminina, quatro mineiras conquistaram o ouro: Sheilla Castro, revelada pelo Mackenzie, Walewska (ex-Minas), Fabiana, campeã da Superliga em 2002, e Sassá, de Barbacena. Na década de 1990, Minas cedeu várias atletas que ajudaram a fortalecer o esporte entre as mulheres. Do time campeão da Liga Nacional em 1993 despontaram Ana Flávia, Hilma e Arlene.
Mas o Minas não brilhou só nas quadras, mas também no judô, basquete, tênis e natação. Nas piscinas, o clube conquistou nove troféus Maria Lenk e 11 do José Finkel, os brasileiros de verão e inverno. Entre os nadadores revelados pelo clube está Marcus Mattioli, bronze no revezamento em Moscou’1980, e Thiago Pereira, prata em Londres’2012. A tradição inspira novos atletas. “A rotina de treino e a estrutura oferecida aqui me motivam a nadar. Penso que posso ir mais longe e me dedico para isso”, conta Giulia, campeã brasileira e integrante da Seleção Brasileira juvenil nos últimos Jogos Sul-Americanos.
Nos tatames, o brasiliense Luciano Corrêa conquistou o bronze no Mundial do Egito, em 2005 e, dois anos depois ficou com o ouro no Mundial do Rio. Érika Miranda conquistou duas pratas e dois bronzes em Mundiais, entre 2013 e 2015. Além deles, Eduardo Bettoni conseguiu medalha em mundiais, por equipe, com o Brasil, no ano passado, em Budapeste.
PÁGINAS HISTÓRICAS
Estado de Minas, 27/11/1937
Inauguração que parou a cidade
Em 27/11/1937, o EM destacava a inauguração do Minas Tênis Clube, “a mais bela praça de esportes do Brasil”. As festividades ocorreram em dois dias, com a presença de equipes e atletas convidados, como os times de basquete do Palestra-SP e Riachuelo-RJ e as irmãs nadadoras Sieglinda e Maria Lenk.