O famoso cafezinho do dia a dia está tomando novas formas e conquistando outros mercados. Muito além do costume e da tradição, o grão ultrapassou os limites da xícara e agora previne até celulite. O negócio tem atraído a atenção da indústria e de grandes empresas, amparado por um setor com expectativas positivas – em 2015, a produção de café no estado deve atingir perto de 23,3 milhões de sacas, ante 22,6 milhões de sacas em 2014, segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
É do Sul de Minas Gerais, maior produtor de café do mundo, que sai o grão usado na fabricação de muitos produtos. A região responde por 43% da produção mineira do café, segundo dados da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig). E é na indústria de cosméticos que o café se faz cada vez mais presente. “Tudo gira em torno da importância que esse fruto tem para a nossa economia. O café é o principal produto do agronegócio mineiro”, afirma Vanessa Vilela, criadora da Kapeh (palavra que significa café no dialeto maia), marca de produtos para o corpo e cabelo, que tem como matéria-prima grãos de café certificados. “O café é rico e benéfico para a pele, tem muitas propriedades oxidantes, ação antienvelhecimento e esfoliante, além de proteção solar natural”, diz a farmacêutica e executiva da marca.
Os grãos utilizados pela empresa são provenientes de fazendas certificadas pela Utz Certified, que possibilita a checagem da safra, data de colheita, produtos utilizados no cultivo, colaboradores envolvidos, entre outros dados. “O café que usamos em nossa produção é produzido com sustentabilidade e tem toda uma rastreabilidade”, reforça. Há oito anos no mercado, a marca oferece mais de 120 itens vendidos em 18 estados e exporta para Portugal, Holanda e Coreia do Sul. “As pessoas que já apreciam a bebida ficam felizes com a valorização do produto”, diz Vanessa Vilela.
A Cooxupé, maior produtora do grão do país, também entrou no setor de cosméticos. Na semana passada, a empresa oficializou uma joint venture com a química Aqia, que fornece insumos para gigantes como Natura, Boticário e Unilever. A empresa venderá óleo e biomassa do café verde à química para serem usados nas indústrias cosmética e farmacêutica. Além da arrecadação com a venda de matéria-prima, a Cooxupé receberá uma participação nas vendas dos produtos à base de café fabricados pela Aqia.
A parceria deve alcançar um crescimento de 20% a 30% para os negócios da química, com faturamento de R$ 25 milhões até 2020, segundo a empresa. Para a cooperativa, no entanto, a perspectiva de acréscimo virá de médio a longo prazo. Segundo o presidente da Cooxupé, Carlos Alberto Paulino da Costa, por enquanto, serão entregues 100 sacas de café por mês para o processamento de 480 quilos de óleo verde e 5 mil quilos de biomassa, o que deve movimentar R$ 50 mil. “A receita é baixa, mas pensamos na boa aceitação no futuro”, disse. Em 2014, a Cooxupé registrou faturamento de R$ 2,5 bilhões e exportou 3,2 milhões de sacas de café arábica.
FORTALECIMENTO A força do café no Sul do estado também serviu de base para o cervejeiro Antônio Augusto Netto introduzir o grão em uma de suas receitas. No início do ano, o empresário abandonou a profissão de engenheiro elétrico e criou uma marca de cervejas artesanais em Guaxupé. Deu certo. Segundo Netto, em uma de suas degustações, a cerveja de café foi eleita a melhor. “O sabor é marcante de cerveja no início e possui um retrogosto intenso de café. Parece que você acabou de beber uma xícara de café”, conta o proprietário da marca Zug Bier (zug é uma palavra alemã que significa “trem” – gíria comum aos mineiros). Apesar da boa aceitação, a marca aguarda o registro no Ministério da Agricultura para comercializar o rótulo em bares, restaurantes e mercados. “A procura tem aumentado e vejo curiosidade do público em geral. Acredito que tenha muito a crescer e no futuro a ideia é exportar”, afirma.
A artesã Vanessa Massafera também se valeu do café para investir no próprio negócio. Moradora de Varginha, no Sul do estado, o artesanato faz parte do dia a dia da jovem há mais de 10 anos. Começou com a família numa discreta produção em casa e hoje as peças são vendidas para todo o Brasil e exportadas. “Minha mãe ganhou um moedor de uma senhora amiga dela e enfeitou com grãos de café de porcelana fria italiana. Esse foi o pontapé inicial”, conta Vanessa, que iniciou os trabalhos quando ainda tinha 15 anos.
De lá pra cá, a artesã, já produziu milhares de peças e por conta da originalidade, agradou empresas e fazendeiros da região. Os preços variam de R$ 35 a R$ 1 mil. “Fazemos relógios, mandalas, bandejas, quadros, latões de leite, moedores com o café. As pessoas foram se interessando e não paramos mais de produzir”, destaca. Segundo Vanessa, são utilizadas, cascas, plantas e filtros de papel para a produção dos artesanatos.
Produto com sucesso reconhecido
Marcas já conhecidas no mercado têm como carro-chefe produtos à base do café. Na doceira mineira Frau Bondan, o chocolate que leva o produto que vem das lavouras foi uma das primeiras apostas da proprietária Paula Bondan. “Nada mais justo que o próprio café tomar um banho de chocolate. É um produto de sucesso, que ultrapassa as barreiras da língua portuguesa e do paladar. O café é paixão pelo mundo inteiro”, destaca.
Na fabricação de balas, o grão também faz a vez de protagonista. A Florestal Alimentos, fabricante da balinha Brazilian Coffee conta com um volume médio de 52 milhões de unidades vendidas por mês. “Podemos dizer que é um dos produtos de maior sucesso da marca. É a bala de café mais vendida e conhecida do Brasil”, afirma o gerente de marketing da empresa, Adriano Orso. Segundo ele, atualmente, o produto é vendido para 20 destinos, tendo como principais os EUA, Hungria, Chile, Argentina e Uruguai.
Há ainda quem aposte no café para combater as temíveis celulites. Além de cosméticos à base do grão, uma empresa paulista desenvolveu uma bermuda que libera cafeína para diminuir as imperfeições na pele. Isabel Luiza Piatti, tecnóloga em estética e diretora de pesquisa e desenvolvimento de produtos da Buona Vita Cosméticos, conta que as células presentes no tecido liberam a substância, que entra na corrente sanguínea e age contra as marcas. “Cosméticos à base do café são os mais vendidos na linha de tratamento corporal. Isso não é novidade. O interessante é que esses produtos caíram no gosto do consumidor e vieram para ficar. Haja café!”, brinca.
É do Sul de Minas Gerais, maior produtor de café do mundo, que sai o grão usado na fabricação de muitos produtos. A região responde por 43% da produção mineira do café, segundo dados da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig). E é na indústria de cosméticos que o café se faz cada vez mais presente. “Tudo gira em torno da importância que esse fruto tem para a nossa economia. O café é o principal produto do agronegócio mineiro”, afirma Vanessa Vilela, criadora da Kapeh (palavra que significa café no dialeto maia), marca de produtos para o corpo e cabelo, que tem como matéria-prima grãos de café certificados. “O café é rico e benéfico para a pele, tem muitas propriedades oxidantes, ação antienvelhecimento e esfoliante, além de proteção solar natural”, diz a farmacêutica e executiva da marca.
Os grãos utilizados pela empresa são provenientes de fazendas certificadas pela Utz Certified, que possibilita a checagem da safra, data de colheita, produtos utilizados no cultivo, colaboradores envolvidos, entre outros dados. “O café que usamos em nossa produção é produzido com sustentabilidade e tem toda uma rastreabilidade”, reforça. Há oito anos no mercado, a marca oferece mais de 120 itens vendidos em 18 estados e exporta para Portugal, Holanda e Coreia do Sul. “As pessoas que já apreciam a bebida ficam felizes com a valorização do produto”, diz Vanessa Vilela.
A Cooxupé, maior produtora do grão do país, também entrou no setor de cosméticos. Na semana passada, a empresa oficializou uma joint venture com a química Aqia, que fornece insumos para gigantes como Natura, Boticário e Unilever. A empresa venderá óleo e biomassa do café verde à química para serem usados nas indústrias cosmética e farmacêutica. Além da arrecadação com a venda de matéria-prima, a Cooxupé receberá uma participação nas vendas dos produtos à base de café fabricados pela Aqia.
A parceria deve alcançar um crescimento de 20% a 30% para os negócios da química, com faturamento de R$ 25 milhões até 2020, segundo a empresa. Para a cooperativa, no entanto, a perspectiva de acréscimo virá de médio a longo prazo. Segundo o presidente da Cooxupé, Carlos Alberto Paulino da Costa, por enquanto, serão entregues 100 sacas de café por mês para o processamento de 480 quilos de óleo verde e 5 mil quilos de biomassa, o que deve movimentar R$ 50 mil. “A receita é baixa, mas pensamos na boa aceitação no futuro”, disse. Em 2014, a Cooxupé registrou faturamento de R$ 2,5 bilhões e exportou 3,2 milhões de sacas de café arábica.
FORTALECIMENTO A força do café no Sul do estado também serviu de base para o cervejeiro Antônio Augusto Netto introduzir o grão em uma de suas receitas. No início do ano, o empresário abandonou a profissão de engenheiro elétrico e criou uma marca de cervejas artesanais em Guaxupé. Deu certo. Segundo Netto, em uma de suas degustações, a cerveja de café foi eleita a melhor. “O sabor é marcante de cerveja no início e possui um retrogosto intenso de café. Parece que você acabou de beber uma xícara de café”, conta o proprietário da marca Zug Bier (zug é uma palavra alemã que significa “trem” – gíria comum aos mineiros). Apesar da boa aceitação, a marca aguarda o registro no Ministério da Agricultura para comercializar o rótulo em bares, restaurantes e mercados. “A procura tem aumentado e vejo curiosidade do público em geral. Acredito que tenha muito a crescer e no futuro a ideia é exportar”, afirma.
A artesã Vanessa Massafera também se valeu do café para investir no próprio negócio. Moradora de Varginha, no Sul do estado, o artesanato faz parte do dia a dia da jovem há mais de 10 anos. Começou com a família numa discreta produção em casa e hoje as peças são vendidas para todo o Brasil e exportadas. “Minha mãe ganhou um moedor de uma senhora amiga dela e enfeitou com grãos de café de porcelana fria italiana. Esse foi o pontapé inicial”, conta Vanessa, que iniciou os trabalhos quando ainda tinha 15 anos.
De lá pra cá, a artesã, já produziu milhares de peças e por conta da originalidade, agradou empresas e fazendeiros da região. Os preços variam de R$ 35 a R$ 1 mil. “Fazemos relógios, mandalas, bandejas, quadros, latões de leite, moedores com o café. As pessoas foram se interessando e não paramos mais de produzir”, destaca. Segundo Vanessa, são utilizadas, cascas, plantas e filtros de papel para a produção dos artesanatos.
Produto com sucesso reconhecido
Marcas já conhecidas no mercado têm como carro-chefe produtos à base do café. Na doceira mineira Frau Bondan, o chocolate que leva o produto que vem das lavouras foi uma das primeiras apostas da proprietária Paula Bondan. “Nada mais justo que o próprio café tomar um banho de chocolate. É um produto de sucesso, que ultrapassa as barreiras da língua portuguesa e do paladar. O café é paixão pelo mundo inteiro”, destaca.
Na fabricação de balas, o grão também faz a vez de protagonista. A Florestal Alimentos, fabricante da balinha Brazilian Coffee conta com um volume médio de 52 milhões de unidades vendidas por mês. “Podemos dizer que é um dos produtos de maior sucesso da marca. É a bala de café mais vendida e conhecida do Brasil”, afirma o gerente de marketing da empresa, Adriano Orso. Segundo ele, atualmente, o produto é vendido para 20 destinos, tendo como principais os EUA, Hungria, Chile, Argentina e Uruguai.
Há ainda quem aposte no café para combater as temíveis celulites. Além de cosméticos à base do grão, uma empresa paulista desenvolveu uma bermuda que libera cafeína para diminuir as imperfeições na pele. Isabel Luiza Piatti, tecnóloga em estética e diretora de pesquisa e desenvolvimento de produtos da Buona Vita Cosméticos, conta que as células presentes no tecido liberam a substância, que entra na corrente sanguínea e age contra as marcas. “Cosméticos à base do café são os mais vendidos na linha de tratamento corporal. Isso não é novidade. O interessante é que esses produtos caíram no gosto do consumidor e vieram para ficar. Haja café!”, brinca.