Atualmente, o produto processado já corresponde a mais da metade do total vendido no país, dizem os empresários. Granjas antes focadas na produção de ovos passaram por adaptações para também processá-los. “É uma tendência de consumo. O mercado se inverteu, o de processados é muito melhor. Nenhum restaurante vai comprar para descascar.
Apesar do aumento da demanda, o empresário reclama do baixo retorno do produto. Com a queda nas vendas por causa da crise econômica, o item acaba sendo vendido pelo preço aproximado do ovinho in natura.
Na maior unidade de processamento do país, Granja Loureiro, em Perdões, no Centro-Oeste do estado, com 160 toneladas ao ano, 90% dos ovos em conserva são refrigerados. Trata-se de um produto com sabor mais parecido ao do natural, com validade curta. O outro produto, refrigerado, é um tipo de picles, com oito meses de duração. O primeiro é distribuído principalmente no Sudeste, enquanto a conserva segue para a Região Sul do país. “O ovo de codorna deixou de ser um alimento de fundo. As pessoas foram criando hábito de consumo”, afirma o veterinário da empresa, Paulo Renê.
Ao observar a série histórica do rebanho de codornas no país percebe-se incremento significativo nas duas últimas décadas.
A maior parte do efetivo concentra-se na Região Sudeste (78,2%). São Paulo representa mais da metade do total produzido no país. Juntos, três municípios respondem por quase metade do rebanho nacional – Bastos e Lacri, em São Paulo, e Santa Maria de Jetibá, no Espírito Santo. Além de ter o maior rebanho, os produtores paulistas também respondem pela maior produção de ovos de codorna do país (59,3% do total). Espírito Santo (11,5%) e Minas Gerais (9,6%) vêm logo em seguida.
Em meio à crise econômica, o preço médio da dúzia do produto ficou em R$ 0,80, igual ao registrado há um ano.
DESPERDÍCIO Sem abatedouros especializados em codornas, as aves criadas em granjas da Região Sudeste são descartadas depois de aproximadamente um ano de produção. A situação releva o descaso com a carne exótica e valorizada, que acaba desperdiçada.
O proprietário da Granja Naju, Evando Carvalho, afirma que a fiscalização dos órgãos sanitários impede a venda dos animais para abatedouros sem o selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF). Hoje, não há unidade de abate certificada na região. O uso de um local para frangos, compartilhado com codornas, exigiria a aquisição de equipamentos específicos. No mais, segundo Carvalho, as aves produzidas em Minas Gerais deveriam ser abatidas no estado, segundo normas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Apesar de toda a dificuldade, ele diz ter conversas em andamento para a construção de uma unidade em Minas. Inicialmente, as aves seriam repassadas por um ano para o abatedouro sem custo para o empresário. Mas a crise na economia dificulta este e outros projetos para ampliar a capacidade de produção das granjas.
Segundo o veterinário da Granja Loureiro, Paulo Renê, no caso da carne, o desafio, além da questão do abate, é criar o mesmo hábito de consumo que se deu com os ovos, o que contribuiria para “dar um destino mais nobre , evitando o desperdício”.
Outra dificuldade para o setor é a exportação de ovos. Nesse caso, segundo Carvalho, os empresários esbarram em burocracias e na liberação de conservantes e rotulação no Mapa. A empresa chegou a ter proposta para vender para a Itália, enviou exemplares para degustação, mas não conseguiu dar fôlego ao fluxo. Renê destaca que o consumo da carne de codorna é mais comum na Europa, enquanto Japão e China são grandes consumidores dos ovos. “No Japão, o ovo é servido até mesmo na merenda escolar”, afirma..