A quantidade de frango in natura exportado em 2015 bateu recorde na série histórica da balança comercial do agronegócio, desde 1997, de acordo com dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) divulgados na segunda semana de janeiro. Segundo a secretária de Relações Internacionais do Agronegócio do ministério, Tatiana Palermo, o volume de carne de frango exportado chegou a 3,89 milhões de toneladas no ano passado, um crescimento de 7% em relação a 2014.
O levantamento divulgado pelo Mapa mostra também que, em 2015, a participação do agronegócio na balança comercial brasileira foi a maior desde o início da série histórica, respondendo por 46,2% de tudo o que foi vendido ao exterior. Em 2014, esse percentual foi de 43% e, em 2013, 41,3%. Em relação ao valor exportado, a soja ocupou a primeira posição no ranking, com US$ 27,9 bilhões, e as carnes aparecem em segundo lugar nas vendas externas – US$ 14,7 bilhões –, com destaque para o frango, que representou 48% do valor exportado pelo setor de carnes, um montante de US$ 7,07 bilhões.
Em Minas Gerais, o volume de frango exportado também aumentou – 4,65% em 2015, frente a 2014. De acordo com dados da Secretaria de Agricultura de Minas Gerais (Seapa), no ano passado, os abates de cortes feitos no estado que tiveram o exterior como destino chegaram a 195,5 mil toneladas de frango, enquanto 2014 fechou com 186,8 toneladas enviadas a clientes estrangeiros. No entanto, a receita das exportações da carne branca recuaram 3,9%, de US$ 311,5 milhões em 2014, para US$ 299,2 milhões no ano passado.
O superintendente de Política e Economia Agrícola da Seapa, João Ricardo Albanez, destacou que o volume de frango exportado pelo estado é recorde nos últimos 10 anos. “O mercado demandou mais e por isso a alta na quantidade. O aumento da demanda interna também ocorre, impulsionado pela disparada dos preços da carne bovina.
Albanez ressaltou que os principais clientes da carne de frango mineira estão no Oriente Médio, assim como para o produto exportado em todo o Brasil. “Em 2015, nossos principais parceiros comerciais em vendas foram a Arábia Saudita, que consumiu 39,8% do valor da carne de frango de Minas, seguida pelos Emirados Árabes, que ficaram com 13,6% do nosso mercado de frango, 4,5% foram exportados para o Kuwait; 4,3%, para o Catar e 3,4%, para o Japão. O restante foi destinado a outros parceiros pelo mundo.”
Ainda de acordo com Albanes, o principal importador de frango no mundo é o Japão, seguido pela Arábia Saudita e pelo México. O Brasil lidera a exportação mundial de frango, com 36,3% da carne comercializada, e os Estados Unidos ocupam a segunda posição, com 30,1% do mercado mundial.
PREÇO MÉDIO Seguindo a tendência mundial das commodities, os principais produtos agrícolas brasileiros exportados – além da carne –, como a soja, tiveram queda no preço médio, segundo o Mapa. O fato levou a redução do superávit da balança, que em 2015 foi de US$ 75,15 bilhões, inferior aos US$ 80,13 bilhões em 2014. A baixa, porém, foi compensada pelos volumes recordes exportados e pela valorização do câmbio, o que sustentou a renda em real dos exportadores.
“Em tempos difíceis do cenário econômico mundial, com a queda generalizada de preços, estamos muito bem, com a venda de volumes recordes ao longo de 2015”, observa a secretária de Relações Internacionais do Mapa, Tatiana Palermo. “A taxa de câmbio aumentou 45% desde o início do ano. Essa alta amenizou a queda nos preços das principais commodities agrícolas. A atividade agropecuária continua sendo bem remunerada.”
O crescimento contínuo do ganho dos produtores brasileiros pode ser constatado quando se analisam os valores médios exportados em reais. Em 2015, as exportações somaram R$ 299 bilhões, aumento de 30,8% em relação ao ano anterior.
Albanez garante ainda que Minas tem potencial para atender esse consumo crescente.
Ainda de acordo com Albanes, uma das dificuldades enfrentadas pelo produtor de frango em Minas em 2015 foi o aumento do custo da produção. “As despesas impactaram a atividade no ano passado. O principal componente desse custo é a ração. O milho e a soja apresentaram preços bem mais altos em relação a 2014, reagindo ao mercado interno, e ainda a exportação desses grãos foi de forte crescimento, diante da desvalorização do real frente ao dólar. Em 2015, o volume exportado de milho bateu recorde, com mais de 20 milhões de toneladas enviadas para o mercado externo.”
Dados divulgados em janeiro pelo Mapa revelam que o volume exportado de soja em grãos cresceu 19% em relação a 2014 e chegou a 54,32 milhões de toneladas, maior quantidade registrada na história. Os demais recordistas em exportação foram o farelo de soja, com 14,8 milhões de toneladas vendidas para o exterior (aumento de 8%); o milho, que alcançou 28,9 milhões de toneladas (crescimento de 40%); o café, com 2,09 milhões de toneladas (1%) e a celulose, com 11,97 milhões de toneladas (8%).
Ainda segundo o Mapa, outros itens importantes para o agronegócio brasileiro registraram aumento no volume exportado em relação a 2014, como álcool (34%), frutas (17%), papel (14%), cacau e derivados (12%) e carne suína (10%).
Quanto à participação do agronegócio na balança comercial brasileira, em relação ao valor exportado, depois da soja, que ocupou a primeira posição no ranking seguida pelas carnes, os produtos florestais ficaram com a terceira colocação. Foram exportados US$ 10,33 bilhões, dos quais mais da metade representa venda de celulose (US$ 5,59 bilhões). Em relação ao ano anterior, houve crescimento de 5,6% em valor, quando as exportações do produto haviam alcançado US$ 5,29 bilhões.
Campeões de compras
A China foi o principal destino dos produtos do agronegócio brasileiro em 2015, comprando o equivalente a US$ 21,28 bilhões, principalmente em soja em grãos e celulose. O país asiático foi o destino de mais de 75% da soja exportada no período. Depois vieram os Estados Unidos (US$ 6,47 bilhões) com destaque para café verde (US$ 1,18 bilhão), celulose (US$ 983,62 milhões) e álcool (US$ 451,03 milhões).