Diante de um cenário cada vez mais concorrido e ao mesmo tempo promissor para os produtores de cafés especiais, as fazendas abrem espaço para um profissional capaz de promover o aumento de até 50% do valor agregado dos grãos. Trata-se do classificador e degustador de café com conhecimento e metodologia para avaliar o produto segundo critérios internacionais, o chamado Q- Grader (na sigla em inglês, q de qualidade).
Desde 2012, eles têm sido mais requisitados. Com salários que podem variar de R$ 3 mil a R$ 30 mil, esses “garimpeiros de tesouros” são certificados e se antes atuavam nas empresas e nas cooperativas, agora, com a expansão dos grãos diferenciados, tornam essenciais no campo.
O Q-Grader é, numa definição simplificada, um provador de café qualificado, que recebeu treinamento do instituto de qualidade de café Coffee Quality Institute (CQI na sigla em inglês) da Associação Americana de Cafés Especiais (SCAA). A prática da profissão vai muito além disso.
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Capacitação como Q-Grader exige investimento altoMinas é o segundo estado em certificações de origem no mercado agroCresce prestígio internacional de 'cafés especiais' brasileiros e mercado está em expansãoCafé especial tem valorização extra no mercado internacionalReis conta que, há três anos, quando resolveu se tornar um Q-Grader, trabalhava no Sebrae e já tinha experiência em degustação de cafés.
Warley Carlos de Oliveira é um desses profissionais raros. Há 14 anos trabalhando com café, ele se tornou Q-Grader em 2013. “Trabalho na parte de classificação da bebida, dentro de cooperativas, mas fui acompanhando o crescimento dos grãos especiais e resolvi ter essa certificação internacional”, afirma. Ele comenta que se trata de profissão apaixonante, mas que requer experiência.
BONS FRUTOS “Os produtores estão entendendo a necessidade de contratar um Q-Grader, porque muitas vezes o produtor vendia sacas de café sem saber que ali havia grãos especiais de alto valor”, diz. É o que reforça Tiago Alves, dono do Café Barinas, de Araxá, no Alto Paranaíba. Ele contratou Warley com a finalidade de melhorar a qualidade do café que produz.
Com a atuação do Q-Grader, a classificação do Barinas alcançou 87 pontos, uma nota alta no ramo cafeeiro. “É um trabalho de longo prazo e, principalmente, de consciência entre os outros trabalhadores da fazenda. O Warley nos acompanha em toda a produção e, com isso, as nossas vendas cresceram cerca de 20%”, revela.
Jorge Fernando Naimeg, produtor em Patos de Minas, também no Alto Paranaíba, contratou um Q-Grader para a sua produção. Com a novidade, registrou aumento de 50% das vendas. “É um garimpeiro, que seleciona o ouro nos cafés.
Na semana passada, durante a Feira Internacional do Café, realizada em Belo Horizonte, o trabalho do profissional de degustação e classificação foi destaque nos debates. Houve muitas degustações de cafés com a participação desses profissionais. O evento abordou novidades e tendências de negócios do universo cafeeiro durante três dias no centro de convenções Expominas. Estiveram reunidos no local cerca de 15 mil visitantes e 165 marcas expositoras.
Enquanto isso...
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O produtor Afonso Donizete Lacerda, de Dores do Rio Preto, no Espírito Santo, é o vencedor do concurso Coffee of The Year 2016, na variedade arábica, realizado durante a quarta edição da Semana Internacional do Café (SIC), em Belo Horizonte. O público presente ao evento participou de degustações às cegas e ajudou a eleger o melhor café do Brasil. “Sempre acreditei na qualidade do café que produzo. Estou muito feliz”, disse o cafeicultor.