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Estado de Minas

Exploração da macaúba garante sobrevivência de famílias no Norte de Minas

Coco extraído da palmeira tem garantido renda para 400 famílias do Norte de Minas. Experiência bem-sucedida tem atraído a atenção de produtores rurais de outras regiões


postado em 28/11/2016 06:00 / atualizado em 28/11/2016 08:11

Ao longo do Vale do Riacho D'Antas há 8 milhões de pés de macaúba(foto: Codevasf/divulgação)
Ao longo do Vale do Riacho D'Antas há 8 milhões de pés de macaúba (foto: Codevasf/divulgação)
Elas sempre estiveram ali e significam uma população de, aproximadamente, 8 milhões de pés em mata nativa ao longo do Vale do Riacho D’antas, que abrange os municípios de Montes Claros, Mirabela, Coração de Jesus e Brasília de Minas. Mas a importância social e econômica dessa palmeira não tinha sido percebida até os idos dos anos 1990. Foi a luta das comunidades ribeirinhas pela preservação do Rio Riachão que possibilitou a descoberta do fruto que hoje sustenta 400 famílias do Norte de Minas e indiretamente 3 mil pessoas. Hoje, elas vivem da produção de sabão em barra, óleo de amêndoa, óleo de polpa, cosméticos, ração para alimentação animal, óleo para produção de biodiesel, entre outros. Tudo isso produzida com matéria-prima retirada da coco da Macaúba – uma espécie nativa do cerrado, abundante em todo o país.

A luta de 14 anos para a exploração do coco da macaúba renderam frutos. É o que conta o presidente da Cooperativa de Agricultores Familiares e Agroextrativista Ambiental do Vale do Riachão (Cooper Riachão), Agnaldo Fonseca. Ele foi um dos pioneiros na atividade. Inicialmente, a extração, ainda em 2003, se limitava a 25 caixas. Hoje, são extraídas e beneficiadas mais de 450 toneladas anuais.
Fonseca explica que do coco da macaúba tudo é aproveitado, da casca à deliciosa castanha em seu interior. “Nós estávamos lutando para retirada de pivôs colocados ao longo do Rio Riachão por grandes agricultores, que estavam secando o rio. Assim, andando ao longo das margens percebemos a existência de inúmeras palmeiras e passamos a buscar ajuda para explorar o coco. Fomos vitoriosos na luta em defesa do rio, hoje, sem pivôs e ainda descobrimos uma importante fonte de renda para as famílias locais”, diz o produtor.

O gerente financeiro e administrativo da Cooper Riachão, João Elias Ribeiro, conta que do óleo da castanha e da popa do coco da macaúba é retirada a matéria-prima para a fabricação de produtos como o sabão em barra e em pó, além da pasta de brilho para alumínio. Além disso, a polpa, depois de retirado o óleo, é triturada junto com a casca externa do fruto e se transforma em ração para bovinos e equinos. E mais. A casca da semente e os resíduos dela, depois de retirado o óleo, pode ser triturada para a produção uma ração de qualidade para aves.

A exploração da macaúba já está despertando o interesse de diversos compradores, de olho na qualidade e preço dos produtos. “Nós vendemos parte da nossa produção de óleo para a Petrobras e temos compradores importantes do estado de São Paulo, do Distrito Federal e de Brasília”, conta Ribeiro. Ele, que já tinha deixado a cidade natal, retornou para realizar o sonho de dias melhores.

Segundo Ribeiro, no ano passado, a cooperativa faturou R$ 260 mil somente com a venda dos produtos do coco da macaúba. “Hoje, o pequeno produtor rural do Vale do Rio Riachão não é mais dependente de programas governamentais de transferência de renda”, atesta. Por sua vez, Agnaldo Fonseca diz que o mercado pode expandir muito e vê um horizonte de céu azul pela frente. “Não existe barreira de mercado, pois recentemente a Unidade de Beneficiamento do Coco Macaúba conseguiu a certificação ambiental da Roundtable on Sustainable Biomaterials (RSB) com suporte do Programa Boeing de Cidadania Corporativa”, explica. A unidade fica no município de Montes Claros”, conta. Ele diz ainda que o sucesso da iniciativa e a compra de maquinário contou com o apoio da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e outros parceiros.

VIVEIRO Com o sucesso da extração, a Cooper Riachão já está partindo para um novo desafio: a montagem de um viveiro de mudas. “O objetivo é fazer o plantio e ainda a reposição das matas ciliares do Riachão”. Fonseca explica ainda que já têm 120 hectares destinado a essa finalidade, mas garante que o desafio será grande. “Nunca fizemos o plantio e, então, não sabemos como elas vão reagir, por exemplo, a pragas. Mas a palmeira é muito resistente”, diz. O zoologista Anderson Rabello, analista em desenvolvimento regional da Codevasf, explica que uma palmeira vive até 100 anos e tem o auge de sua produção a partir de 30 anos. Além disso, de cerca de 100 frutos que caem da palmeira, apenas três deles vão germinar e, por isso, a importância do viveiro. Segundo ele, se comparado ao plantio de soja, a macaúba pode ser cinco vezes mais produtiva.

Para falar da importância da atividade, a Codevasf está promovendo o Seminário Regional do Coco Macaúba, em parceria com a Associação Comunitária de Pequenos Produtores Rurais de Riacho D’antas e Adjacências no auditório do Câmpus da Universidade Federal de Minas Gerais/ICA, em Montes Claros, no próximo dia 1º. “Nosso objetivo é reunir para debater os diferentes atores dessa cadeia de produção e repassar a experiência desenvolvida ao longo do Riachão. Já são 350 inscritos e entre eles estão associações de cidades como Dores do Indaía e Patos de Minas, que já tiveram experiências semelhantes e querem avançar no processo, diz Rabello, que também coordena o seminário. 


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