A produção de açúcar em Minas Gerais atingirá recorde histórico em sua safra de 2016/2017. Após forte recessão, com usinas fechadas e demissões entre 2010 e 2014, o setor registrou bons números no ano passado e a safra que se encerra no fim deste primeiro trimestre reforça o momento de recuperação. A melhora do preço do açúcar no mercado internacional e o aumento da demanda – tanto interna quanto externa – impulsionam a produção do açúcar. Em Minas Gerais, duas novas fábricas de açúcar serão inauguradas nos próximos meses.
“O setor vive um bom momento de faturamento e as perspectivas são boas. Em 2017, teremos investimentos de cerca de R$ 100 milhões em novas fábricas. Um recurso que gera oportunidades de emprego e movimenta uma imensa cadeia de produção”, explica Mário Ferreira Campos Filho, presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas e do Sindicado da Indústria do Açúcar de Minas Gerais (SIAMIG). Além das novas fábricas de produção de açúcar, Minas tem ainda três projetos para a produção de bioeletricidade – processo que usa o bagaço da cana na produção de energia.
Hoje, 65% do açúcar produzido em Minas é voltado para o mercado externo, sendo que o maior comprador é a China, seguido do Norte da África e do Oriente Médio. O setor emprega diretamente mais de 60 mil pessoas no estado e mais de 1,3 mil produtores plantam a cana-de-açúcar para fornecer a matéria-prima para as unidades industriais.
Nos últimos 10 anos, o cultivo ganhou espaço nas terras mineiras. No ano passado, a produção gerou cerca de R$ 4 bilhões e o açúcar que, em 2006, representava apenas 1,7% das exportações em Minas, passou ser responsável por 5,2% de toda a produção agrícola exportada pelo estado. Apesar do momento de crise econômica e de cautela nos gastos, a produção açucareira em Minas cresceu 22,25% neste ano. Com isso, o açúcar ultrapassou a soja e agora ocupa o segundo lugar entre principais produtos da balança comercial do agronegócio mineiro – o café continua sendo o mais exportado.
CONCORRÊNCIA EM ALTA A partir deste ano o mercado do açúcar no mundo terá a forte concorrência da União Europeia, que aprovou em 2016 mudanças nas barreiras comerciais que controlam o produto. A remoção das cotas de produção e dos pagamentos mínimos para produtores de beterraba, usada na fabricação europeia de açúcar deve incentivar produtores do velho continente a exportar mais. O novo concorrente se junta à Tailândia e a Austrália, como os maiores vendedores do açúcar no mercado internacional. Mas nada que assuste os produtores brasileiros, afirma Mario Campos.
“A União Europeia vai ficar forte neste mercado, usando o açúcar extraído da beterraba. Mas o Brasil continua imbatível em termo de custos de produção, com uma cadeia muito sólida e de muita qualidade”, diz o presidente da Siamig, lembrando que a safra deste ano atingiu o recorde de 3,95 milhões de toneladas. O máximo até então era de 3,5 milhões de toneladas, produzidas há quatro anos.
Uma das vantagens para o setor é a capacidade de oferecer dois produtos de grande procura: o açúcar e o etanol. O combustível ainda foi a principal destinação da colheita da cana-de-açúcar: 52% da produção foi voltada para produzir etanol e 48% foi destinada para a fabricação de açúcar.
“Temos uma importante flexibilidade das fábricas, em que é possível capturar e estimar os ganhos de mercado, seja para o açúcar ou para o etanol. Claro que é uma flexibilidade limitada, uma vez que as empresas fazem investimentos para suas moagens e precisam planejar a capacidade de armazenagem e a logística de transporte, por exemplo”, explica Mario Campos.