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Estado de Minas

Plumas de avestruz para o carnaval do Rio e São Paulo são fornecidas por Minas Gerais

Criatórios vendem toneladas de penas de aves para as maiores escolas de samba que garantem as mais famosas folias do Brasil


postado em 13/02/2017 06:00 / atualizado em 13/02/2017 09:02

O veterinário Eduardo Mello conta que a indústria das plumas tem feito sucesso também em festas de debutantes(foto: Beto Magalhaes/EM/D.A Press)
O veterinário Eduardo Mello conta que a indústria das plumas tem feito sucesso também em festas de debutantes (foto: Beto Magalhaes/EM/D.A Press)

Há duas semanas do carnaval, a festa de momo já toma o pensamento de muita gente. Há quem queira descansar, mas também quem queira garantir suas fantasias. Para fazer sucesso, os acessórios devem conter muito brilho, criatividade e plumas, muitas plumas. O que muita gente não sabe é que Minas Gerais fornece o material que encanta pessoas do mundo todo nos adereços usados por passistas nas escolas de samba do grupo especial do Rio de Janeiro e de São Paulo. E são das avestruzes que elas são extraídas.

“São várias escolas de samba cariocas e paulistas com plumas mineiras”, afirma Eduardo Mello, veterinário e proprietário da Max Truz, empresa que cria as aves e fornece para o mercado não só as plumas, mas também carne e outros produtos extraídos da avestruz. Ainda segundo ele, além da indústria de carnaval, as plumas também têm feito sucesso na decoração de festas de debutantes, mas o destaque maior cabe mesmo às fantasias. O Brasil é o maior importador de plumas do mundo.

Por ano, a empresa de Mello produz cerca de duas toneladas do acessório. As plumas são vendidas à cerca de R$ 160 reais por quilo, podendo chegar a até R$ 1,2 mil, no caso das especiais. Cada escola de samba consome de 70 a 150 quilos do item por ano. O uso das plumas também têm tido boa aceitação na indústria da moda. “Já temos grifes mineiras que usam o produto em suas confecções”, disse o empresário. Há destaque também para a utilização das penas de avestruz na produção de espanadores.

Da avestruz, no entanto, se aproveita tudo. Além da plumagem, também há comércio para o couro e, principalmente, para a carne, ainda vista como exótica. Com plena possibilidade de expansão, a produção para atender ao mercado gastronômico tem voltado a apresentar sinais de melhora. Isso porque o produto está em consonância com uma tendência de alimentação mais saudável que tem tido, cada vez mais, adeptos no Brasil. “O brasileiro está começando a ter a visão de mudar os hábitos alimentares e a carne da avestruz é rica em ferro e, além disso, tem menos teor de gordura, quando comparado com a carne de boi, por exemplo”, diz Eduardo.

Segundo ele, para tentar fazer com que a carne ganhe mercado algumas estratégias estão sendo usadas. Uma delas é a produção de espetinhos. “Às vezes a pessoa pode estranhar pedir um prato, inclusive mais caro, de avestruz, mas ela chega e tem um espetinho, aí ela resolve experimentar. Ela vai perceber como o sabor é gostoso, pede mais, e passa a gostar da carne”, afirma Eduardo, que revelou que a empresa dele já fornece esse tipo de produto para vários estabelecimentos de Belo Horizonte.

NA MERENDA Ainda sobre a carne, desde 2010 a Prefeitura de Caraguatatuba, no litoral paulista, oferece carne de avestruz na merenda de creches e escolas da rede municipal da cidade. O produto também é usado por alguns hospitais na dieta de pacientes cardíacos, obesos, que passaram por algum procedimento cirúrgico, por ser mais saudável. A utilização do óleo de avestruz também tem começado a se destacar, tanto para ingestão oral, por ser rico em ômega 3, quanto na indústria de cosméticos.

E Minas Gerais tem todas as condições de se destacar ainda mais na criação da avestruz. Isso porque as características climáticas do estado, principalmente de algumas regiões, são favoráveis e se assemelham muito às observadas na África, local de origem da ave. “É uma oportunidade que os pecuaristas têm de aproveitar pelas características do animal, que se adapta bem a todas as regiões do estado. Tem a alimentação parecida com a dos bovinos e a carne é mais saudável”, observa Wallisson Lara Fonseca, analista de agronegócio da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg).

RISCOS
Apesar das boas perspectivas, o negócio deve ser guiado por muita gestão. Caso contrário, pode ocorrer como no início dos anos 2000, quando muita gente entrou na onda, por modismo, mas acabou não se programando e ficou pelo meio do caminho e perdeu o investimento. “A atividade exige muita gestão, não adianta a gente produzir sem ter o consumo lá na ponta. A gente tem que ter uma cadeia produtiva com as engrenagens bem estruturadas e alinhas para que o produto não se perca”, analisa.

Segundo Wallisson, o mercado consumidor dos produtos oriundos do manejo da avestruz são muito exigentes, o que demanda do produtor essa excelência na gestão. “Os que foram gestores e tiveram uma estratégia da produção do ovo até o abate, sobreviveram à onda”, afirma. Os que permaneceram no negócio, foram os que abriram mercados, geralmente compostos por supermercados e restaurantes mais nobres.

Saiba mais


O investimento mínimo para se entrar no negócio da criação de avestruz é de cerca R$ 3,5 mil – preço médio de um casal de avestruzes. O tempo para o abate da ave é de 12 meses. Em relação aos ovos, a avestruz põe ovos durante seis meses por ano e produz cerca de 40 a 100 ovos por ano. Desse total, cerca de 30% a 35% são férteis e podem ser usados para aumentar a criação.
O período de encubação é de 38 dias. E é necessário ter muita atenção com a temperatura, que deve ficar em torno de 36 graus.
A umidade exigida fica em cerca de 60%.


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