Os produtores de frutas dos projetos de irrigação do Jaiba (município homônimo) e Gorutuba (municípios de Janauba e Nova Porteirinha). no Norte de Minas, buscam na exportação uma alternativa para incrementar as vendas, aumentar os lucros.
Os fruticultores norte mineiros já exportam limão e manga. Agora, tentam comercializar para o exterior outras frutas, colocando em destaque a banana, carro-chefe da fruticultura regional, com uma área plantada de 20 mil hectares e uma produção anual da ordem de 260 mil toneladas, de acordo com dados da Associação Central dos Fruticultores do Norte de Minas (Abanorte).
Nos próximos dias, a associação de Fruticultores enviará para um distribuidor da Bélgica uma quantidade de banana para avaliação de comerciantes e consumidores, visando a compra do produto norte mineiro. Conforme a gerente da Abanorte, Ivanete Pereira, além da Bélgica, as amostras de banana – da variedade prata anã – serão “testadas” também em outros países do continente europeu como Reino Unido, Portugal, Alemanha e França.
A meta é criar mecanismos para exportar a banana norte mineira em curto prazo. “Os clientes vão avaliar a maturação, a qualidade, o sabor e o aspecto visual da fruta. Também será observado o potencial de consumo entre os europeus”, afirma Ivanete, acrescentando que, no inicio de abril, também vai receber a visita de um funcionário do Porto de Antuérpia (Bélgica), com o objetivo de averiguar as condições sanitárias da produção de frutas no Jaíba.
O envio da banana do Norte de Minas para os testes de consumo na Europa é resultado da participação da Abanorte na Feira Mundial de Fruticultura, a Fruit Logistic, realizada em Berlim (Alemanha), em fevereiro passado. Foram apresentadas na feira na cidade alemã quatro tipos de frutas produzidas na região do Projeto Jaíba: o limão e a manga –, que já são vendidas para o Velho Mundo –, a banana e o mamão.
Foram exibidas frutas produzidas por quatro produtores da região do Jaíba que já exportam ou destacam pela qualidade da produção: Darcy da Silveira Glória, Shiguetoshi Kojima, Marco Ribeiro e Saulo Bresinski Lage. Além da presença na feira, as frutas norte mineiras também foram mostradas – com direito a degustação, em um espaço de 60 metros quadrados em uma das maiores lojas de departamento da Europa, a KaDeWe, também em Berlim. A estratégia para a divulgação na Alemanha foi organizada como apoio do Sebrae Minas.
Ivanete Pereira salienta que existe um grande potencial para as vendas no mercado internacional, sendo que, até hoje, a quantidade de banana não chega a 2% da produção nacional. “Acredito que as perspectivas para a entrada da nossa banana na Europa são muito boas. A banana brasileira ainda é vista pelos consumidores europeus como fruta exótica – diferente – e eles são muito abertos a receberem produtos novos. Alem disso, temos que considerar que na Europa residem muitos brasileiros que querem consumir o produto nosso”, afirma a gerente, que esteve na feira em Berlim.
Mercados
O presidente da Abanorte, Saulo Bresinski Lage, que também participou na exposição na Alemanha, ressalta que, além dos europeus, a banana do Jaíba desperta interesse de compradores dos Estados Unidos, para onde também foram enviadas caixas da fruta, para testes de consumo. Por ser uma fruta perecível, a banana é transportada para outros países por avião.
Saulo Lage lembra que os agricultores norte mineiros vislumbram ainda a possibilidade da venda do mamão para outros países. Atualmente, no Brasil, a fruta é exportada somente por produtores do Espírito Santo e da Bahia. Com uma área plantada de 1,8 mil hectares da cultura, o Norte de Minas vende a maior parte de sua produção de mamão para São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Goias e Distrito Federal.
O presidente da Abanorte destaca que a exportação é a saída para que os produtores possam aumentar as vendas e também buscar melhores preços, rompendo a dependência de comerciantes atacadistas de frutas do mercado nacional. “As frutas são perecíveis. Por isso, quando há grande produção, os atacadistas do mercado interno diminuem o preço de compra porque sabem que não podemos estocar e segurar nosso produto por muito tempo”, observa Lage.
Ganho certo com o limão e a manga
A renda da exportação já é conseguida por produtores de limão e manga do Projeto Jaíba. O maior volume de vendas é feito pelos plantadores de limão. De acordo com o presidente da Associação dos Produtores de Limão do Jaiba (Aslim), Randolfo Diniz Rabelo, no ano passado, a região comercializou para o mercado externo cerca de 4 mil toneladas da fruta.
Randolfo afirma que os produtores do cítrico alcançam um lucro muito elevado com a exportação. “O preço do limão no mercado externo é 80% a mais do que no mercado brasileiro”, assegura, lembrando do grande consumo na Europa como componente da “caipirinha brasileira”, famosa por lá. Segundo ele, 47 produtores do projeto Jaíba exportam limão.
A fruta já sai preparada para a exportação de galpões na área do perímetro irrigado, no município de Jaíba. Segue em constainers em cima da carroceria de caminhões até o Porto de Salvador. O limão do Norte de Minas é desembarcado no Porto de Roterdã (Holanda). De lá, é enviado para a comercialização em vários países da europeus como Inglaterra e Alemanhã, além da própria Holanda. A fruta também chega ao Oriente Médio (Dubai). De acordo com a Abanorte, vários agricultores de manga do Jaíba fecharam contratos de exportação para países europeus, entre Portugal, Espanha, Inglaterra e Holanda.