Cerca de 40% a menos em colesterol, 11% de proteínas a mais e uma quantidade de calorias 55% inferior são algumas das vantagens da carne de búfalo quando comparada à de boi. Não é por pouco que o consumo da iguaria vem crescendo no Brasil, e não só da carne, mas também dos derivados do leite do animal, que também oferece ganhos em sua composição sobre o da vaca.
Em Minas Gerais, o sucesso da criação se revela num rebanho que em pouco mais de uma década dobrou no estado, segundo dados da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
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“A gente vinha com média de crescimento de cerca de 20% ao ano em 2016. Devido à crise, esse crescimento foi um pouco menor, mas, mesmo assim, é possível dizer que a atividade está em expansão, assim como a demanda e o consumo”, contou João Batista de Sousa que, com o sócio Marcelo Vargas Leão, conduz a propriedade do Laticínio Bom Destino em Morro do Ferro, distrito de Oliveira, Região Centro-Oeste de Minas. A fazenda é a maior produtora de leite e derivados do animal no estado.
Quem também endossa os números verificados pelo IBGE é o presidente da Associação Mineira de Bubalinocultura, Élcio Reis. Segundo ele, a crise afetou em cheio a produção bovina, mas em compensação, no caso da criação de búfalos, os resultados não foram tão impactados. “Apesar da retração, o búfalo segue bem valorizado e os criadores têm boa rentabilidade”, afirmou.
Reis destacou que o estado tem um dos melhores rebanhos do país, apesar de Minas ocupar apenas a 6ª colocação no ranking nacional. Eram em 2015 63.337 cabeças. Na liderança da produção nacional está o Pará, seguido do Amapá, São Paulo, Maranhão e o Amazonas. O país tem aproximadamente 1,4 milhão de cabeças.
Desafios
A expansão da bubalinocultura impõe, no entanto, desafios aos produtores. Segundo Élcio Reis, a burocracia no registro dos animais é um entrave a ser superado. Ele conta que, com a dificuldade, boa parte dos criadores deixa de registrar os animais. “Você tem prazos muito apertados para informar ao Ministério da Agricultura, por exemplo, quando ocorre a cobertura e quando nasce um animal novo”, relata.
Para João Batista de Sousa, do Laticínio Bom Destino, a fiscalização deixa a desejar quando não consegue garantir que 100% dos produtos que trazem a informação de que são feitos de búfalo sejam puros, sem a adição de outros ingredientes, como leite de vaca.
O produtor também chama a atenção para a comercialização, que, segundo ele, é um dos grandes desafios. “Quem for iniciar uma linha de produção com búfalo deve ficar atento para buscar quem valorize o produto que seja puro. Assim é possível valorizar a mercadoria”, afirma. Ele considera desleal a concorrência com quem não entrega ao consumidor o derivado puro.
Atrás do consumidor exigente
O sucesso e a expansão das vendas dos laticínios dos bubalinocultores refletem investimentos feitos no desenvolvimento de produtos mais atrativos ao paladar. Além da já tradicional muçarela de búfala, requeijão, iogurte, ricota e outros tipos de queijo, como cotage e frescal, já são encontrados no mercado consumidor . “A gente tem procurado diversificar cada vez mais a linha de produção até para ganhar mais clientes e conseguir expandir a comercialização”, contou João Batista. O laticínio Bom Destino tem produção própria de cerca de 4 mil litros de leite por dia, e recebe outros 8 mil litros de fornecedores diariamente.
A carne de búfalo além de menos colesterol, mais proteínas e menos calorias, têm 11% mais proteínas e 10% mais de minerais quando comparada com a carne bovina. No caso dos componentes do leite de búfala, as vantagens sobre a bovina também seguem na mesma linha: menos colesterol, água, além de ter mais proteínas e lipídios.
A expectativa da Associação Brasileira de Criadores de Búfalo (ABCD) é que em 30 anos o país tenha rebanho de 50 milhões de cabeças. No caso de Minas Gerais, a produção vem aumentando ano a ano desde 2002, quando começou a ser feito o levantamento. Apenas entre os anos de 2005 e 2008 os números cresceram pouco, chegando a cair de 38,1 mil cabeças em 2006 para 37,5 mil em 2007.
A Região Centro-Oeste é a que detém o maior rebanho no estado, com 18,6 mil cabeças. Na sequência estão as regiões Central (11,7 mil), Triângulo (7,3 mil) e Rio Doce e Sul empatadas com 6,3 mil cabeças. O município de Fortuna de Minas é o que concentra o maior rebanho, seguido por Oliveira, Piumhi, Guanhães e João Pinheiro.