Para o presidente da Associação Mineira dos Criadores de Zebu (AMCZ), Gustavo Pitangui de Salvo, um dos aspectos que mantêm os leilões em alta, com boa cotação de preços, é a melhoria da qualidade dos rebanhos. “Todo mundo que acompanha e participa dos leilões está vendo que a qualidade (dos animais) melhorou. Isso se deve ao trabalho de melhoramento genético feito pelos criadores”, afirma Salvo. O investimento na melhoria da genética é o destaque do Leilão Virtual Villefort Top Gir A2A2, Villefort que terá tranmissão ao vivo pelo Canal Rural, hoje, a partir das 21h. Serão leiloados animais genotipados A2A2, que produzem leite menos associados a alergia em pessoas com intolerância ao produto. Serão ofertadas 80 novilhas e bezerras gir leiteiro PO, além de sêmen de reprodutores A2A2, de propriedade do criador Virgílio Villefort.
Além do rebanho, o criatório Villefort também mapeou o banco de sêmen de seus touros e dos principais touros gir e guzerá do Brasil inteiro que estão em seu banco de sêmen. “A genotipagem dos animais é um caminho sem volta. Acredito que no máximo em cinco anos a maioria dos criadores de gado de leite estará genotipando seus animais”, prevê o criador.
Há mais de dois anos, Virgílio Villefort realiza testes com o leite A2A2 e derivados. Voluntários, inclusive crianças, que sofrem da alergia a proteína do leite consumiram os produtos e relataram não apresentar os sintomas alérgicos. Virgílio percebeu que várias pessoas que tem alergia da proteína do leite A1A1 ou A1A2 confundem e acham que tem alergia à lactose. Ele salienta que está fazendo um trabalho de volta ao passado. “Fui criado na roça tirando e tomando leite de vaca Zebu e não existia naquela época pessoas que passavam mal com lactose do leite. Portanto, acredito que esta mutação genética ou “contaminação” não existia no passado na minha região. Pois só existiam vacas zebuínas”, afirma.
Estudos Em pesquisas realizadas, as proteínas do leite A1 e A2 mostraram ter um comportamento distinto durante o processo de digestão. O professor e médico, João Felício Rodrigues Neto, da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), explica que estudos associam o uso do leite A2A2 a menos processos de intolerância e alergia ao leite da vaca – entretanto, ainda há a necessidade de estudos conclusivos. O médico alerta que a alergia à proteína do leite de vaca não deve ser confundida com a intolerância a lactose, porque são quadros bem diferentes. “A intolerância a lactose ocorre pela deficiência no organismo da enzima lactase. Já as manifestações da alergia à proteína do leite estão associadas a um peptídeo derivado da proteína chamado beta-casomorfina -7 (BCM-7)”, explica. (LR)