Jornal Estado de Minas

Agricultura lidera empregos no país


A agricultura mineira foi responsável por quase metade das vagas de trabalho criadas no campo em todo o país desde o início do ano. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), entre janeiro e junho, a variação de vagas de trabalho criadas e fechadas no Brasil foi positiva, com 117 mil vagas abertas.

Deste saldo total, 49 mil vagas foram criadas em Minas Gerais. A forte demanda por mão de obra foi puxada principalmente pela colheita do café, com mais de 10 mil postos criados, mas produtores mineiros alertam que variações do preço e instabilidade no mercado internacional continuam preocupando e impedem projeções otimistas.

Em junho, Minas fechou o mês com o saldo positivo de 17,1 mil novos postos, melhor resultado entre todos os estados brasileiros. Em maio a variação positiva foi ainda maior no estado, com 18,7 mil novas vagas.

“As características de nosso relevo montanhoso propiciam a necessidade de mão de obra, uma vez que não é possível o uso da colheita mecanizada. O agronegócio vem sustentando e garantindo bons números para a economia do estado nos últimos anos”, explica Aline Veloso, coordenadora da assessoria técnica da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg).

A colheita da safra do café, que começa em abril e vai até agosto, foi apontada como principal motivo dos números positivos na criação de empregos. Milhares de trabalhadores de várias de regiões de Minas e de outros estados são chamados para trabalhar nas fazendas produtoras durante o período.

“O impacto da sazonalidade de algumas lavouras fez a diferença nos últimos levantamentos do Caged. Desde abril tivemos a expansão do emprego.
E também se destacaram outras culturas temporárias, como o tomate, abóbora e a batata”, diz Aline.

O produtor Beto Procópio, de Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, avalia que a boa temporada de chuvas no início do ano e a estiagem nos últimos meses contribuíram para uma boa safra no estado. Sua fazenda que tem normalmente 20 funcionários está hoje com 65 trabalhadores. No entanto, ele vê com preocupação a queda do preço do café no mercado internacional, que podem desvalorizar muito a arrecadação.

“De maio a setembro a colheita funciona a todo vapor e as propriedades do Sul de Minas têm o número de trabalhadores triplicado ou quadruplicado. Este ano a colheita foi boa, mas o negócio da cafeicultura está preocupante pela queda do valor generalizado das commodities. Os preços praticados quase não cobrem mais os custos da produção”, conta Procópio, que produz café há mais de 30 anos.

Crise descolada da agricultura


Para Mario Guilherme, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Guaxupé, a crise econômica enfrentada pelo país está descolada da agricultura, mas o baixo rendimento da produção serve de alerta para que o poder público se preocupe com políticas para o setor se manter forte e competitivo.

“Nos últimos anos é o setor da agropecuária que tem conseguido oferecer um suspiro para a economia brasileira. Tivemos anos muito bons, por exemplo, na produção do café, e os produtores ainda estão tentando capitalizar esse momento”, avalia Mario. Segundo ele, a colheita do café já está em fase final e os produtores entram agora em fase da varrição do café que ficou no chão.

A partir de agosto e setembro, a mão de obra contratada para a colheita do meio do ano começa a ser dispensada e os números de criações de vagas de trabalho podem cair.

“Neste período é muito comum receber trabalhadores das regiões urbanas, que vão para o campo aproveitar as oportunidades de trabalho.
Hoje a maior parte da mão de obra é qualificada e bem treinada. Muitos migram para outras regiões em diferentes épocas do ano de acordo com as safras de cada estação”, afirma Mario Guilherme..