Seguindo os passos da serra da Mantiqueira os produtores de queijo da região do Serro avançam em variedades que já atraem a atenção de revendedores de vários estados. Pesquisa desenvolvida pelo Sebrae da Região do Jequitinhonha e Mucuri, indicou o crescimento da receita média de vendas entre 2017 e 2018 de 80,6%. O faturamento passou de R$ 63 mil para R$ 114 mil, sendo que o valor médio do produto subiu de R$22,17 para R$ 28,64 no período analisado.
Foram ouvidos 16 produtores que participam do projeto Origem Minas, que tem como objetivo fomentar o desenvolvimento, a competitividade e diferenciação das micro e pequenas empresas do agronegócio e da gastronomia de Minas Gerais. O trabalho é feito por meio da capacitação, regularização, promoção e apoio no acesso a mercados de agroindústrias e pequenos empreendimentos rurais.
A expansão das vendas do queijo artesanal, após sua regulamentação mineira em junho deste ano, atendendo a reivindicação de produtores, provocou aumento da procura acompanhada pelo “boom” no mercado de produtos artesanais, principalmente nos grandes centros urbanos. Desde então, o Serro passou a integrar o circuito de queijos de Minas.
O gerente comercial da loja Pitada de Tempero, de Cotia, na Grande São Paulo, Augusto Adib Barbozo, visitou propriedades produtoras da região em missão organizada pelo Sebrae Minas e associações locais de queijarias na semana passada, junto de chefs de cozinha e comerciantes para conhecer outros produtores. Ele disse que a diversidade de sabores é o chamativo para a comercialização do produto no mercado paulista. O sócio e irmão de Augusto, Victor Adib, contou que a loja tem alta procura de queijos artesanais, uma tendência na busca de algo diferenciado dos alimentos industrializados.
“Trata-se de uma novidade, as pessoas desconhecem sobre validade, variedade de sabores, o processo de produção, a história em si. Trabalhávamos com apenas um produtor e com a viagem de meu irmão abriram-se as portas para trabalharmos com outros”. Segundo o comerciante, o preço mais alto do queijo do Serro provoca certa resistência do comprador, mas ele atribui essa reação à falta de conhecimento sobre as qualidades do produto. “O consumidor tende a comparar com outros queijos industrializados e é bom conhecermos a história do fabricante e da produção, visitando a origem, para que aos poucos possamos ir mostrando esse diferencial”.
Eduardo Borges, da Borges Queijos Artesanais, em Porto Alegre-RS, disser ser o único revendedor do queijo minas em todo o Rio Grande do Sul e sua loja chega a vender meia tonelada da iguaria por semana. “Já conhecíamos o queijo da Canastra, que se tornou famoso depois de uma premiação internacional, e a visita ao Serro abre novas perspectivas de vendas de outros sabores e outras histórias relativas à produção. Retorno ao Rio Grande bem impressionado com os produtores locais e acho que o produto da região do Serro terá boa aceitação lá no Sul”. Ele firmou parceria com uma companhia aérea para reduzir as despesas com frete.
No circuito A produção é reconhecida em 11 municípios da região do município histórico da porção central de Minas. O Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) tem informações sobre 900 produtores, responsáveis por 16,2 toneladas da iguaria por dia. O queijo minas artesanal é fabricado em microrregiões caracterizadas pelo IMA, perante estudos sobre o processo de produção e peculiaridades relacionadas à origem do alimento típico, história, cultura e o clima locais.
De acordo com estimativas da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), cerca de 30 mil produtores do estado oferecem queijos artesanais e desse universo ao redor de 9 mil são de quijo minas artesanal encontrado em sete regiões do estado. A produção global dessas áreas está estimada em 50 mil toneladas.