Minas Gerais deverá ter uma área plantada de grãos de 3,46 milhões de hectares no período chuvoso 2019/2020, que se aproxima, com a previsão de aumento de 8,36% em relação à safra anterior. A expectativa é que sejam colhidas 14,35 milhões de toneladas, com volume 5% maior do que a safra 2018/2019. Os dados são da Federação do Estado da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg).
Em termos percentuais, o crescimento previsto para a safra no território mineiro é maior do que o aumento estimado para a safra de grãos 2019/2010 em todo país, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O órgão federal aponta que a produção brasileira deverá atingir 245,8 milhões de toneladas, com uma elevação de 1,6% em comparação à safra 2018/19. A área plantada em todo país na temporada 2019/2020 será de 63,9 milhões hectares, estima a Conab.
Os principais produtos cultivados no estado no período chuvoso são milho, feijão, soja e sorgo, além do algodão. O milho continua sendo o carro-chefe das lavouras em Minas, com a previsão de plantio de 1,135 hectares (primeira e segunda safras) e a produção estimada de 7,47 milhões de toneladas e o volume 12,5% maior do que a safra 2018/2019, revela o analista de agronegócios da Faemg Caio Coimbra, responsável pela estimativa.
O milho é cultivado em praticamente todo estado, tendo como principais regiões produtoras o Alto Paranaíba, Sul de Minas, Triângulo e o Noroeste. No Alto Paranaíba, os produtores já iniciaram o plantio do milho e estão otimistas. “A expectativa é de uma produtividade de 11 toneladas de milho por hectare na região, na safra 2019/2020”, informa Norio Hatasa, diretor técnico da Cooperativa Agropecuária do Alto Paranaíba (Coopadap), sediada em São Gotardo. O pico da colheita do cereal ocorre entre os meses de abril e maio.
Segundo Caio Coimbra, a expectativa é que a produção de feijão em Minas, somadas três safras, deve aumentar 9,5% na temporada 2019/2020, com a estimativa de uma produção de 537,2 mil toneladas. A previsão é que a área plantada (de 316,83 mil hectares) seja 11,41% maior à área ocupada pelas lavouras de feijão em Minas na temporada 2018/2019.
RECOMENDAÇÕES
Coimbra ressalta que o estado também é destaque na produção de café, morango, cenoura, alho, batata, banana, eucalipto e citros. O agronegócio, lembra o especialista, tem grande impacto na geração de empregos, ocupando 20% da população mineira economicamente ativa em todas as fases da cadeia produtiva. Segundo o analista, para ter uma boa colheita, além da “boa vontade de São Pedro”, os agricultores devem seguir as recomendações técnicas de engenheiros agrônomos e de outros profissionais qualificados.
“É preciso utilizar sementes e mudas de qualidade para iniciar os plantios, fazer o manejo integrado de pragas e doenças (usar produtos para combatê-las quando se atingir o nível de dano econômico)”, enfatiza Caio Coimbra. Ele destaca que os agricultores devem sempre “acompanhar o regime hídrico para possibilitar que os culturais sejam realizados da melhor forma possível”.
Conforme dados de cadastro divulgado pela Faemg, o estado conta com 816.526 imóveis rurais (15,2% das propriedades rurais de todo país), somando uma extensão de 51.881.730 hectares. Em termos quantitativos, os minifúndios (535.656) respondem por 65,61% do total de propriedades. Mas as médias propriedades (64.889) ocupam a maior extensão das áreas rurais do estado: 16.706.281 hectares (32,2%).
Seca prejudica o Norte de MG
No Norte de Minas, os agricultores vivem a expectativa de que as chuvas tenham regularidade, de maneira que possam alcançar bons níveis de produtividade para se recuperarem dos prejuízos dos anos anteriores, quando perderam quase tudo, por causa das estiagens prolongadas sucessivas. Não é registrado volume de chuva considerável na região há seis meses. Com isso, centenas de rios dessa parte do estado secaram, pastagens foram dizimadas e os criadores enfrentam dificuldades para manter seus rebanhos.
“Os produtores da região deverão plantar, com a expectativa de que as chuvas sejam suficientes para que possam colher a safra para o sustento da propriedade e, também, para venderem um pouco do excedente. A esperança é poder recuperar as perdas da seca”, afirma o gerente regional da Empresa de Extensão Rural e Assistência Técnica (Emater-MG) em Montes Claros, Ricardo Peres Demicheli.
Segundo Demicheli, o Norte do estado deverá contar com uma área plantada em torno de 200 mil a 300 mil hectares no período chuvoso 2019/2020, com o cultivo de milho, feijão, sorgo e “um pouco de arroz”. A maior parte dos plantios é de agricultores familiares, que se dedicam às lavouras de subsistência, principalmente, lavoras de milho, para a manutenção de pequenos animais.
CRÉDITO
“Já existem solos preparados na região desde julho e agosto. Estamos dando orientação especial aos pequenos produtores, para que possam recuperar também as pastagens, que foram dizimadas pela falta de chuvas nos anos anteriores”, afirma o gerente regional da Emater-MG. Ele lembra que, na temporada 2018/2019, o regime de chuvas no Norte do estado “até que melhorou um pouco, mas os agricultores ainda sentem os efeitos da seca”.Ricardo Demicheli salienta que a Emater-MG ajuda os pequenos agricultores na convivência com a seca, recomendando o cultivo de variedades mais resistentes ao clima semiárido, como a palma forrageira. Também orienta os produtores em relação à oferta de linhas de crédito para os pequenos plantios e com juros mais acessíveis, liberadas pelo Banco do No
rdeste e pelo Banco do Brasil, por intermédio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).
Safra nacional será recorde
O primeiro levantamento da safra de grãos 2019/2020, divulgado neste mês, pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), indica que a produção brasileira está estimada em 245,8 milhões de toneladas, com aumento de 1,6% – ou 3,9 milhões de toneladas –, em comparação à safra 2018/2019, que foi de 241,9 milhões de toneladas. Dessa forma, o país terá uma nova safra recorde, estima a Conab. Segundo a companhia, a expectativa é que área plantada total no país alcance 63,9 milhões hectares. Ou seja, uma variação positiva de 1,1% em comparação à safra passada.
De acordo com a o estudo, o milho (primeira safra) tem produção estimada em 26,3 milhões de toneladas, 2,5% superior à temporada de 2018/2019, com crescimento de 1% na área, totalizando 4,14 milhões hectares. Já o milho segunda safra, que representa cerca de 70% do total do grão, começará a ser plantado após a colheita da soja, que está vigente no momento. “A soja, inclusive, vem mantendo a tendência de crescimento na área cultivada e aponta para crescimento de 1,9% em relação aos números anteriores, com 120,4 milhões de toneladas”, informou a Conab.
ARROZ
Com relação ao feijão primeira safra, devido a problemas de chuva na colheita nas safras anteriores, a primeira previsão de 2019/2020 indica redução de 3,9% na área a ser cultivada. Neste momento, a cultura perde espaço para o milho e a soja, que apresentam melhor rentabilidade.
Já o arroz deverá alcançar uma produção de 10,6 milhões de toneladas, 1,9% superior à de 2018/2019. Para o trigo, a safra 2019 ainda não foi totalmente colhida e a projeção é que este cereal atinja 5,1 milhões de toneladas.
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