O empreendedorismo feminino tem ganhando cada vez mais espaço na sociedade, quebrado paradigmas e revolucionado o mundo dos negócios - inclusive em Minas, também conhecido pelo conservadorismo. Exemplo disso é a empresária Carolina Vono Alckmim, do interior mineiro, que aparece entre as “100 Mulheres Mais Poderosas do Agro”, da Forbes, após decidir empreender na cafeicultura.
De Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, Carolina foi destacada por uma das publicações mais conceituadas do mundo como representante "do movimento de mudança no campo". "Por meio delas, o objetivo é homenagear as demais mulheres que atuam no agronegócio – mesmo que o trabalho seja realizado a partir das cidades”, afirma a publicação.
Carolina Vono afirma que a presença na lista é um reconhecimento do trabalho realizado por todas as mulheres da região na cafeicultura. A empresária do Sul de Minas tem desenvolvido importantes projetos no campo, como o Frutificar – que capacita mulheres para a produção de café com o objetivo de melhorar a qualidade do grão.
“É um dos projetos que conseguimos implantar no sentido de resgate da cultura do povo do campo, melhoria no manejo para produção de café especial e também para aproximar e valorizar a diversidade dos trabalhadores que temos no campo. Não são apenas homens que trabalham no dia a dia na lavoura, são mulheres também", afirma.
"Então o projeto Frutificar foi uma ideia de dedicar um espaço aonde a gente pudesse valorizar esse cuidado feminino. E um espaço onde elas pudessem se desenvolver e se sentir valorizadas”, conclui a empreendedora.
Passeio turístico nas lavouras
Outro projeto que tem ganhado destaque é o passeio de imersão, no qual turistas têm a oportunidade de visitar as lavouras e conhecer as produções de café. Carolina explica que a iniciativa é uma forma de permitir que as pessoas valorizem a cafeicultura, que tem um importante papel na vida dos brasileiros.
“A gente mora no país que é o principal produtor de café do mundo, e a gente não sabe como é essa cultura, lavoura, como essa produção funciona. Então nós criamos um passeio para trazer as pessoas para passarem um dia na fazenda. A gente apresenta a lavoura de café, como se fosse um passeio de vinícola. É tão encantador quanto”, afirma a empresária de Santa Rita do Sapucaí.
O passeio conta com piquenique no meio da lavoura; acompanhamento do processo de pós-colheita, que influencia na bebida final; almoço mineiro na fazenda; workshop sensorial para que os turistas possam conhecer os diferentes perfis de cafés – cafés com notas de chocolates, caramelo e frutadas -, além de degustação de drinks de café, cervejas artesanais e queijos da região.
Empreendedorismo rural
Um aspecto que chama atenção é que a empresária não tem formação na área da agricultura. Formada em farmácia e técnica em eletrônica, Carolina resolveu unir empreendedorismo, inovação e experiências anteriores para ingressar no universo do café. Esse contato com o campo começou por intermédio do seu esposo, que faz parte da quinta geração de produtores de café de Santa Rita do Sapucaí.
“Eu tive a oportunidade de empreender, e toda essa bagagem que eu tive me ajudou muito. Porque na escola técnica eu comecei a apreender sobre empreendedorismo. Na farmácia sobre procedimentos, ser técnico e olhar para as pessoas", inicia.
"Então tendo a oportunidade de empreender no café, na empresa da família do meu esposo, eu consegui trazer esse olhar"
Carolina Vono Alckmim, uma das 100 Mulheres Mais Poderosas do Agro
"Eu entrei nas fazendas olhando para as pessoas e consegui aplicar esses projetos para melhorar essa cultura, conexão e propagar o café especial – porque é um produto muito fino do nosso país e a maioria dos brasileiros não tem contato”, complementa Carolina Vono.
A empresária reforça a importância de incentivar outras mulheres a empreender. Ela afirma que a qualificação profissional e o apoio mútuo entre as mulheres são aspectos fundamentais para o fortalecimento do empreendedorismo.
“A gente precisa se capacitar, sem dúvida. Ninguém consegue empreender e ter sucesso em um negócio se não for atrás de informação. E, especialmente, se unam a grupo de mulheres. Por mais que as experiências e iniciativas sejam diferentes, a energia de apoio, de incentivo, é muito importante”, destaca a empreendedora.
(Gabriella Starneck / Especial para o EM)