As doenças reumáticas, grupo de patologias bastante distintas, incluindo as lombalgias, as tendinites ou as dores musculares, são males cada vez mais presentes na vida de milhares de pessoas em todo o mundo. De acordo com a diretora da Sociedade Mineira de Reumatologia (SMR) Maria Fernanda Guimarães, são dois tipos de doenças reumáticas, popularmente conhecidas como reumatismo, mas que apresentam caraterísticas muito diferentes. “A esclerodermia é uma doença do sistema imune, rara, na qual ocorre o endurecimento da pele, que se torna espessa, lisa e sem elasticidade. Existem dois tipos de esclerodermia: a forma sistêmica (esclerose sistêmica), que afeta a pele e os órgãos internos, e a forma localizada (afeta apenas a pele).” Outro tipo é a gota, consequência do excesso de ácido úrico no sangue, que se deposita, sobretudo, nas articulações, levando a uma inflamação importante e ao que se chama de crise de gota. A doença se manifesta por crises recorrentes e, se não for tratada, pode causar outras consequências”, esclarece a especialista.
Maria Fernanda explica que a esclerodermia, mais comum em mulheres entre os 40 e 50 anos, tem como principal sintoma o fenômeno de Raynaud (dedos das mãos ou dos pés que ficam brancos ou arroxeados em reação às baixas temperaturas). Além disso, a pele fica espessada, com rigidez e endurecimento dos dedos, das mãos e do restante do corpo. Podem aparecer também manchas claras e escuras, dificuldade de engolir (especialmente alimentos sólidos) e outros sintomas, de acordo com o órgão acometido.
“No rosto, é comum que os pacientes pareçam ter a pele esticada, com diminuição dos lábios e da boca e o afilamento do nariz. No sistema digestório (esôfago, estômago e intestino), se apresenta com refluxo gastroesofágico e dificuldade de engolir alimentos.
“As pessoas acometidas pela esclerodermia nascem com predisposição genética e, por meio de estímulos do ambiente (exemplo, temperatura baixa, estresse, exposição a produtos químicos e a toxinas resultantes de infecção por vírus e bactérias), a doença é desencadeada.” Segundo a médica, não existe evidência científica de medidas preventivas para impedir o aparecimento da doença. No entanto, uma vez feito o diagnóstico, há tratamentos e cuidados gerais para tentar limitar a sua progressão e melhorar a qualidade de vida. A médica alerta que, conforme os órgãos acometidos, como rins e pulmões, essa doença se torna mais grave, podendo levar o paciente a óbito.
O tratamento, segundo ela, deve ser conduzido pelo reumatologista e as medidas vão variar de acordo com o órgão acometido. Visa controlar inflamação, aliviar os sintomas e retardar a evolução da doença. Em alguns casos, conforme a especialista, são indicados anti-inflamatórios não esteroides (Aines), corticosteroides e imunossupressores, utilizados para diminuir ou controlar a atividade do sistema imunológico, como o metotrexato.
ARTICULAÇÃO
A gota, por sua vez, é um tipo de artrite inflamatória que atinge cerca de 4% da população, em especial homens de meia-idade. “A doença é decorrente do excesso de ácido úrico no sangue ou de uma eliminação deficiente que quando depositado nas articulações provoca inflamações.
Embora qualquer articulação possa ser afetada, Viviane destaca que o hálux (dedão) é a articulação mais frequentemente envolvida na primeira crise com dor, inflamação com presença de calor, rubor (vermelhidão) e inchaço. Segundo ela, a mudança de hábito de vida é uma das principais formas de prevenção. Dietas pouco calóricas, com baixa ingestão de carboidratos, evitar o consumo de alimentos ricos em proteína de origem animal e frutos do mar, aumentar o consumo de frutas, hortaliças, leite e derivados, adequada hidratação, e restrição de bebidas alcoólicas são indicados. E, ainda, controlar o peso e praticar exercícios estão entre as principais medidas. “O acompanhamento com reumatologista permite controlar as condições e manter a qualidade de vida”, afirma Viviane.
Conforme Maria Fernanda, o tratamento na crise é feito com anti-inflamatórios não esteroides, corticoides ou colchicina. “A gota não causa morte, mas está intimamente relacionada a outras condições potencialmente letais, como diabetes, hipertensão e obesidade. A doença não tem cura, mas o acompanhamento, liderado pelo reumatologista, é capaz de controlar essas condições e manter a qualidade de vida do paciente”, ressalta a especialista.
"A doença é decorrente do excesso de ácido úrico no sangue ou de uma eliminação deficiente que, quando depositado nas articulações provoca inflamações. O quadro começa com dor intensa, frequentemente durante a madrugada, podendo acordar a pessoa"
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presidente da Sociedade Mineira de Reumatologia
"As pessoas acometidas pela esclerodermia nascem com predisposição genética e, por meio de estímulos do ambiente, a doença é desencadeada"
. Maria Fernanda Guimarães,
diretora da Sociedade Mineira de Reumatologia