No pós-verão: festas, férias e carnaval, quando a vida volta à rotina, a imagem refletida no espelho pode não agradar e os cuidados com a pele costumam tirar o sono de muita gente. Como combater os efeitos maléficos do Sol? E as rugas e as marcas de expressão, que parecem se multiplicar com o passar dos meses? Antes de cogitar uma intervenção mais radical ou dispendiosa, como as cirurgias, muitos pensam no peeling, tratamento que prevê como resultado a renovação celular e o rejuvenescimento da face.
No entanto, nem todo mundo sabe que há vários tipos de peeling no mercado, indicados para situações específicas. Desde aqueles que não descamam a pele e promovem um efeito lifting imediato, como o térmico (à base de laser), até o mais profundo, conhecido como peeling de fenol – tratamento que prevê a descamação total da cútis e que demanda cuidados semelhantes aos de uma cirurgia (foto abaixo publicada no artigo Report of Phenol peel for Asians (Discussion), de Baker, T.J., Stuzin, J.M., and Baker, T.M.)
QUAL ESCOLHER Aqui, esclarecemos os tipos, indicações e resultados previstos, mas antes de qualquer decisão é fundamental passar por avaliação profissional, como explica o médico dermatologista Lucas Miranda, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). “Apenas um dermatologista qualificado é capacitado para analisar a pele do paciente e, a partir daí, identificar o tipo de tratamento mais indicado, como e quando deve ser realizado. Afinal, o que pode ter sido bom para uma pessoa, não necessariamente dará certo para outra.” E vai além: “Grande parte dos tratamentos dermatológicos, inclusive os peelings, trabalham com um dano controlado à pele para que ocorra estímulo à produção de colágeno e à renovação celular, sendo que a diferença entre eles é a técnica e a profundidade que atingirá”.
A dermatologista Teresa Noviello também destaca a importância da avaliação. “Fundamental para vermos com que tipo de patologia e de pele estamos lidando”, diz. E explica: “Se é uma pele mais envelhecida, com muitas rugas profundas, temos que trabalhar com um peeling que atinja as camadas mais internas. Já para tratar uma pele com melasma, podemos usar peelings com clareadores associados a outros componentes”, pondera.
APLICAÇÕES Especialistas afirmam que, hoje, o mercado conta com peelings físicos, químicos e outros. De acordo com o grau de penetração na pele, o peeling pode ser superficial (atinge somente até a camada basal), médio (atinge até a derme papilar) e profundo (atinge até a derme reticular).
Teresa Noviello explica que os peelings mais superficiais são os mais indicados para estimular ou manter a renovação da pele, minimizar manchas ou trocar a camada córnea. “Ou seja, não tão complexos. Exemplos são ácido retinoico, ácido salicílico (que melhora muito a oleosidade da pele), ácido glicólico, mandélico (muito utilizado para a pele negra)”, sugere.
Em linhas gerais, tais tratamentos também minimizam rugas mais finas, melhoram o viço, diminuem a oleosidade. Promovem um up no visual. “Porém, são peelings que geram descamação”, avisa.
Quem pode aplicar? Lucas Miranda aponta que “uma enfermeira ou uma esteticista podem realizar peelings superficiais. Mas, para peelings mais profundos, é recomendável que a aplicação seja feita por um profissional dermatologista ou cirurgião plástico, que têm conhecimentos e técnicas para realizar tal procedimento com segurança”, ressalta.
E faz uma ressalva: “Todo cuidado é pouco na procura por um tratamento, já que qualquer intervenção malfeita pode gerar danos, como manchas, queimaduras, intoxicação, sensibilidade ao frio, processos alérgicos, acne ou questões até mais graves e mesmo permanentes, como cicatrizes em alto ou baixo relevos”.
O beabá do peeling
Conheça, a seguir, os tipos de tratamento mais comuns e respectivas indicações:
» Peelings químicos
Promovem a renovação celular via manipulação de ácidos, como retinoico, glicólico, salicílico, tricloroacético e, ainda, solução de Jessner, entre outros. A pele descamará por alguns dias durante o processo de renovação celular. O ideal é que seja feito em períodos de menor incidência solar, como o inverno, assim como é importante também evitar exposição excessiva ao Sol, para que não ocorram manchas na pele.
» Indicações: alterações mais leves de pigmentação, seja por melasma, melanoses solares ou hiperpigmentação
pós-inflamatória.
» Peelings físicos
Consistem em agentes indutores de descamação por meio do desgaste físico da pele, que vão desde lixas e cremes, com micropartículas abrasivas, até aparelhos de microdermoabrasão por fluxo de cristais (peeling de cristal), ou lixas de pontas de diamantes (peeling de diamantes). Eles são pouco dolorosos, adequados para pessoas que têm hipersensibilidade ao uso de ácidos, e podem ser realizados durante o ano todo, em qualquer tipo de pele
» Indicações: causam percepção imediata na melhora do tônus, da textura e da pigmentação, minimizam cicatriz de acnes leves e estrias finas. Segundo Miranda, apesar das vantagens, o método é limitado, pois não consegue atingir condições mais profundas da pele, como rugas e cicatrizes mais profundas.
» Peeling de fenol
Profundo, promove o estímulo à produção de colágeno e renovação celular intensa e é considerado padrão ouro em rejuvenescimento pelos resultados em casos mais severos de envelhecimento da pele. No entanto, o procedimento é bastante drástico, e não indicado para todas as pessoas. Método complexo, envolve bloco cirúrgico, anestesista e dermatologista.
» Indicações: Quadros graves de cicatriz de acne, ou fotoenvelhecimento em
estado avançado.
» Peeling térmico
Conhecido pelo nome de Hollywood Peel e caracterizado como “o queridinho das estrelas”, devido à sua adesão entre famosos, como a atriz Jennifer Aniston. É feito a partir do aquecimento de uma máscara de carvão ativado com laser (Spectra XT).
» Indicações: Para dar um up no visual sem descamação da pele, já que a camada superficial é removida instantaneamente, o que gera a renovação imediata, além de proporcionar brilho e vivacidade.
» Peeling terapêutico
É um cuidado com lesões pré-cancerosas, uma terapia fotodinâmica que pode ser feita em consultórios e ou em casa, já que prevê a aplicação do produto na pele do paciente e, em seguida, exposição à luz, que age nas células, tratando
a lesão.