“Meu filho veio para me salvar.” A frase é da gestora comercial Fabiana França, de 39 anos, que já era mãe da pequena Rafaela quando descobriu um câncer raro de mama, aos 37, um carcinoma grau 3 invasivo, e estava grávida de nove semanas do segundo filho. Naquele momento, um filme de toda a sua vida passou em seus olhos em questão de minutos. “Eu olhava para a minha filha mais velha e segurava minha barriga, como se segurasse meu filho. Foi uma dor, um aperto no coração angustiante”, relembra.
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Descoberta de uma gravidez em meio ao tratamento contra o câncer provoca sensações intensasComo mulheres reencontraram a maternidade virando voluntáriasAs gerações de mães e filhos do coração que se completam e se realizam em BHGuarda compartilhada é uma importante aliada no crescimento dos filhosGrupo Elo Feminino ajuda mulheres empreendedoras na saúde e nos negóciosVeja como prevenir o câncer de pâncreas, que vitimou famosos como Steve Jobs e Luciano PavarottiPoeta compartilha a dor e a delícia do primeiro filhoDepois de muita oração e uma longa conversa com uma senhora que mantinha um grupo de oração, ela sentiu uma paz, que veio como um acalento. “Sempre tive minha fé e nesse momento me senti abraçada por Deus”, conta. Foi daí que começou sua aceitação e a força para lutar. “Desde então, não chorei mais. Aliás, as lágrimas retornaram somente no dia em que meu filho nasceu. Foi o maior milagre em meus braços”, conta.
O oncologista clínico Bruno Ferrari, presidente do Conselho Administrativo do Grupo Oncoclínicas, explica que o tratamento de câncer durante a gravidez deve ser feito de forma individualizada e destaca que a gravidez não interfere no tratamento, pois somente o primeiro trimestre é mais crítico. “Existem algumas restrições, como a radioterapia que não pode ser feita, mas existem outras alternativas. Além do oncologista, a paciente é acompanhada por uma equipe multidisciplinar.”
“Passei por 16 quimioterapias, gestante, sem sofrer com os enjoos dos efeitos colaterais e da gestação. E meu bebê estava sempre forte, o que se confirmava a cada ultrassom que fazia para acompanhar seu desenvolvimento”, conta a gestora comercial. Tamanha a garra e determinação, Fabiana chegou a ouvir de muitos médicos que nem parecia que ela estava em um tratamento contra o câncer.
O suporte encontrado na família, nos amigos e na equipe médica foi fundamental para esse processo duplo de sensações. De um lado, a celebração da vida; e de outro algo que poderia ser uma sentença, mas para ela foi mais um motivo para lutar pelo seu bebê. “Minha filha Rafaela, tão pequenina me abraçando e beijando, falando que pediu a Papai do Céu para melhorar meu peitinho. Emociono só de me lembrar, isso não tem preço.” Tudo isso regado de amor e carinho, como ela diz.
Fabiana França ressalta que é difícil receber a notícia de que está com um câncer, mas diz que se outras mulheres estiverem passando pela mesma situação é respirar bem fundo e lutar para vencer. “Sinta-se leve de corpo e alma. Converse com seu bebê, tranquilize-o, vocês dois passaram por tudo bem juntinhos. E não! A notícia do câncer não é uma sentença de morte, mas nos sacode para a vida, nos ensina a reviver”, comenta.
Depois das batalhas enfrentadas, hoje o pequeno Eduardo tem 10 meses e a gestora faz hormonoterapia. “Isso me ensinou o quão importante é valorizar cada segundo vivido. Reclamar menos e agradecer mais”, finaliza. Nesta edição do Dia das Mães, o Bem Viver fala sobre a importância transformadora da gravidez e do sonho da maternidade durante o processo de câncer.
* Estagiário sob a supervisão da editora Teresa Caram