Não é o mesmo que reconstruir o hímen. Indicação para mulheres que reclamam de flacidez vaginal, dores e falta de lubrificação durante a relação sexual, esse tratamento estético não se atenta com a película sempre atrelada à virgindade. O rejuvenescimento íntimo é um assunto polêmico, mas também vem superando tabus no ritmo em que novidades e procedimentos são ofertados no mercado.
É uma técnica documentada cientificamente e o termo é descrito pelos médicos como método capaz de favorecer a autoestima e a satisfação da mulher como um todo. Entre as possibilidades de modificar a região íntima, estão o laser, cirurgias plásticas e cosméticos. Considerando a aparência, a melhora pode vir da diminuição do monte pubiano, de tornar os grandes lábios menos flácidos e pelo clareamento do órgão genital feminino.
“O rejuvenescimento ou remodelamento íntimo inclui diversos procedimentos que podem ser realizados na região íntima da mulher visando tratar queixas tanto estéticas quanto funcionais e sexuais. São diversas tecnologias e recursos inovadores que solucionam alterações indesejadas”, esclarece a ginecologista Luciana Regis, médica da Clínica Regis.
Ao longo da vida, a vagina sofre mudanças decorrentes de fatores constitucionais, desordens hormonais, gestação e parto, variações do peso corporal e devido ao próprio envelhecimento natural, explica.
Segundo a especialista, o rejuvenescimento íntimo é apropriado para mulheres em qualquer idade que se sintam incomodadas com flacidez ou perda de volume dos grandes lábios, assimetrias e hipertrofia dos pequenos lábios, frouxidão do canal vaginal, ressecamento vaginal, escurecimento, cicatrizes, incontinência urinária, desconforto e dores durante as relações sexuais. “Os procedimentos e recursos são modernos e variados. Vão desde peelings, preenchimentos, laser, intervenções cirúrgicas a fisioterapia ginecológica. Em alguns casos, os tratamentos podem ser associados para melhor resultado. São métodos pouco invasivos e de recuperação rápida. Os benefícios vão muito além da estética – trazem conforto, saúde, bem-estar e melhora da qualidade de vida. Consequentemente, promovem a melhora da satisfação sexual e autoestima da mulher”, ressalta Luciana Regis.
FIBRAS DE COLÁGENO A partir dos 30 anos, o corpo assiste à redução significativa da produção de colágeno e isso repercute na região íntima também. “O laser vaginal é uma técnica que estimula a síntese de novas fibras de colágeno e o aumento da vascularização do tecido, melhorando o tônus e a hidratação do canal vaginal”, diz a especialista. O tratamento é mais procurado por mulheres a partir do climatério, pois as alterações hormonais e a redução dos níveis de hormônio podem gerar os sinais de desconforto com a região íntima. “A reposição dos hormônios deficientes nessa fase auxiliam no alívio dos sintomas vaginais, mas nem todas as mulheres podem ou querem fazer uso de hormônios. Nessas situações, o laser acaba se tornando a única opção.”
O procedimento dura cerca de 30 minutos. É realizado em consultório, indolor, seguro e de retorno imediato às atividades do dia a dia. Após cada sessão, recomenda-se um período de abstinência sexual de cinco dias, e o número de sessões é estabelecido conforme o grau dos sintomas de cada paciente. Geralmente, a fim de resultados mais eficazes, são indicadas entre duas e três sessões com intervalos de 30 dias, além de manutenção anual. “Os resultados são rapidamente perceptíveis, com melhora inicial dos sintomas logo nos primeiros 15 dias após a primeira sessão, e essa melhora é progressiva durante os primeiros 60 a 90 dias”, explicita Luciana. “Não há idade mínima nem específica, e sim a necessidade clínica. E o acompanhamento com o ginecologista é fundamental”, acrescenta.
PROCEDIMENTO A cirurgia plástica da vagina é outro método que vem sendo bastante procurado pelas mulheres. A vulvoplastia, procedimento cirúrgico que objetiva reduzir os pequenos lábios e corrigir alterações estéticas dos órgãos íntimos femininos, é uma das grandes conquistas da mulher moderna, pondera o cirurgião plástico Gustavo Aquino. “O prazer está muito ligado à satisfação consigo mesma. A vergonha sobre o próprio corpo, as gordurinhas localizadas, o tamanho dos seios e o incômodo com relação à aparência do órgão genital interferem, e muito, na vida da mulher, causando, algumas vezes, graves consequências psicológicas e até falta de desejo sexual”, conta.
O tratamento é conveniente, por exemplo, para quem sente desconforto com o fato de os pequenos lábios se projetarem para fora dos grandes lábios. A cirurgia é realizada com anestesia local e sedação e dura em torno de 40 minutos, com alta no mesmo dia, explica Gustavo. A volta ao trabalho é em dois dias, os exercícios físicos podem ser retomados em 20 dias e as relações sexuais após 30 dias. “Apesar do curto tempo cirúrgico, a mulher que deseja fazer a vulvoplastia deve ficar atenta à experiência e currículo do profissional. Nas mãos do cirurgião errado, os pequenos lábios podem receber um corte maior do que necessário, trazendo riscos e sequelas que serão sentidas e sofridas pelo resto da vida”, alerta o médico.
três perguntas para...
ana gehring
fisioterapeuta pélvica, criou a “Vagina sem neura” no instagram
Para que serve a fisioterapia pélvica?
Para a reabilitação da musculatura do assoalho pélvico, que dá sustentação ao útero, à bexiga e ao intestino. Também é responsável pela continência e tem função sexual. Quando essa musculatura está fraca, apresentamos disfunções, como perdas urinárias e fecais; queda de bexiga; baixa lubrificação; pouca ereção do clitóris e diminuição do prazer. Caso ela esteja muito tensionada, temos dificuldade para urinar, para evacuar e também há dor durante a relação sexual. A fisioterapia ajuda a trabalhá-la, tanto para ficar fortalecida quanto para ficar relaxada e coordenada.
Você pode explicar alguns exercícios?
A gente tem basicamente exercícios de resistência: contraímos a musculatura e tentamos sustentá-la por alguns segundos. De agilidade, quando a gente contrai e solta, contrai e solta, repetidas vezes. E temos exercícios de coordenação, em que praticamos a contração em diferentes níveis de força: pouco, médio, forte e o relaxar. Toda avaliação e exercícios são individualizados.
O pompoarismo é uma das formas mais conhecidas de fisioterapia pélvica. As mulheres, em geral, têm resistência em introduzir bolinhas?
O pompoarismo surgiu há mais de 5 mil anos, derivado do tantra. A fisioterapia pélvica abraçou essa parte do pompoarismo, já que é um treinamento de musculatura de assoalho pélvico, mas não é necessário que as mulheres usem as bolinhas. A gente só usa em casos que exigem mais resistência e mais coordenação, mas existem acessórios menores, como os cones vaginais. As bolinhas têm cara de fetiche e, realmente, são muito grandes e difíceis de se colocar no canal vaginal. Hoje, temos opções mais anatômicas e mais tranquilas para iniciar a prática.
Depois da consulta, a mulher deve fazer os exercícios diariamente?
Na verdade, os deveres de casa não demoram muito tempo, porque é uma musculatura que fadiga rapidamente; então, os exercícios íntimos demoram 10 minutos por dia, 15, no máximo. Eles podem ser feitos no caminho do trabalho, por exemplo. É sempre melhor fazer pouquinho por dia do que não fazer, porque é uma musculatura que enfraquece e precisa de cuidado.
Nos últimos anos, cresceu a quantidade de cirurgias estéticas da vulva.
Qual a sua opinião?
As cirurgias estéticas da vulva acabam sendo um brinde de outros procedimentos. As mulheres fazem uma lipoaspiração e o médico aproveita para fazer uma no monte de vênus, na região dos pelos, ou sugerem diminuir os grandes lábios “para ficarem bonitinho”. Geralmente, falo para minhas pacientes fazerem mudanças estéticas na vulva quando elas realmente estão insatisfeitas: se o pequeno lábio incomoda na calça jeans; se aparece muito no biquíni; se dói na relação porque são muito grandes. Mas, no geral, todas as vulvas têm suas particularidades e a gente deveria amá-las como são.