Jornal Estado de Minas

O desafio diário de ser mãe

Conteúdo para Assinantes

Continue lendo o conteúdo para assinantes do Estado de Minas Digital no seu computador e smartphone.

Estado de Minas Digital

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Experimente 15 dias grátis


Após a maternidade, a mulher nunca mais é a mesma. A cada dia, ela aprende com as dificuldades e as doçuras de ser mãe. A produtora cultural e cantora Debora Coghi sabe bem como é essa situação. Aos 34 anos e mãe de Davi, de 5, e como grande parte das mães de primeira viagem, ela imaginava que tudo seria mil maravilhas, mas na prática não foi bem assim: “Quando engravidei, não planejava e nem desejava ser mãe. Engravidei usando um método anticoncepcional de uso interno, superseguro. Descobri a gestação com mais de 12 semanas. Foi um pequeno período de ‘preparo’ entre a descoberta da gravidez e o nascimento do meu filho. Tudo foi intenso demais, Davi levou mais de 24 horas para nascer e isso me trouxe um consequente baby blues (melancolia causada pela baixa hormonal após o parto) também muito intenso”, lembra-se.



Ela conta que os problemas aumentaram com o passar do tempo. “Meu bebê era absolutamente diferente do que eu imaginava que ele seria: chorava muito e tinha uma necessidade de contato pele a pele e de sucção para além do que eu poderia imaginar existir. Com cinco dias de vida, ele não mais dormia de dia. Passava o dia acordado, plugado no meu peito ou chorando. À noite, acordava praticamente de hora em hora. A privação de sono agravou muito meu quadro, que já estava difícil. A depressão pós-parto foi diagnosticada no quinto mês de vida do meu filho pela pediatra. A partir desse momento, dormir era uma questão de sobrevivência para mim e para ele, já que eu tinha muitos pensamentos suicidas e também contra meu próprio filho e, por medidas de segurança, eu não deveria ficar sozinha com ele.”

Ao se deparar com os desafios de ser mãe, ela se viu obrigada a mudar sua rotina de vida. “Eu não poderia mais conciliar a vida antiga de produção de eventos com a nova rotina de ser mãe, ainda mais de uma criança que não dormia. A doença foi me comendo por dentro. Meu casamento estava por um triz”, diz. Diante dessa situação, ela decidiu contratar uma consultoria de sono, “como uma encantadora de bebês que veio do Rio de Janeiro pra me ajudar”. A partir daí, a vida de Debora mudou. “Meu filho passou a dormir sonecas longas durante o dia e cerca de 11 horas seguidas à noite. Enfim, eu podia voltar a respirar”, relata.

Esse foi o momento de Débora reorganizar a vida. “Durante as primeiras semanas, posso dizer que tirei o atraso do sono e do descanso. Não conseguia pensar em mais nada a não ser dormir. No tempo livre que me restava – eu havia pedido demissão do antigo trabalho –, passei a devorar a literatura disponível relativa a sono e desenvolvimento infantil.”



O ÚTIL AO AGRADÁVEL Após seguir as orientações da consultora do sono, Debora conta que participava de alguns grupos de mães de WhatsApp e a maior e mais recorrente queixa era relativa ao sono dos filhos. “Sempre que podia, colocava os ensinamentos que tive de minha consultora e dos livros que havia lido… E eu já havia lido muita coisa. Depois, as mães me procuravam no privado para saber mais dicas e me dar feedbacks muito positivos.”

Após auxiliar muitas mães, ela recebeu um convite para ser consultora de sono infantil e, hoje, atende crianças até 5 anos. “Foi questão de tempo para que recebesse um convite formal de trabalhar profissionalmente na área. Comecei a atuar no mercado de BH em meados de janeiro de 2015. No início, quando não tinha nome nem credibilidade, eram poucas clientes em atendimento. Foi a partir de um trabalho de muito sucesso com uma cliente de um famoso grupo de mães no Facebook que o meu negócio deslanchou. Passei a atender de três a quatro famílias por semana e a viver com agenda lotada. Desde então, meu trabalho é por indicação, tanto de ex-clientes como de pediatras, que acabaram me conhecendo através dos relatos de mães de pacientes que haviam trabalhado comigo”, conta.

FAZER A DIFERENÇA
A pediatra e professora universitária Isabela Leite Pezzuti se deparou com uma situação delicada com o nascimento do primeiro filho, Lucas Pezzuti, hoje com 4 anos, o que mudou a vida dela por completo. “Pensava que ao ser mãe daria conta de fazer tudo sozinha, mas não foi assim. Ao ver minhas dificuldades com o Lucas, uma tia me indicou a consultora de sono. No começo, tive resistência, e com a depressão pós-parto, acredito que a resistência em procurar ajuda é ainda maior”, observa.



Ela conta que no começo não teve dificuldades, porém com o passar dos meses o bebê se mostrava bastante sensível. “Os primeiros 2 meses foram tranquilos, mas quando ele completou 3 meses, tudo mudou, ele se irritava facilmente, cheguei a levá-lo para realizar exames, ver se poderia ser alguma dor, de repente refluxo, mas não era nada disso”, conta. Quando Lucas estava prestes a completar 6 meses e Isabela voltaria a trabalhar, decidiu ligar para Débora. “Minha licença-maternidade já estava chegando ao fim, o Lucas não melhorava, logo, não conseguiria deixá-lo com a babá, pois nem eu que sou a mãe dava conta”, relata.

“Meu filho costumava ter sonecas curtas, comecei a pensar que poderia ser algum problema relacionado ao sono, e realmente era. Quando Débora chegou aqui em casa no primeiro dia, ficou das 10h às 17h. Ela me deu várias dicas: bebês de 6 meses não são como recém-nascidos que dormem bem em qualquer lugar, era necessário colocar no berço; ensinou-me a adormecê-lo sozinho no berço, entre outras técnicas”, explica. “Coloquei tudo em prática, funcionou e minha vida mudou para melhor. Hoje, tenho um filho de 4 meses, o Matheus, e continuo usando essas técnicas. E posso afirmar: o Matheus é o bebê mais bonzinho que existe (risos)”, brinca.

A fada do sono relata como é crucial a mãe procurar ajuda. “É importante garantir ajuda nesta nova fase de vida, providenciar comida feita em casa congelada e criar uma rede de apoio de mulheres na mesma fase de vida e privacidade. As recém-mães precisam de um ambiente seguro para se adaptar ao bebê, à amamentação, à nova vida e assim o bebê poderá mamar e dormir com tranquilidade. E, principalmente, essas mães precisam de alguém que olhe para elas, que se proponha a cuidar delas e não somente da casa ou do bebê”, diz.



Afinal, diz a consultora do sono, uma mãe sobrecarregada é uma mãe infeliz, e seu filho sabe disso. Esse peso é muito grande para uma criança carregar: o de uma mãe insatisfeita. “Hoje, considero minha grande missão o cuidado materno. Ajudar outras mães e mulheres que padecem nos mesmos pontos em que padeci e que a maioria de nós padece me faz ser capaz de me redimir de minha história – curando-me e libertando-me, além de me fazer sentir realmente que minha missão aqui está sendo de fato percorrida. Tenho certeza do meu caminho.!”

* Estagiária sob a supervisão da editora Teresa Caram

Erros comuns que afetam o sono da criança

» Colocar a criança para dormir tarde vai fazê-la acordar mais tarde
» Não acostumar o bebê a dormir em qualquer lugar
» Não adaptar a rotina do bebê ao ritmo da família
» Não criar um ambiente seguro e tranquilo para o bebê dormir
» Deixar a criança sem alimentação antes de dormir. O desmame noturno conduzido gentilmente, na hora certa, pode prolongar e muito o aleitamento materno

audima