Jornal Estado de Minas

Acne também afeta a mulher adulta

Conteúdo para Assinantes

Continue lendo o conteúdo para assinantes do Estado de Minas Digital no seu computador e smartphone.

Estado de Minas Digital

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Experimente 15 dias grátis


Sofrer com inflamações cutâneas – a famigerada acne – não é queixa restrita aos jovens. Na vida adulta, dos 20 anos aos mais de 50, o surgimento de espinhas também aflige. E, em especial, as mulheres, já que acomete três vezes mais a pele feminina que a masculina. No Brasil, em média, 16 milhões de adultas sofrem com o problema. Segundo especialistas, a acne ataca principalmente a zona U (queixo, mandíbula e pescoço) e tende a ser vermelha e dolorida. O resultado é um quadro que, muitas vezes, interfere no bem-estar, com prejuízo para a autoestima, afetando a qualidade de vida.



Já é sabido que a acne é uma doença inflamatória crônica. Ou seja, não tem cura, mas pode ser tratada e controlada. A afirmação vem de grupo de médicos presentes na apresentação “Acne na mulher adulta: uma nova doença crônica”, da farmacêutica Bayer, que contou com a presença dos dermatologistas Marco Rocha e Edileia Bagatin, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp); Thaís Proença, da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo; e Maria Cecília Machado-Rivitti, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

O grupo apresentou pesquisa que aponta uma novidade – a conclusão de que fatores genéticos contribuem para o desenvolvimento da doença, descoberta que indica novas possibilidades de tratamento.

NOVO PROTOCOLO Autor do estudo “Acne na mulher adulta: um guia para a prática clínica”, o dermatologista Marco Rocha investigou a atividade de alguns receptores celulares (TOLL LIKE 2 ou TRL-2) presentes na pele de mulheres com e sem acne. Ele explica que esses receptores se ligam à bactéria P.acnes, que está envolvida no processo inflamatório, presente em todo o desenvolvimento da inflamação. “A conclusão aponta que, em mulheres que sofrem com o problema, a comunicação entre receptores e bactéria é aumentada, o que indica o traço genético”, descreve. Assim, “ter ou não a bactéria não importa. O que interessa é como ela vai interagir com o sistema imune”, explica Rocha.

Ainda segundo o médico, a importância do estudo é melhorar a qualidade e a eficácia de tratamentos nos consultórios dermatológicos, além de derrubar tabus em torno da acne. A partir dos resultados, Marcos Rocha e outros médicos criaram uma guia para a prática clínica referente à acne na mulher adulta, publicado em fevereiro no Anais Brasileiros de Dermatologia, da Sociedade Brasileira de Dermatologia. “Atualizar o protocolo de atendimento é fundamental para avançar no tratamento. As mulheres adultas acometidas pela acne sentem muito impacto na qualidade de vida, mais do que na adolescência, fase à qual ela é geralmente associada”, ressalta o médico.



CUIDADOS DIÁRIOS Durante o evento, a apresentadora e modelo Ana Hickmann, de 38 anos, falou sobre como lida com a acne. “Na adolescência, cheguei a perder trabalhos devido às espinhas. Depois de adulta e já com meu filho nascido, o problema vez por outra volta. Mas aprendi algumas dicas de cuidados e conto com os avanços na dermatologia, além de atenção multidisciplinar com médicos de outras especialidades e com o nutricionista, para minimizar e controlar a acne”, revela.

Entre os cuidados diários, Ana disse que não dormir com a pele suja é lei. O ritual de limpeza (demaquilante bifásico, água miclear e sabonete manipulado) é seguido por hidratação, com uso de um produto específico para o dia e outro para a noite. Ela lembra que problemas pessoais interferem na saúde da pele – daí o estresse ser um fator de gatilho. Afirma, ainda, que recorre a tratamentos com laser para minimizar manchas causadas pela acne e reforça: “não vá à farmácia com a receita da colega. Cada caso é um caso e só o médico poderá indicar o tratamento ideal”.

A funcionária pública Karina do Nascimento é outra adulta acometida pela acne. Aos 35 anos e mãe três vezes, ela conta que o problema piorou após o nascimento do primeiro filho. “Já fiquei com o rosto tomado de espinhas internas, que também apareciam no tronco e nas costas. Fiz diversos exames hormonais e nenhuma anormalidade foi detectada. Para controlar o problema, adotei tratamento dermatológico especializado e mudei hábitos de vida. Hoje, sei que até mesmo a qualidade do sono é importante no controle da acne”, aponta.



FUTURO Marco Rocha e os demais médicos que assinam o estudo afirmam que a mudança de hábitos e o tratamento direcionado têm, sim, efeitos no controle da doença. “Além dos mecanismos imunoinflamatórios, deve-se considerar exposição excessiva ao Sol, estresse, alimentação, tabagismo, privação do sono, o uso de alguns medicamentos e cosméticos, além de algumas doenças endocrinológicas. Isso tudo são fatores que levam ao aparecimento da acne. Assim, é preciso estar atento a eles, além de procurar o médico, que vai avaliar cada caso para indicar o melhor tratamento, que sempre será realizado a longo prazo.”

A pesquisa reforça que o tratamento, baseado em medicamentos que variam de paciente para paciente (antibióticos, hormônios e outros), deve ser contínuo. E aponta para avanços. “Não adianta atacar só a bactéria. Nem pensar que hormônios resolverão o problema. Mas o fato de estarmos descobrindo novidades sobre a acne representa avanço no protocolo atual para o controle da doença e, quem sabe, possibilidade de cura no futuro”, conclui Marco Rocha.

“O fato de estarmos descobrindo novidades sobre a acne representa avanço no protocolo atual para o controle da doença e, quem sabe, possibilidade de cura no futuro”

Marco Rocha, dermatologista

Causas e fatores agravantes para a acne na mulher adulta

» Histórico familiar:
cerca de 50% das mulheres adultas com acne têm mãe ou irmã com o mesmo problema, devido à predisposição genética;

» Dieta:
alimentos com alta carga glicêmica e alguns laticínios pioram a acne;
» Estresse: relacionado ao estilo de vida moderno das mulheres, com reflexo a partir de privação do sono e dupla jornada de trabalho;
» Tabagismo:
crises mais frequentes estão associadas ao tabagismo, por conta da produção de substâncias estimuladas pela nicotina;
» Sol: exposição excessiva aos raios solares;
» Excesso de oleosidade na pele:
uso de medicamentos e cosméticos inadequados à pele acneica;
» Hormônios: a acne pode aumentar em períodos de grandes alterações hormonais ou por conta de doenças endócrinas.



Para controlar a acne

O tratamento da acne, doença crônica e que depende de diversos fatores, associados ou não, deve ser contínuo e em diversas frentes. Conheça o protocolo básico:

» Toque o rosto o menos possível para não transferir sujeira e evitar a alta oleosidade;
» Lave o rosto duas vezes ao dia, a fim de não acumular
impurezas e suor;
» Não esprema ou cutuque espinhas e cravos;
» Mantenha um hidratante sem óleo na bolsa e aplique quando necessário para evitar o ressecamento ou a oleosidade provocada por ambientes com ar-condicionado;
» Beba bastante água e privilegie alimentação baseada em cereais, frutas, verduras, legumes, alimentos integrais, castanhas e peixes;
» Não exagere na bebida alcoólica e na cafeína para não desidratar a pele ou aumentar a produção de cortisol;
» Pratique exercícios regularmente para diminuir o estresse e manter o bem-estar;
» Tenha uma boa noite de sono.

Conheça seis mitos sobre a acne

1. É uma doença só de adolescente
Apesar de ser geralmente associada à adolescência, a acne não é um problema exclusivo dessa fase. Ela é um problema comum para os mais jovens, mas a prevalência da acne nos adultos aumentou bastante nos últimos anos, principalmente entre as mulheres. Alguns dados sugerem que até 40% das mulheres com mais de 25 anos podem apresentar acne. Estima-se que cerca de 16 milhões de brasileiras sofram com o problema.

2. Cravos e espinhas são acúmulo de sujeira
Normalmente associada diretamente à oleosidade da pele, a acne é uma condição comum e que depende de muitos fatores. Ocorre quando a oleosidade, as células mortas e uma maior produção de sebo bloqueiam os poros da pele. Os poros obstruídos ficam mais escuros em contato com o ar e, assim, formam os cravos. Alguns tratamentos podem causar irritação e ressecamento, por isso, é importante a hidratação com produtos que não bloqueiem os poros e a limpeza da pele com moderação – lavar o rosto em exagero pode prejudicar a hidratação e aumentar a oleosidade.



3. Comer chocolate causa espinhas
Apesar de a alimentação ter certa influência no desenvolvimento da acne, a crença comum de que o chocolate pode piorar o estado da pele não é comprovada. Quem estiver preocupado com a situação das espinhas e cravos deve evitar alimentos e bebidas ricos em laticínios ou com índice glicêmico elevado – açúcar, pão, arroz e outros que contêm farinha branca em sua composição. Uma alimentação à base de alimentos integrais e orgânicos, legumes, vegetais, frutas, feijões e lentilhas é, além de boa pedida para a saúde, a sugestão dos especialistas para melhorar a condição estética da pele.

4. Acne tem cura
Existe uma crença generalizada de que a acne é uma doença curável e que um compliado de antibióticos basta. As pacientes adultas com acne apresentam, segundo estudos recentes, alteração genética que torna a doença crônica, diferentemente das adolescentes, em quem a doença deixa de se manifestar ao fim dessa fase. Tratamentos eficazes e contínuos podem manter a acne sobre controle, mas não curá-la por completo.

5. O uso de maquiagem piora o quadro de acne
Depende do cosmético. Alguns cosméticos costumam conter substâncias que contribuem para o entupimento dos poros da pele, o que causa ou piora as espinhas e os cravos. Não é necessário evitar as maquiagens, mas é recomendável optar por aquelas livres de óleo e preferir pincéis em vez da mão para passá-las. O uso de maquiagem melhora a qualidade de vida dessa mulher, contribui para a proteção solar e reduz o hábito de se escoriar. Outro cuidado importante é lavar bem o rosto ao fim do dia com um produto que não leve álcool na composição, pois dormir com maquiagem obstrui os poros e pode causar as erupções da acne.




6. Cravos precisam ser espremidos

Cuidado: espremer cravos e espinhas pode atrasar o processo de cicatrização da pele, agravar as inflamações ou até causar infecções. Outras soluções comumente conhecidas, como passar pasta de dente nas inflamações, podem ainda causar irritação, descamação e alergias, por conta de substâncias não destinadas ao uso na pele. Cravos e espinhas podem ser espremidos por um profissional especializado, de maneira correta e em local adequado e higienizado. Por isso, a melhor solução é sempre o acompanhamento médico e a manutenção prolongada do tratamento.

Fonte: Estudos sobre acne na mulher adulta (Bayer)

audima