“Informações baseadas no estudo A universe of opportunities and challenges indicam que existe a possibilidade de que o volume de dados digitais alcance a casa dos 40 zettabytes até 2020. Uma só edição do jornal americano The New York Times contém mais informações do que uma pessoa comum recebia durante toda a sua vida há 300 anos. Uma pesquisa simples no Google mostra que mais de 1 mil novos títulos de livros são editados por dia em todo o mundo. Além dessa avalanche de conhecimentos ainda temos que responder a e-mails, mensagens de WhatsApp, levamos trabalho para casa, temos os problemas profissionais, pessoais, eventos sociais e familiares, sem falar na capacitação, estudos, atividades religiosas, voluntárias...”. A fala é de Cristiano Miranda, médico especialista em cardiologia, pós-graduado em psicologia e que atua com cardiologia do esporte, e mostra com clareza a quase impossibilidade de não ter o pensamento acelerado na atualidade.
Cristiano Miranda lembra que o psiquiatra e escritor Augusto Cury afirma que esse excesso de informação e o ritmo acelerado de vida levariam a um impacto na saúde mental dos indivíduos: “Ele cunhou o termo síndrome do pensamento acelerado para descrever os sintomas. Embora não haja evidências científicas, ela guarda semelhança com a condição psiquiátrica conhecida como transtorno de ansiedade generalizada (TAG), caracterizada por ansiedade e preocupação excessivas, relacionadas com diversas situações da vida diária. O quadro vem acompanhado por dificuldade de concentração, lapsos de memória, cansaço, sintomas psicossomáticos, gastrite e até taquicardia. E, geralmente, as pessoas não sabem a razão e não percebem que estão entrando em (TAG) por considerar o ritmo acelerado da vida 'normal'”.
Conforme o cardiologista, a principal comorbidade psiquiátrica associada à TAG é a depressão. “Estudos indicam que a depressão é fator independente para desenvolver doença arterial obstrutiva, com consequente aumento de mortalidade por doenças cardiovasculares, como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral. Existem doenças cardíacas relacionados com o estresse, como a miocardiopatia estresse induzida (síndrome de Takotsubo), conhecida como síndrome do coração partido.”
NATUREZA
Medicamentos como antidepressivos, ansiolíticos e outros podem auxiliar nesse transtorno. “Existe também os tratamentos não farmacológicos que podem ser instituídos de forma preventiva, como a psicoterapia, em especial a técnica cognitivo comportamental, redução diária de álcool, nicotina e cafeína, a prática de meditação, exercícios de relaxamento e respiratórios, acupuntura, práticas de caminhada na natureza e atividade física.”
O cardiologista orienta os pacientes a fazer “ilhas de relaxamento”: “Ensino a técnica de meditação cardiocerebral do Institute Heart Math, que promove o adequado funcionamento entre o coração e o cérebro. Todas as técnicas de meditação, quando treinadas e bem realizadas, apresentam o mesmo efeito de estimular o sistema nervoso parassimpático, componente do sistema nervoso autônomo responsável por 'relaxar nosso corpo', reduzir o ritmo do coração, a pressão arterial e a frequência respiratória com consequente diminuição da ansiedade e resposta ao estresse. A atividade física é importante porque auxilia na redução do estresse, da ansiedade, depressão e doenças cardiovasculares”.
n Como superar a ansiedade?
A terapeuta holística e coach Amanda Dreher escreveu o livro Stop ansiedade – O guia definitivo para você sair do ciclo de ansiedade emocional, pela Editora Luz da Serra. A proposta é auxiliar os leitores que precisam controlar a ansiedade e parar de explodir por qualquer motivo. Sem esquecer daqueles que, pelo contrário, estão paralisados, sem conseguir tomar atitudes. No livro, ela destaca os cinco passos essenciais para parar a ansiedade, método que chamou de Clara, e os níveis do ciclo de ansiedade.
Método Clara
1 – Conhecer: pensamentos, sentimentos, emoções...
2 – Limpar: desapego, superação, perdão, coragem de aceitar imperfeições...
3 – Acreditar: conexão interior, poder da gentileza, pare de reclamar, origem do sofrimento...
4 – Realizar: poder das escolhas, a vida não é eterna, aprendizado...
5 – Agradecer: a vida é uma oportunidade, superação, energia do amor, gratidão...
Os cinco níveis do ciclo da ansiedade emocional:
1 – Inércia: é cada vez mais frequente, com o estilo de vida moderno, ter um excesso de atividade mental, ou seja, muitas ideias e pouca ação. Mente cheia de pensamentos é ladra de energia. Por mais que queira fazer, tenha vontade e sonho, não existe ação, nem movimento. É preciso se reconectar com sua essência para ter clareza e poder de realização.
2 – Escuridão: falta clareza e direção, a vida não tem um sentido, um propósito, é vazia, falta alegria e não há um estado de plenitude. É preciso saber quem você é, acender a luz do coração.
3 – Eu sozinho: enquanto não conseguir olhar para trás e sentir gratidão, enquanto não honrar e reconhecer tudo que o trouxe até aqui, não seguirá em frente, se sentirá completamente sozinho, com um vazio interno que nunca passa. Acredita que tudo depende só de você, do seu esforço e a vida fica pesada demais. O que passou, passou.
4 – Julgamento: é quando tenta racionalizar tudo e, no momento em que sua mente julga, acaba enquadrando pessoas e situações. Rotula todas as experiências, pessoas e situações. Porém, ao agir assim, a mente se fecha, desconecta-se e passa a perceber a vida de forma limitada. Nesse nível, é preciso superar o medo de se abrir para a vida e encarar o medo de ser julgado, reforçar a confiança e fortalecer a conexão interna.
5 – Explosão: é estar no limite, qualquer coisa é gatilho para a explosão interna (aquela que guarda, engole e coloca para baixo do tapete) e externa (aquela que não tem como esconder, reage no impulso e fala coisas sem pensar e depois se arrepende). É preciso limpar mente e abrir o coração, cortar essa cadeia reativa e reassumir o controle da vida.
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