“Visagismo é a arte de criar um visual personalizado, levando em conta características físicas e emocionais”, conceitua a cabeleireira e visagista Wanúbia Sena. Segundo a especialista, o visagismo se relaciona ao rosto e ao equilíbrio das formas, linhas, cores, volumes e texturas, que são a base da linguagem visual usada para construir toda e qualquer imagem que transmite uma intenção. Ela explica que o trabalho gira em torno da pergunta: o que você deseja expressar pela sua imagem? “No entanto, respondê-la não é tão fácil”, afirma.
Ela justifica que a dificuldade gira em torno de questões que demandam reflexão sobre como você quer se sentir ou quem é você. “A inquietude das clientes sempre me incomodou: isso combina comigo? O que vai ficar bom? Formei-me em visagismo justamente para buscar essas respostas com mais assertividade. Hoje, a construção da imagem personalizada tem a ver com investigação. Por meio do temperamento, do gestual, do período de vida pelo qual a pessoa está passando.”
No espaço em que atende com hora marcada, o primeiro passo da profissional é avaliar o perfil e a expectativa de cada mulher. Ela comenta ainda que um trabalho de visagismo ideal envolve, além da análise de características físicas, as nuances psicológicas da pessoa, e objetiva a “harmonia da aparência física com a alma do ser”. No contexto, conhecer o temperamento do cliente facilita a comunicação. “É a coerência do conjunto que fortalece a imagem pessoal, intensificando, atenuando e harmonizando as características que a compõe.”
REPROGRAMAÇÃO DE CRENÇAS
Também no meio profissional a imagem externa reflete o interior do indivíduo. Júlia Lobo, publicitária, master coach e analista de perfil comportamental, diretora da Febracis-BH (escola de formação), afirma que o conceito de imagem pessoal está relacionado a todos os aspectos da vida. “A partir de uma perspectiva básica, a imagem pessoal é a forma como você se vê, sua percepção sobre si mesmo e como você se revela para o outro. E não envolve apenas o visual, englobando a forma como você se comunica verbalmente, por gestos, por meio de comportamentos e crenças.”
Não por acaso, gerenciar essa imagem é um processo que demanda autoconhecimento. “A forma como a pessoa se vê está ligada ao que ela aprendeu, desde a infância, sobre sua identidade.”
Segundo a coach, “o autoconhecimento traz à consciência as crenças limitantes e fortalecedoras de um indivíduo e a possibilidade de mudança. A autoestima pode ser desenvolvida com a consciência de quem você verdadeiramente é, e não sobre o que dizem sobre você”.
De bem com o espelho
Psicanalista e consultora de imagem, Míriam Lima aponta alguns sinais que indicam a insatisfação pessoal com a imagem. Se você se identifica com mais de um, ligue o alerta e faça uma autoavaliação.
- » Dar muito valor para a imagem do outro em detrimento da sua (é o outro que é bonito). Veja: nem você é tão ruim e nem o outro é tão bom.
- » Insatisfação constante: trocar muitas vezes de roupa antes de sair (insatisfação com as formas do corpo); Avalie: esse quadro não se resolverá com mais compras. Demanda uma investigação mais profunda.
- » Lembre-se: pessoas que não se conhecem tendem a ser escravas da imagem e a se preocupar demais com a opinião dos outros sobre elas.
- » Comparar-se com celebridades não leva ninguém a melhorar a autoestima; Perceba que aquela imagem é produzida e foge totalmente ao padrão comum.
- » Comprar demais e, no entanto, usar sempre o mesmo padrão de roupa. Não há nada contra compras, mas lembra que o excesso e a necessidade de estar sempre usando a última tendência é um mau sinal.
guarda-roupa sustentável
- 1) Conheça seu estilo, seu tipo físico e as melhores cores para seu tom de pele, assim, aumentam-se as chances de ter peças que realmente vai usar.
- 2) Procure usar a teoria do guarda-roupa cápsula, em que as possibilidades de combinações aumentam e você usa mais vezes o que já tem. Por exemplo: três partes de baixo (duas calças e uma saia), quatro partes de cima (blusas, camisas ou camisetas) e três terceiras peças (jaquetas, blazers, cardigans ou coletes), que tudo combine entre si. Dessa maneira, você terá até 48 looks. Acredite!
- 3) Repita roupa! está na moda.
- 4) Use a teoria dos 6Rs: Repensar, Reutilizar, Reparar, Reduzir, Reciclar e Recusar. Tente repensar em usar de maneira diferente o que já tem. Reaproveitar peças customizando ou consertando, reduzir as compras de peças novas, revender e até recusar aquilo que não tem a ver com seu estilo.
- 5) Ao comprar algo novo, pesquise sobre a marca, se eles têm alguma preocupação com sustentabilidade em relação aos materiais utilizados, à mão-de-obra, economia circular etc. Frequente brechós ou lojas de revenda. Há várias peças maravilhosas por aí!
Fonte: Silvia Scigliano, vice-presidente da Associação
Internacional dos Consultores de Imagem do Brasil (AICI)