Jornal Estado de Minas

Morte por alergia a camarão: por que o socorro deve ser imediato

Reações alérgicas são comuns e quase todo mundo já passou por alguma em maior ou menor grau. Na madrugada desta quarta-feira (11), durante um evento no Bairro Barro Preto, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, um garçom de 32 anos morreu depois de comer camarão. O homem era alérgico ao animal marinho, mas disse a testemunhas que iria "arriscar" provar um prato de paella. Ele acabou morrendo com choque anafilático

A reação alérgica, acometida pelo garçom, é uma reação sistêmica aguda grave, que pode começar subitamente e que atinge vários órgãos e sistemas simultaneamente, a alguma substância, seja de um medicamento oral, endovenoso, seja por alimento ou até por contato na pele. Ela pode acontecer imediatamente ou mesmo horas após a exposição à substância. 

No caso, depois de degustar o jantar, passaram-se alguns minutos e a vítima correu até o banheiro. Segundo testemunhas, ele gritava para chamar o Samu, pois estava passando bastante mal. Pouco depois ele saiu do banheiro correndo, com a blusa aberta e vomitando. O garçom apresentava muita dificuldade para respirar

O choque é considerado na medicina o último nível de gravidade de um processo alérgico.
Em contato com alguma substância tida pelo organismo como uma espécie de inimiga, os vasos se dilatam, os líquidos extravasam, causando inchaço, os tecidos deixam de receber oxigênio, a glote fecha e dificulta a passagem de ar. Sobrecarregado, o coração para.

Funciona assim: reconhecendo a presença estranha, o organismo, em resposta, começa a liberar uma série de outras substâncias, sendo a mais importante a chamada histamina, que causa vasodilatação (aumenta o calibre dos vasos sanguíneos). 

Além da vasodilatação, a histamina aumenta a permeabilidade vascular, ou seja, permite maior “vazamento” de líquido para fora dos vasos, o que causa inchaço do corpo – inclusive da glote, dificultando a respiração.O aumento dos vasos ainda leva à baixa pressão e dificulta a chegada de oxigênio nos tecidos. A dificuldade de oxigenação sobrecarrega o coração e pode levar à parada cardíaca. 

Tão rápido quanto a reação alérgica deve ser o tratamento, já que dependendo da gravidade levam à morte. Os primeiros sintomas são coceira, inchaço nos lábios, pálpebras ou glote, tontura e falta de ar. Segundo especialistas, em tese, qualquer substância pode desencadear um choque anafilático. Os médicos dizem que não existem grupos de risco ou elementos tipicamente alergênicos: em tese, qualquer pessoa pode desenvolver uma alergia grave a substâncias diversas. No entanto, os muito alérgicos ou expostos frequentemente a um certo alérgeno estão mais sujeitos a um choque anafilático.

Casos mais comuns

 – Alimentos mais comumente envolvidos em casos de choque anafilático no Brasil são crustáceos, nozes, amendoim, camarão, clara de ovo, leite de vaca, legumes e sementes
– Entre os insetos estão a vespa, o marimbondo, a abelha e a formiga.
– Reação anafilática a medicamentos em todas as faixas de idade, principalmente analgésicos, anti-inflamatórios e antibióticos

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