Jornal Estado de Minas

Veja como prevenir o câncer de pâncreas, que vitimou famosos como Steve Jobs e Luciano Pavarotti


O pâncreas fica localizado no retroperitônio, região posterior aos órgãos abdominais (estômago, intestino) e de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de pâncreas representa 2% do total de casos diagnosticados no país e 4% das mortes. O fator preocupante é que os primeiros sintomas da doença podem ser confundidos com os de outras condições mais simples, o que tende a retardar a detecção precoce. Não raro, quando se faz o diagnóstico, o tumor já se encontra avançado e se espalha para outros locais do corpo.

A dificuldade do diagnóstico é a grande responsável pelo resultados clínicos insatisfatórios, por isso, geralmente, o diagnóstico é feito quando a doença está avançada”, explica o oncologista Alexandre Andrade. Mesmo assim, o especialista evidencia alguns sintomas.  “Vamos colocar da seguinte forma: dor na porção mais alta do abdômen, icterícia (amarelão nos olhos), urina escura e fezes claras são alguns pontos que levantam suspeita para o câncer de pâncreas.”

O oncologista Ellias Magalhães, que atende o Instituto Mário Pena, alerta para alguns hábitos que podem ser considerados fatores de risco. “O tabagismo, obesidade, sedentarismo, ou seja, a maneira de se prevenir contra a doença é investir no estilo de vida, mantendo o índice de massa corpórea baixo. Além disso, a doença é mais comum em quem tem pancreatite crônica e diabetes.” 

O médico acrescenta que certos pacientes podem apresentar esse tipo de câncer, devido à condição genética. “Entre 10% e 15% dos casos é hereditária, alguma herança herdada que predispõe uma síndrome genética hereditária, como, por exemplo,  o BRCA, uma mutação bastante discutida durante o Outubro Rosa. Por ser responsável pelo câncer de ovário e de mama, a mutação também é uma predisposição para o câncer de pâncreas.
Quando chega uma pessoa com essa característica ao consultório, conversamos sobre exames preventivos, como o ultrassom."  

De acordo com o especialista, o tratamento depende de cada caso e estadiamento da doença. Geralmente, é cirúrgico e muitas vezes o paciente precisa se submeter a sessões de quimioterapia e outras drogas, fase que pode variar de 6 meses a um ano. Nos últimos anos, a tecnologia tem sido grande aliada no tratamento desse tipo de câncer. 

Em relação à tecnologia, a robótica permite o uso de recursos mais confortáveis, menos dolorosos e mais seguros; já a radioterapia atinge pontos importantes sem comprometer estruturas perto do órgão”, explica.

Uma técnica em administração, que prefere não se identificar, está com a irmã internada devido a um câncer no pâncres descoberto em agosto deste ano. "Um dia, após uma refeição, ela passou muito mal. Fomos ao hospital, ela fez ultrassom e, nesse momento, o médico começou a suspeitar da doença. A confirmação veio após a ressonância", lembra.

Ela conta que na última segunda-feira, 16, a irmã foi submetida à cirurgia, mas sem a retirada do tumor.
"Agora, estamos aguardando o resultado da biópsia para saber qual o estágio da doença e os próximos passos do tratamento", revela.
 

Setembro Roxo

Palavra de especialista
Isabella Rocha, médica oncologista do Hospital Felício Rocho

Este mês é dedicado à conscientização da fibrose cística, doença genética que faz com que o corpo acumule secreção em alguns órgãos, como pulmões e pâncreas. E se não tratada precocemente pode ocasionar complicações como doença respiratória crônica e desnutrição. 

“O setembro roxo é importante, porque traz à tona a existência dessa doença e deixa as pessoas mais atentas aos sintomas. Na maioria das vezes, a dor abdominal surge dois meses antes de a doença se manifestar de forma mais grave. É importante que os pacientes prestem atenção em sintomas como: falta de apetite e dores abdominais. Também é importante a realização de exames em tempo hábil e que a doença seja descoberta no início. Essa conscientização é importante porque faz que o diagnóstico seja mais precoce, visto que em quase 80% dos casos os pacientes já apresentam metástase, além de ser uma doença que acabamos descobrindo muito tarde”, exemplifica. 


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