Para evitar riscos da exposição de crianças nas redes sociais, o Instagram decidiu seguir com mais rigor seus termos de uso da rede social, que indicam que a idade mínima para ter acesso ao serviço é de 13 anos. Em março de 2019, por exemplo, um garoto de apenas 8 anos criou uma conta, mas, somente agora, a rede social decidiu agir e notificá-lo da impossibilidade de seguir usando os serviços da rede social.
Com essa decisão, contas como o do Nego Ney – menino de 8 anos que se tornou xodó da torcida do Flamengo –, com mais de um milhão de seguidores, e do filho da atriz Karina Bacchi, Enrico Bacchi, de apenas 2 anos, e 2,3 milhões de seguidores, serão excluídas. Ainda de acordo com Dulce Morais, essas contas de filhos de famosos podem ter influência no dia a dia das crianças ‘comuns’. “A questão em relação às contas de filhos de famosos é sobre a influência que elas exercem nas vidas das crianças comuns, pois bombardeiam a mente dos pequenos de maneira a convencê-los de que precisam de determinada coisa para ser melhor. Ao perceber que não têm o mesmo que os filhos dos famosos, isso gera frustração e o emocional fica abalado, podendo ter transtornos de personalidade e de ansiedade”, revela.
O Debate
Essa notificação levantou um debate sobre os riscos da exposição das crianças ao universo cibernético e a responsabilidade das empresas de redes sociais de zelar pela segurança de uma parcela crescente de usuários, como explica o psicólogo clínico Vítor Friary. "A rede social exerce impacto. Então, temos que avaliar a idade, pois gera uma demanda grande sobre a criança, que não tem preparo emocional e habilidade socioemocional para responder de forma responsável.” Vitor afirma que é preciso restringir o uso para crianças. “Uma das dicas para os pais é que eles entendam os gostos dos filhos, o que eles visitam, programas que mais assistem e, conhecendo melhor a realidade da criança, encontrar maneiras de protegê-la.”
Pais e filhos
Gabriel César tem 12 anos, tem Instagram e gosta de acompanhar as novidades da rede. “Nele, posso ver tudo que meus amigos postam, material da escola, ver os Stories e também compartilhar novidades”, conta. Mas a mãe de Gabriel não deixa o filho ter acesso livre à rede. Ela monitora tudo. "Tenho que dar até a senha , acho meio chato, mas faço para não ficar sem mexer”, afirma.
A mãe do garoto, Cleonice Santos diz que o filho começou a ter acesso a essa rede em janeiro deste ano, mas sempre sob a supervisão dela. "Como trabalho em casa, consigo monitorar mais de perto, e se vejo que ele está muito tempo no celular, peço para parar. Deixo ele utilizar, no máximo, duas horas por dia."
A mãe do garoto, Cleonice Santos diz que o filho começou a ter acesso a essa rede em janeiro deste ano, mas sempre sob a supervisão dela.
A jornalista revela que teve alguns atritos com o filho há três meses, devido ao uso do Instagram. “Ele queria ficar o tempo inteiro, quando eu desviava a atenção, ele usava e entrava em promoções e sorteios, saia me marcando em tudo, tornou a conta pública devido aos sorteios, então tomei o celular que permaneceu comigo por 10 dias.”
A pedagoga Soraia Lemos faz alguns alertas em relação às crianças nas redes sociais. “A rede social exerce impacto, pois a influência é grande sobre a criança. É importante orientar os pequenos a não exporem nenhum dado pessoal, da família ou dos amigos, e que não divulguem fotos. Outra ferramenta é o controle parental, que é quando você cria alguns filtros para restringir o conteúdo e o acesso e, dessa forma, controla onde a criança está navegando”, evidencia.
“Acredito que seja legítima a postura do Instagram porque acredito que eles estejam tentando encontrar o melhor caminho com uma nova história, uma nova arquitetura, para que possa ser garantida a diversão da criança ou do adolescente”, defende a pedagoga.
* Estagiária sob a supervisão da editora Teresa Caram