Ontem, 29/9, foi celebrado o Dia Mundial do Coração, porém, o alerta para os cuidados com o órgão deve ocorrer todos os dias. De acordo com dados do Ministério da Saúde, foram registrados aproximadamente 27 mil internações no SUS por AVC, na faixa etária de 15 a 39 anos, entre 2014 e abril de 2017. Por outro lado, o Data SUS mostra, em sua última apuração, que foram 589 internações de jovens em decorrência de infarto em um período de nove meses.
A neurologista Helena Providelli elenca alguns fatores de risco para o AVC. “Estabelecemos como fatores de risco para o AVC tudo aquilo que possa dificultar o estabelecimento ideal do fluxo sanguíneo cerebral. Sendo os principais fatores: hipertensão arterial, tabagismo, diabetes tipo 2, sobrepeso, sedentarismo e uso excessivo de álcool/drogas ilícitas”, exemplifica.
A médica define o ABC como uma interrupção abrupta do fluxo sanguíneo em determinada região do cérebro. Dependendo da região em que ocorre a isquemia (falta do suprimento sanguíneo adequado) os sintomas podem variar – desde perda de força, até casos de rebaixamento do sensório, com estado de coma”, revela.
Já em relação ao infarto, o cardiologista Antônio Carlos alerta para alguns hábitos e fatores que podem acarretar o mal. “Dividimos em fatores maiores e menores: maiores: diabetes mellitus/hipertensão arterial sistêmica/colesterol elevado/tabagismo/história familiar de doença coronariana precoce (parentes de até 1o grau, com passado de doença coronária com início até 55 anos para homens e 60 anos para mulheres). Menores: idade, estresse, obesidade e sedentarismo”, exemplifica.
O cardiologista também chama a atenção para a importância das consultas regulares. “O controle desses fatores de risco e as consultas preventivas com cardiologista ajudam e muito a não só detectar esses fatores e controlá-los como também fazer exames que possam detectar o problema antes ainda das manifestações clínicas ocorrerem.”
Susto
Um perito criminal de 52 anos, que preferiu não se identificar, sofreu AVC em março deste ano. “Apresentei alguns dos sintomas clássicos da doença, o meu AVC foi isquêmico: perda progressiva dos movimentos do lado direito; fala enrolada; suor frio. Fui socorrido rapidamente, com aplicação de antitrombóticos, com restabelecimento imediato da circulação sanguínea e sem sequelas aparentes. No meu caso, fiz alguns exames após o AVC, e constatou-se um forame oval patente. Em abril, coloquei uma prótese.”, explica. Hoje, o perito criminal toma certos cuidados em relação à saúde. “Faço acompanhamento com cardiologista e neurologista.”
O educador Ney Mourão, de 46, sofreu infarto em 2017 devido a uma medicação usada para o tratamento de câncer. “Nunca tive nenhum problema. Colesterol e triglicérides de criança, pressão arterial baixa. Praticava caminhada. Porém, tive um câncer colorretal. Fiz um ciclo de quimioterapia e um dos componentes da quimioterapia me causou uma série de trombos, que entupiu uma das artérias, provocando um infarto”, recorda.
Na época, ele precisou passar por um tratamento delicado. “Foi feita uma angioplastia primária, com a colocação de um stent. Tomei clopidogrel por um ano. E tomo AAS, atenolol e atorvastatina.”
Hoje, o educador zela pela saúde. “Para o coração, faço exames anuais. Procurei diminuir carboidratos e gorduras e procuro evitar situações estressantes. Dei mais valor à leveza, à alegria, ao que me faz mais feliz e em paz. Evito a ansiedade”, revela.
Outro exemplo é Zózimo Sant'Ana, 61 anos, ele teve infarto em 2005. "Uma semana antes senti umas fortes dores no peito, depois passou a dor e procurei o médico e fiz um eletrocardiograma e deu tudo bem, voltei para casa. Na semana seguinte eu senti uma dor muito forte no peito subindo para a nuca e a cabeça, resolvi ir para o hospital, assim que cheguei fui socorrido e só acordei no outro dia com aparelhos ligados em meu corpo", lembra.
Hoje, o aposentado segue hábitos saudáveis. " Realizo exames semestrais , faço fisioterapia cardiovascular e acompanhamento nutricional. Também parei de fumar e bebo somente as vezes moderadamente", afirma.
Atenção jovens
Dicas do cardiologista Antônio Carlos
“É importante dosar o colesterol e a glicose de tempos em tempos, mesmo se o jovem nada sentir (pelo menos de cinco em cinco anos, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS); mais importante ainda se os pais ou familiares têm ou tiveram aterosclerose coronariana manifesta como doença precoce (como citado antes, menos de 55 anos para homens e menos de 60 anos para mulheres). Evitar de qualquer maneira o tabagismo e/ou uso de drogas ilícitas. Fazer atividades físicas e manter o peso no ideal. Fazer consultas preventivas regulares (os jovens podem fazer essas consultas com intervalos maiores que pessoas mais velhas).”
Dicas da neurologista Helena Providelli
“O aumento do número das internações por AVC em jovens está intimamente associado ao aumento do uso de drogas e álcool na população jovem, bem como ao aumento da incidência de doenças como hipertensão, dislipidemia e diabetes nesses pacientes. O estilo de vida que muitos jovens levam atualmente apresenta fatores como o estresse, sedentarismo e alimentação com alto consumo de gordura, o que predispõe ao aumento da incidência de doenças, como diabetes tipo 2 e hipertensão arterial, que são fatores de risco importantes para a ocorrência de doença cerebrovascular”.
* Estagiária sob a supervisão da subeditora Elizabeth Colares