Jornal Estado de Minas

Coração das mulheres brasileiras é mais vulnerável, diz estudo

Cuidar da casa, problemas financeiros, educar os filhos, ajudar as crianças no dever de casa e trabalhar fora faz com que as brasileiras sejam multitarefas. E, com isso, mais propícias a sofrer com o estresse e a depressão, o que pode acarretar problemas cardíacos. 




 
Gabriela Miana de Mattos Paixão, médica clínica, cardiologista e arritmologista do Hospital Lifecenter, explica como o fato ocorre. “A mulher moderna tem dupla jornada: a do trabalho e de casa. Ela se desdobra entre muitas tarefas, levando uma vida menos saudável, por falta de tempo e motivação. Há um aumento do sedentarismo, do estresse emocional, do tabagismo e da alimentação desequilibrada, rica em colesterol ruim. O estresse emocional é um inimigo do coração. Ocorre liberação de hormônios, como o cortisol, o que pode levar ao aumento na pressão arterial e na glicemia.”

De acordo com o estudo “Saúde Cardiovascular da Mulher Brasileira”, desenvolvido pela Fundación MAPFRE e a Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, o estresse e a depressão são responsáveis pelo aumento de duas a cinco vezes nas chances de infarto e acidente vascular encefálico (AVE).
 
Para Gabriela, as mulheres ficam mais vulnerável durante a menopausa. “Há alterações hormonais, com redução do estrógeno, que modifica a distribuição de gordura no organismo, concentrando-se na região abdominal, o que promove maior arteriosclerose, ou seja, mais gordura nos vasos. Além disso, a prevalência de hipertensão arterial sistêmica e diabetes aumenta com a idade. Isso, em associação a hábitos de vida ruins, como tabagismo, sedentarismo e estresse, predispõe à ocorrência de doenças cardíacas”, explica.




 
A pesquisa ainda revela que 51,6% das mulheres passaram por, pelo menos, uma situação estressante muito importante no último ano, enquanto 37,3% dos homens apontaram algum evento deste tipo.
 
“Cerca de 30% das mortes nas mulheres são decorrentes de doença cardíaca, sendo o infarto agudo do miocárdio o principal responsável, com 22% das mortes cardíacas. Os sintomas da doença coronária na mulher podem ser mais atípicos, levando a atrasos no diagnóstico, com consequente piora do prognóstico”, revela a cardiologista.

Mudança de vida 
 
Edileide da Silva é portadora de cardiomiopatia hipertrófica obstrutiva de ventrículo esquerdo (foto: Arquivo pessoal)
 A aposentada Edileide da Silva, de 59 anos, sofre de diabetes e também desenvolveu cardiomiopatia hipertrófica obstrutiva de ventrículo esquerdo, doença que descobriu em 2006, “depois de passar mal, sofrendo uma descompensação da pressão arterial, em que o coração estava muito inchado”, lembra.




 
Ela revela que o estresse foi uma das principais causas para acarretar a doença. “O meu ritmo de vida acarretou o problema. Tanto o diabetes, quanto o coração reagiram ao estresse do cotidiano que, infelizmente, não estamos livres dele.”

Agora, a aposentada coloca a saúde em primeiro lugar. “Como sou de bem com a vida, aceito e procuro fazer o melhor para viver com mais qualidade”, finaliza. 
Edileide da Silva, com o marido, a filha e a neta, em momento de descontração (foto: Arquivo pessoal)


* Estagiária sob a supervisão da subeditora Elizabeth Colares



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