Durante o outubro rosa, é comum a conscientização para o diagnóstico precoce e o autoexame, mas outro assunto que também deve ser discutido é a preservação da fertilidade. De acordo com o médico Selmo Geber, diretor da clínica Origen, o tema deve ser abordado desde o diagnóstico. “O ideal é que a abordagem seja feita pelo médico que deu o diagnóstico do câncer (no caso, o mastologista) e/ou médico que fará o tratamento (no caso, o oncologista), já que são eles que acompanham a paciente nessa fase e, assim, precisam abordar todas os riscos e efeitos adversos do tratamento, e as alternativas de resolução”, afirma.
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Coração das mulheres brasileiras é mais vulnerável, diz estudoGrupo Elo Feminino ajuda mulheres empreendedoras na saúde e nos negóciosAção on-line discute diagnóstico e tratamentos para o câncer de mamaMedicamentos para fertilidade não aumentam o risco de câncer de mama Aspirina será testada em tratamento de câncer de mama agressivoEntenda como detectar o câncer de mama masculino, doença que acomete o pai da cantora BeyoncéPreservar a capacidade reprodutiva dessas mulheres tornou-se fundamental e os recentes avanços nas técnicas de reprodução assistida permitiram a preservação da fertilidade, tendo no congelamento de oócitos uma das suas possibilidades. “Inicialmente, realiza-se a estimulação ovariana com hormônios para que os folículos cresçam nos ovários. Cada folículo contém um óvulo em seu interior. Quando os folículos atingem o tamanho desejado (aproximadamente 10 dias), realiza-se a punção dos folículos para aspiração dos óvulos, que são congelados, em um processo chamado vitrificação. Os óvulos ficam congelados em nitrogênio líquido a -296 graus. Eles podem ficar congelados por tempo indeterminado, até haver a possibilidade, o desejo e/ou necessidade do descongelamento”, explica Selmo Geber.
Quem passou pelo procedimento foi Mariana Hamaceck, diagnosticada com câncer de mama em 2018. Depois da cirurgia de mastectomia, e iniciar, em junho deste ano, o tratamento de quimioterapia, ela foi alertada sobre o risco da infertilidade pelo médico, que deu 60% de chance de ela engravidar após o tratamento. “Como sonho ser mãe um dia, não quis arriscar e fiz o congelamento de óvulos por prevenção”, revela.
Ginecologista especializado em reprodução assistida, Ricardo Marinho, da clínica Pró-Criar, revela qual o perfil da mulher que pode optar pelo congelameto. “O mais comum é a criopreservação (congelamento) de óvulos maduros, que poderão ser utilizados futuramente para fertilização in vitro. O congelamento de fragmentos de tecido ovariano ainda é considerado experimental, e está indicado para meninas antes da puberdade, que não poderiam fazer a estimulação e a aspiração dos folículos ovarianos ou nos casos em que não há tempo para o procedimento de congelamento de óvulos.”
* Estagiária sob a supervisão da subeditora Elizabeth Colares